Mercados emergentes e os novos desafiantes globais
Mercados emergentes é a denominação dada a países que a partir da década de 80 começaram a ter um rápido crescimento econômico, industrialização e modernização.
Sergio Dias Teixeira Junior* Mercados emergentes é a denominação dada a países que a partir da década de 80 começaram a ter um rápido crescimento econômico, industrialização e modernização.
Esta nova conjuntura é resultante do processo de globalização que acabou atingindo todas as nações do mundo fazendo com que houvesse a necessidade de se repensar o modelo de crescimento econômico adotado até então.
Nesse sentido, países que eram gigantes adormecidos, foram despertados para uma nova realidade econômica que os colocaria em uma situação de competitividade jamais vista em décadas anteriores.
Essa condição, no caso brasileiro, foi demasiadamente dolorosa, pois o país precisou rever as suas deficiências e elaborar estratégias que visassem resolver os seus problemas internos mais latentes.
A abertura mercadológica da década de 90 está diretamente ligada à elaboração de uma nova conduta do país em suas relações comerciais internacionais e afetou alguns setores que estavam na zona de conforto provocada pelo próprio governo.
Um deles é o automobilístico que passou a sofrer uma concorrência acirrada por parte das montadoras estrangeiras através da entrada de veículos importados bem como o estabelecimento de algumas fábricas no país.
O plano de estabilização econômica implantado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso além de atacar de frente o problema da inflação já preparava o país para um novo cenário no qual o mundo estava inserido.
É nesse contexto que alguns países começam a se destacar chamando a atenção do mercado econômico internacional tornando-se alvo de diversos investimentos diretos estrangeiros.
Segundo uma pesquisa feita pelo Fundo Monetário Internacional os países emergentes recebem mais de 20% dos investimentos diretos estrangeiros.
É fato que China, Índia, Brasil e Rússia são exemplos de mercados inseridos nessa nova condição e por possuírem diferenciais de crescimento econômico em relação aos demais , são denominados de emergentes.
Ao se incluir a Turquia, México, Indonésia, Tailândia, Polônia, República Tcheca e Hungria dentre outros, chegar-se-á aproximadamente a 27 países considerados emergentes.
Vários deles estão localizados ao Leste e Sul da Ásia, Oriente Médio, Europa Oriental e América Latina.
São mercados que tem uma ampla comercialização de produtos e serviços, pois possuem uma classe média em expansão com demanda considerável para produtos como eletrônicos e automóveis dentre outros.
Privatizaram suas estatais e liberalizaram as suas economias tornando-as mais atrativas e competitivas.
Somados, concentram 62% da população do planeta com, aproximadamente, 3.775 milhão de habitantes e 43% do PIB mundial.
São alvos de plataformas de manufatura de conglomerados multinacionais dos Estados Unidos, Japão e Europa, pois abrigam uma força de trabalho com baixos salários e de alta qualidade.
México e China se tornaram importantes plataformas na produção de carros e produtos eletrônicos, a Tailândia se tornou referência na manufatura de várias empresas japonesas tais como Sony, Sharp e Mitsubishi.
Também são casos de sucesso em setores econômicos específicos como a Coréia do Sul em eletrônicos, automóveis e semicondutores e Taiwan e Malásia em computadores pessoais.
Atenção especial deve ser dada a China, pois é o maior mercado emergente e expande seus negócios internacionais a um ritmo acelerado.
Seus números são impressionantes e alguns deles dão conta de que 20 por cento da fabricação de alumínio, cobre, soja, aves, sorvetes e máquinas de lavar tem como destino o mercado chinês.
Também consome um terço da produção mundial de carvão, peixe, algodão arroz, cigarros e algodão.
Compra um quarto do aço e metade da carne suína do mundo e possui 20 por cento dos usuários de telefonia celular.
Diversas empresas multinacionais, visando lucrar com a mão-de-obra barata e aproveitando esse crescimento ímpar obtiveram êxito na China.
Coca-Cola, General Motors, McDonalds, Motorola, Volkswagen e Airbus são alguns desses exemplos de sucesso no mercado chinês.
Por outro lado, todo esse crescimento nos mercados emergentes fez com que surgisse uma categoria de empresas denominadas de Novos Desafiantes Globais.
Trata-se de empresas de ponta em países emergentes que se tornaram fortes competidores nos mercados mundiais concorrendo com as tradicionais multinacionais.
Segundo um recente estudo do Boston Consulting Group boa parte dos 100 maiores desafiantes globais encontram-se na China e Índia, porém também estão fixados em outros países.
É o caso da mexicana Cemex, um dos maiores fabricantes de cimento do mundo, a russa Lukoil no setor energético global e a gigante dos eletrodomésticos Arcelik na Turquia.
O Brasil possui a BR Foods, que nasceu da fusão entre Sadia e Perdigão e que se aprovada pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, tornar-se-á, segundo especialistas, na maior exportadora e produtora mundial de carnes processadas.
Outro bom exemplo é a Orascom Telecom, provedor egípcio de telefonia móvel que se tornou um dos principais ofertantes desse serviço na África e no Oriente Médio com mais de 50 milhões de assinantes e faturamento acima de US$ 3 bilhões.
No caso da China, ela é a maior produtora de desafiantes globais dentre as quais se destacam a Shanghai Automotive maior montadora de veículos, a Sinopec grande empresa petrolífera e a Shanghai Baosteel na área siderúrgica.
Ao que tudo indica novos mercados emergentes e desafiantes globais continuarão a surgir e isso, sem dúvida nenhuma, contribuirá para que a economia mundial se torne mais equilibrada e próspera.
* Sergio Dias Teixeira Junior, brasileiro, é especialista em comércio exterior, docente de comércio exterior e logística internacional do UNIFIEO e da UMC - Universidade Mogi das Cruzes, ambas em São Paulo, Brasil e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior -GECEU.
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