quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Segunda Guerra Mundial - Ambiente e Origem - Política conciliatória britânica

imagem ilustrativa/arquivo Google
Política conciliatória britânica 
O resultado mostrou o sucesso daquela política de passo-a-passo que era o alicerce da tática hitleriana. "Um hábil conquistador" - tinha Hitler escrito no Mein Kampf - "imporá sempre que possível as suas exigências ao conquistado por meio de fatos consumados. Porque a rendição voluntária mina o caráter de um povo; e com um povo assim pode-se calcular que nenhuma dessas opressões em detalhe fornecerá razões bastantes para que torne a recorrer às armas." Aplicando este princípio, ele o ampliou pelos constantes esforços para dividir e isolar seus adversários, e uma tentativa para desarmá-los depois de cada golpe de violência que era apresentado como a última das ações dessa natureza. A oferta de uma base aparente para a paz futura.

Cedo tornou-se visível que neste caso não havia perigo algum de um recurso à guerra. Embora a Grã-Bretanha protestasse, ela não se uniria à França na consideração da possibilidade de medidas punitivas. A Grã-Bretanha, a França e a Itália se reuniram em Stresa em abril para condenar a ação alemã - condenação ecoada uma semana mais tarde pela Liga das Nações. A Alemanha não teve obstáculos; e os acontecimentos que se seguiram poderiam, sob certos aspectos, sugerir que a Alemanha estava no caminho de ainda outros avanços como resultado de seu provocante recurso à política da força.

Porque, afinal de contas, impunha-se a pergunta: agora que a Alemanha tem armas, de que modo provavelmente vai usá-las? Todos os que acreditavam em que os verdadeiros propósitos de Hitler estavam expressos no Mein Kampf, viram-se obrigados a prever que uma Alemanha rearmada seguiria uma política de agressão baseada na força. Mas à linguagem do livro poder-se-ia contrapor as expressões de devoção à paz tão freqüentes nos discursos de Hitler. A despeito de uma série de ações que poderiam parecer curiosamente em desacordo com essa aspiração, uma parte da opinião britânica mostrou-se fortemente inclinada a aceitar a palavra de Hitler e desenvolver esforços, até agora fúteis, para o encontro de uma base permanente de concórdia.

Em conseqüência, apenas nove dias depois que a Alemanha anunciou o seu rearmamento, Sir John Simon e Mr. Antony Eden visitaram Berlim e conferenciaram com Hitler e seus oficiais. Embora tivesse sido anunciado depois do encontro que "as aspirações dos dois governos são assegurar e reforçar a paz européia promovendo a cooperação internacional", nenhum resultado específico foi conseguido; e a alegada amistosidade das conversações não impediu a Grã-Bretanha de unir-se à censura à Alemanha em Stresa e Genebra. Mas em maio uma nova oportunidade surgiu para explorar ainda mais as perspectivas de conciliação.

Essa oportunidade se apresentou quando do discurso de Hitler perante o Reichstag, a 21 de maio de 1935. Uma vez mais, ele negou quaisquer propósitos agressivos e insistiu em que uma Alemanha forte e satisfeita seria uma contribuição à paz européia. E ainda mais, subordinou a política alemã a treze pontos que pareciam adequados para oferecer uma base real a um acordo construtivo. Reiterando sua exigência por uma real eqüidade, Hitler lhe acrescentou a promessa implícita de voltar à Liga se esta fosse separada do Tratado. Prometeu respeitar para o futuro não somente as cláusulas territoriais de Versalhes, mas todos os tratados voluntariamente firmados; e foi tornado claro que isso envolvia a aceitação da zona desmilitarizada ao longo do Reno. Renovou a oferta de concluir pactos de não-agressão com os vizinhos da Alemanha, e aduziu a isto ofertas de um pacto aéreo suplementar ao de Locarno, aceitação de um esquema justo e prático para a limitação dos armamentos e "um arranjo internacional que evitará de um modo efetivo e tornará impossíveis todas as tentativas de interferência externa nos negócios de outros Estados".

Essas ofertas, encorajadoras ao primeiro relance, mostraram-se notavelmente artificiosas mal foram feitas tentativas para transformá-las em realidade. A idéia de um pacto aéreo jamais passou de uma troca de pontos de vista; e um questionário britânico tendente a obter uma explanação mais precisa das idéias de Hitler encontrou contínua escapatória. Um acordo se seguiu rapidamente, mas este dificilmente podia ser encarado como um obstáculo aos progressos de Hitler ou contribuição à segurança coletiva.

Este foi o acordo naval anglo-germânico. Durante a visita de Sir John Simon, Hitler tinha apresentado suas exigências por uma igualdade com a França no ar, e por uma armada igual a 35% da marinha britânica. Estas exigências foram repetidas em seu discurso de 21 de maio. A Grã-Bretanha não teve esperança alguma de fazer a França concordar com a igualdade aérea alemã, mas ela também teve em vista o fato de ter a Alemanha criado uma força aérea eficiente a despeito de todas as objeções. Ficou convencida de que a Alemanha iria rearmar-se; faltava apenas saber se o rearmamento seria limitado por um acordo definitivo ou livremente realizado sem nenhuma restrição efetiva. A Grã-Bretanha, portanto, decidiu-se a negociar em torno da questão naval; e sua decisão foi reforçada quando recebeu a informação de que em abril, já haviam sido dadas ordens para a construção de doze submarinos alemães, cujas partes tinham sido manufaturadas no inverno anterior. O resultado foi o tratado naval anglo-germânico de 18 de junho de 1935. A Alemanha não só obteve o direito de construir uma força naval igual a 35% da britânica; ela também se reservou o direito de igualdade em submarinos, sob a condição de que, no presente, não fosse além de 45 por cento."Consideramos este acordo" - disse o Primeiro Lord do Almirantado ao público britânico - "essencialmente como uma contribuição à paz mundial... Temos de lidar com o problema essencialmente prático de que a Alemanha já está construindo uma frota que está fora dos limites assentados no Tratado de Versalhes; o que fizemos foi, por acordo com a Alemanha, circunscrever os efeitos que pudessem decorrer dessa decisão unilateral". Nem todos ficaram satisfeitos com esta explicação. O povo britânico, recordando-se dos estragos produzidos pelos submarinos durante a guerra de 1914, sentiu-se chocado por ver essa arma devolvida à Alemanha. A França, por sua vez, achou-se ultrajada pela aceitação dessa nova violação de tratado pela Alemanha, aceitação registrada sem consulta à França e em menos de dois meses depois da adesão da Grã-Bretanha à condenação da Alemanha em Stresa. Estas reações, e o fato da Grã-Bretanha ter-se resolvido a arrostá-las, foram uma demonstração do desejo de encontrar uma base ajustada e estável para as relações com a Alemanha, mesmo ao preço das mais graves concessões.
 


fonte: http://www.2guerra.com.br

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