terça-feira, 26 de outubro de 2010

Fósseis em âmbar na Índia sugerem nova versão para passado geológico

Depósito desafia suposição de que país era ilha-continente isolada há 50 milhões de anos
Exemplos de insetos depositados na resina. Crédito: Commons Wikimedia
 
Por Estadão 

Abelhas, cupins, aranhas e moscas descobertos recentemente em um depósito de âmbar desafiam a suposição de que a Índia era uma ilha-continente isolada no início do Eoceno, há cerca de 50 milhões de anos. O estudo foi publicado na edição online da revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS).

Artrópodes encontrados no depósito de Cambaia, oeste indiano, não são exclusivos como se poderia esperar de uma ilha, mas têm relações evolucionárias próximas com fósseis de outros continentes. O âmbar é também a mais antiga evidência de uma floresta tropical latifoliada na Ásia.

"Sabemos que a Índia já foi isolada, mas quando e por quanto tempo exatamente ainda é incerto", afirma David Grimaldi, curador da Divisão de Zoologia de Invertebrados do Museu Americano de História Natural. "A evidência biológica no depósito de âmbar mostra que havia alguma conexão biótica [elementos causados por organismos em um ecossistema que condicionam as populações que o formam] entre as espécies", explica.

"A resina, semelhante a uma foto antiga, revela como era a vida na Índia antes da colisão com o continente asiático", diz Jes Rust, professor de Paleontologia de Invertebrados na Universidade de Bonn, na Alemanha. "Os insetos capturados na resina fóssil lançam uma nova luz sobre a história do subcontinente".

O registro de âmbar em árvores latifoliadas (com folhas largas e grandes) é raro até o período geológico Terciário, ou seja, depois que os dinossauros foram extintos. Foi nessa época que as plantas angiospermas (que produzem frutos) superaram as coníferas (gimnospermas) e começaram a dominar as florestas, desenvolvendo o ecossistema que até hoje atravessa a Linha do Equador. Essa nova resina, junto com a da Colômbia - que tem 10 milhões de anos a mais -, indica que as florestas tropicais são mais antigas do que se pensava.

No trabalho, Grimaldi, Rust e seus colegas descrevem o âmbar de Cambaia como a evidência mais antiga de florestas tropicais na Ásia. Tem sido ligado quimicamente à Dipterocarpaceae, uma família de árvores que atualmente representa 80% da cobertura florestal do Sudeste Asiático. Madeira fossilizada dessa família também foi encontrada, tornando esse depósito o registro mais antigo dessas plantas na Índia e mostrando que essa família tem quase o dobro da idade que se acreditava. É mais provável que a espécie tenha se originado quando porções do supercontinente do sul Gonduana (Gondwana) ainda estavam ligadas.

Também foram descritas na pesquisa 100 espécies de artrópodes, que representam 55 famílias e 14 ordens. Algumas dessas espécies são consideradas parentes, como abelhas produtoras de mel e abelhas sem ferrão, cupins e formigas, sugerindo que esses grupos se espalharam durante o Eoceno ou pouco antes dele.

E muitos dos fósseis de Cambaia têm parentes em outros continentes, embora não onde isso seria esperado. Em vez de encontrar laços evolutivos entre África, Madagascar e Índia como parte de Gonduana , os pesquisadores acharam parentes próximos no norte da Europa, Ásia, Austrália e Américas.

"O que descobrimos indica que a Índia não estava completamente isolada, embora o depósito de Cambaia pertença a uma época que antecede a união da Índia à Ásia", diz Michael Engel, professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária e curador de entomologia da Universidade do Kansas, nos EUA. "Pode ter havido algumas ligações", completa.

O clima também pode ter desempenhado um importante papel na fauna encontrada no âmbar. O início do Eoceno foi uma época de grande calor: os trópicos atingiram os pólos. Os pesquisadores prevêem que o clima possa ter tido um efeito sobre a distribuição dos artrópodes. "As relações de diversidade e evolução dos depósitos de Cambaia mostram os efeitos profundos do clima sobre esses grupos", avalia Engel.
 
Agradecimentos a:
Paulo R. Poian.
Consultor da Revista UFO Brasil

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