domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Oriente Próximo e os Bálcãs

ilustração/Arq.Google
O fim da guerra finlandesa removeu, temporariamente, qualquer imediata perspectiva de criação de uma frente norte contra a Alemanha. Era esta uma perspectiva que tinha sido abertamente discutida por certo número de comentadores, tanto na Inglaterra como na França, os quais achavam que a existência da linha Siegfried tornava necessário o encontro de outro ponto mais promissor por onde a Alemanha pudesse ser atacada. Mas uma frente norte não era a única possibilidade; e enquanto alguns olhos estavam voltados para a Escandinávia e a Finlândia, outros perscrutavam, especulantes, os Bálcãs e o Oriente Próximo.

Essa especulação foi alimentada pela revelação de que mui consideráveis preparativos militares aliados estavam a caminho na extremidade oriental do Mediterrâneo. O desembarque em Suez, a 12 de fevereiro, de um contingente de tropas australianas e neozelandesas, estimado em 30.000 homens, chamou a atenção sobre as forças muito consideráveis que estavam sendo concentradas naquela região. Tropas britânicas no Egito e na Palestina e tropas francesas na Síria, calculava-se com justeza, tinham atingido um total de bem acima de meio milhão de homens. A Turquia tinha cerca de 350.000 homens em armas; e na segunda parte de março a realização de uma conferência em Aleppo entre os Estados-Maiores aliados e turco sugeriram que essas forças estavam se preparando para agir de acordo quando a ocasião se apresentasse.

Isto descortinou várias possibilidades. Um dos pontos em torno dos quais as discussões freqüentemente se concentravam era o de um ataque aos campos petrolíferos russos de Baku. Se a Rússia tencionava prover a Alemanha de considerável quantidade do óleo de que ela tão desesperadamente necessitava, era de Baku que esse óleo tinha que vir. Lá se encontravam os mais antigos e produtivos campos da Rússia, fornecendo vinte e três milhões de toneladas, ou três quartas partes da produção total da Rússia. Sua tomada seria um golpe severo na economia soviética, bem como em quaisquer esperanças alemães de obter substanciais fontes de petróleo.

Um ataque aos próprios poços de Baku teria que ser conduzido através do difícil terreno montanhoso do Cáucaso meridional. Séria falta de comunicações agravaria essa dificuldade; é que, embora fosse informado que a Turquia tinha completado uma nova linha ferroviária para Erzerum, parte dessa linha não passava ainda de bitola estreita, e o próprio sistema ferroviário turco tinha sofrido considerável dano em resultado do tremor de terra da Anatólia setentrional, em princípios do ano. Se, contudo, o principal objetivo era cortar os suprimentos para a Alemanha, algo poderia ser feito pela tomada de Baku. Esse porto, terminal, no mar Negro, do oleoduto de Baku, ficava a apenas 32 km. da fronteira turca, e seria vulnerável a um ataque ou bloqueio pelo mar. Um incentivo para tal ação foi fornecido pela notícia, em fevereiro, de que navios-tanque russos estavam começando a transportar petróleo de Batum para o porto romeno de Constança, onde este ficaria armazenado para depois ser reembarcado para a Alemanha. Afirmou-se mesmo que os aliados, na conferência de Aleppo, tinham aplanado o caminho para a obtenção do consentimento da Turquia de passagem de vasos de guerra aliados através dos Dardanelos para o mar Negro - informe este que, entretanto, os aliados logo desmentiram.

Por outro lado, foi sugerida a possibilidade da Rússia mesma desferir um ataque, não tanto à Turquia, como à Pérsia ou ao Iraque. A finalidade seria os campos de petróleo de Mosul ou as comunicações aliadas com a Índia, através do golfo Pérsico. Certo esforço foi feito para o encontro de um significado agressivo nas misteriosas manobras navais russas no mar Negro, manobras que tiveram lugar na última fase de fevereiro. Mas, conquanto um certo nervosismo fosse informado como existente entre as nações do Oriente Médio, nenhuma prova tangível surgiu de que a Rússia estivesse alimentando quaisquer desígnios agressivos naquela direção.

Uma terceira possibilidade de ação existia sobre os Bálcãs. Se um ou mais Estados balcânicos se resolvessem afinal a entrar para o campo dos aliados, ficaria aberta a possibilidade da criação de uma frente oriental contra a Alemanha. Se um desses Estados fosse atacado pela Alemanha ou pela Rússia, semelhante perspectiva se apresentaria. E em vista da intensa luta diplomática que vinha sendo travada nessa região era bastante possível que algo semelhante pudesse verificar-se.

Ao mesmo tempo, era improvável que a Alemanha atacasse nos Bálcãs até que todas as outras formas de pressão estivessem esgotadas. O que a Alemanha queria no momento era não tanto a posse das terras daquela região como a garantia de que os produtos dessas terras lhe ficariam à plena disposição. Uma invasão militar também mui provavelmente interviria na produção, frustrando, pelo menos temporariamente, o propósito que se destinaria a servir. Enquanto os países balcânicos continuassem a comerciar com ela, a Alemanha teria todo o interesse em apoiar-lhes a neutralidade, tentando, simultaneamente, por todos os meios de pacífica pressão colocar suas economias a serviço do Reich.
 
 
 

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