Segunda Guerra Mundial - Ambiente e Origem - A Alemanha se rearma
A Alemanha se rearma
imagem ilustrativa/arquivoGoogle |
A despeito da gravidade da situação, o governo britânico preferiu manter-se otimista. Recusou-se a admitir que a brecha fosse permanente ou que os métodos de conciliação fossem daí por diante igualmente ineficazes. "A Alemanha não é objeto de imposições" - disse Sir John Simon. "Ela é parte numa discussão... Saudamos as garantias de Herr Hitler de que o único desejo da Alemanha é a paz e de que ela não tem intenções agressivas". A Grã-Bretanha, portanto, assumiu o papel de mediadora, numa tentativa de afastar as dificuldades, particularmente as existentes entre a França e a Alemanha. "A questão política central" - como disse Sir John Simon - "é como conciliar a exigência alemã de igualdade com o desejo de segurança da França." Para esse fim a Grã-Bretanha encorajou ativamente negociações diretas entre os dois Estados, baseadas na aceitação de uma medida limitada e controlada de rearmamento a favor da Alemanha.
Nada resultou desses esforços. A França estava determinada a encarar o rearmamento alemão como um perigo. A Alemanha por sua vez acompanhava suas ofertas com condições que pareciam anular limitações efetivas. Em tais circunstâncias, a França ficou mais determinada que nunca a tornar sua segurança absolutamente certa antes que se visse diante de uma Alemanha rearmada e agressiva; e em 1934 o primeiro ministro francês, Barthou, efetuou ativos esforços com essa finalidade.
O resultado foi o projeto de um Locarno oriental. A crescente preocupação da Rússia com o crescimento da Alemanha Nazista fê-la cada vez mais desejosa de tomar parte nos esforços em favor do estabelecimento de segurança coletiva. A profissão de fé hitleriana de pacíficas intenções deu uma oportunidade para a apresentação do novo projeto como uma prova de sua sinceridade. A França pode ter se mostrado céptica sobre o resultado, mas a Grã-Bretanha estava ansiosa por não deixar de tentar todos os esforços. Enquanto ela própria não estava disposta a aceitar novas incumbências, deu sua benévola aprovação à idéia de um pacto de mútuas garantias entre a Alemanha e suas vizinhas orientais, inclusive a Rússia, e a um complementar tratado de garantias entre a Rússia e a França, tratado a que a Alemanha teria uma oportunidade de se associar e o qual seria um elo com Locarno e o Covenant. Mas toda a esperança numa realização compreensiva desses planos desfez-se a 10 de setembro de 1934, quando uma nota alemã estabeleceu tantas condições para a discussão da proposta, que elas praticamente tiveram o significado de uma rejeição imediata.
Entrementes, multiplicaram-se os sinais da intenção alemã de levar a sua política agressiva ao limite máximo que permitisse o seu estado de relativa fraqueza. O fato de que, a despeito das limitações impostas pelos tratados, ela já começara a rearmar-se, foi revelado pelo orçamento alemão de março de 1934. Ao mesmo tempo, um discurso de Hitler acentuando os tópicos provocadores da mudança de fronteiras e da unidade racial fez crescer o alarme tanto na França como nos pequenos Estados fronteiriços à Alemanha. Não tardou muito que fatos concretos viessem aumentar essa sensação de perigo. A campanha alemã no Sarre, onde se realizou um plebiscito em janeiro de 1935, foi caracterizada pelas táticas nazistas de fanfarronice e ameaça; e, embora a votação que devolveu aquela área à Alemanha tivesse significado a solução pacífica do que poderia ter sido um problema perigoso, ela não foi, talvez, senão um infeliz encorajamento dos métodos e aspirações nazistas. A pressão nazista sobre Dantzig tornou-se fator seriamente inquietante. A agitação nazista em torno do Memel avolumou-se quase até o perigo de um ataque à Lituânia. Mais sérias que todas, as provocações nazistas na Áustria conduziram em julho de 1934 ao assassínio do chanceler Dollfuss e à perspectiva de uma invasão alemã. Não constituiu surpresa o fato de que durante esse ano os pequenos Estados começaram a esquecer suas diferenças e a reunir-se com o fim de proteger-se mutuamente. A formação de um pacto balcânico em fevereiro e de um pacto báltico em setembro e - mais notável ainda - a corrida tardia dessas pequenas nações para o reconhecimento da União Soviética, mostraram como sentiram o vento que estava soprando.
O governo britânico, contudo, continuava a esperar o melhor, e o retorno do Sarre à Alemanha parecia apresentar uma oportunidade para novos esforços. Hitler, ao tempo de sua retirada da Liga, tinha asseverado que o Sarre representava a única exigência territorial alemã à França. "Quando o território do Sarre tiver sido restituído à Alemanha, somente um louco poderá considerar a possibilidade de uma guerra entre os dois Estados." Sendo Hitler sincero, não parecia haver razões para que um acordo não fosse conseguido.
De conformidade com isto, e como resultado de uma reunião em Londres, a França e a Grã-Bretanha apresentaram uma série de propostas a 3 de fevereiro de 1935. Elas propuseram "uma geral convenção livremente negociada entre a Alemanha e as outras potências", a qual envolvia a remoção das restrições em torno do rearmamento alemão, em troca da volta da Alemanha à Liga das Nações e o abandono de sua parte de todas as intenções agressivas por meio da participação numa série de tratados de não-agressão e de assistência mútua.
A formal resposta alemã foi, como de costume, plausível e especiosa. Expressando um desejo sincero de "promover a salvaguarda da paz", ela se mostrou a favor de pactos bilaterais, como preferíveis a um tratado geral. Mas a verdadeira resposta alemã foi dada na forma de uma ação que mostrou a diferença entre as palavras e as ações. A 10 de março, o general Goering anunciou que a Alemanha já tinha, em violação ao tratado, criado uma força aérea militar. E a 16 de março, enquanto Sir John Simon esperava ir dentro de poucos dias a Berlim para discutir as recentes propostas, um decreto alemão anunciou a restauração do alistamento obrigatório e a criação de um exército de cerca de 550.000 homens.
fonte: http://www.2guerra.com.br
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