sexta-feira, 4 de junho de 2010

Imagens mágicas - anamorfoses

Ilusionismo e matemática sempre andaram de mãos dadas com a Arte. Da Proporção Áurea ao Photoshop, temos inúmeros exemplos na história onde a ciência ajudou artistas a “enganarem“ os olhos e o cérebro, criando obras-primas intrigantes. A Anamorfose (do grego na+morphé, “sem forma”) é uma dessas criações, baseada puramente na manipulação da perspectiva visual - da mesma maneira como enxergamos normalmente as pinturas de sinalização de trânsito distorcidas ao nível do chão.
O conceito é simples: uma imagem distorcida que, pela observação de um ponto focal específico ou através de um objeto refletor, aparece reconstituída aos nossos olhos. Os primeiros experimentos desta técnica datam do século XV (iniciados por Leonardo Da Vinci) e foram utilizados em diversos quadros, murais e afrescos cujas pinturas se confundiam com a arquitetura das paredes. “Os Embaixadores“, de Holbein, onde uma caveira se revela quando observada sob um determinado ângulo, é o exemplo mais conhecido de Anamorfose deste período.
Mas a técnica com espelhos, cujos primeiros registros aparecem na China Antiga e difundida no século XVII, é certamente a mais intrigante. A partir daí, a Anamorfose deixou o caráter artístico para cair no gosto popular, sendo difundida para transmitir mensagens políticas, caricaturas e imagens eróticas para aqueles que conhecessem o “segredo” do espelho.
O processo só foi resgatado do esquecimento por artistas visuais no decorrer do século passado, novamente sendo reconhecido como uma ferramenta artística de grande potencial. Um dos destaques contemporâneos são os trabalhos do húngaro István Orosz, composições ricas em detalhes interligando tanto a imagem anamórfica quanto o reflexo resultante.
Apesar de suas características exóticas, a Anamorfose tem grande presença na cultura popular e em nosso dia-a-dia. Além dos já mencionados sinais de trânsito no asfalto, temos exemplos de cartazes, capas de álbuns, filmes, propagandas e até mesmo marcas de cerveja que utilizam este recurso. A chalk art de Kurt Wenner e Julian Beever traz a arte anamórfica literalmente para as ruas com seus desenhos tridimensionais. E no Brasil, quem já passou pela estação República do metrô de São Paulo pôde contemplar de perto o "Monumento Antropofágico com Oswald de Andrade" de Antonio Peticov, um genuíno exemplo de Anamorfose utilizando espelhos e perspectiva. A ilusão da arte, afinal, não está tão distante do concreto e prosaico mundo real.
©Laura Pinheiro
 
anamosphosis

Fonte: http://obviousmag.org/

1 Comentário:

Allysson disse...

Legal!
muito bom o post!

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