Repercussões do ataque de Israel à “Frota da Liberdade”
03 Junho 2010
Soldados israelenses atacaram a denominada “Frota da Liberdade”. A frota consiste em seis barcos, três deles turcos, que transportavam mais de 750 pessoas, levando ajuda humanitária para Gaza. O ataque causou, pelo menos, dezesseis mortes e dezenas de feridos.
"A imagem que vai se formando dos fatos é que existem catorze mortos e não dois, como se fala na Turquia”, revelou o correspondente de assuntos militares do canal, Chico Menashé.
O Canal 2 indica, por sua vez, que o número de mortos é entre dezesseis e vinte mortos. Porém, a informação exata é desconhecida porque está sob “censura militar”.
Segundo esse canal, o ministro israelense de Defesa, Ehud Barak, convocou para esta manhã uma reunião em Tel Aviv com todos seus assessores, “frente aos imprevistos resultantes do assalto em que se esperava transcorrer sem vítimas mortais”.
Os meios de comunicação turcos mostraram imagens captadas do barco turco Mavi Marmara. Através dessas imagens é possível ver os soldados israelenses abrindo fogo.
Em contato telefônico direto com os navios, membros do comboio humanitário, formado em sua maioria por ativistas turcos, informaram que os comandos israelenses abordaram os barcos turcos com helicópteros e abriram fogo para reprimir os tripulantes, mesmo quando estes mostraram as bandeiras brancas.
Segundo os meios de comunicação turcos, o ataque ocorreu em águas internacionais às 4:00 horas (1:00 GMT).
Dura resposta
As autoridades turcas tentaram contatar o barco Mavi Marmara, porém não obtiveram sucesso.
Centenas de pessoas vem tentando entrar no consulado israelense de Istambul.
Os canais de televisão turcos mostraram imagens diretamente do local do ataque até as 5:00 horas, porém a conexão foi cortada.
O Ministério de Assuntos Exteriores turco buscou contatar Israel várias vezes, desde a partida da frota da Turquia, com o intuito de solicitar aos israelenses que não interferissem em seu objetivo da missão de paz.
Agora, espera-se que a diplomacia turca dê uma resposta incisiva e se abra um novo capítulo nas críticas relações entre Turquia e Israel. Cabe lembrar que essas relações tonaram-se ainda mais tensas a partir do ataque israelense à faixa de Gaza, entre os anos de 2008 e 2009.
Em Istambul, centenas de pessoas se concentraram na frente do consulado de Israel na tentativa de entrar. No entanro, foram impedidas pela polícia.
Uma torre de Babel com ajuda humanitária
O barco Mavi Marmara, atacado pelos israelenses, é um velho barco de passageiros. Há 20 anos realizava o trajeto entre as ilhas do sul do mar de Mármara e Istambul para a empresa pública de transportes IDO. Possui cinco andares, é muito espaçoso e com capacidade para centenas de pessoas.
O comboio de ajuda internacional é composto por seis barcos, três deles turcos. Além disso, transporta 10.000 toneladas de ajuda humanitária – incluindo materiais de construção, equipamentos médicos e produtos de necessidade básica –, com o objetivo de romper o bloqueio sofrido pela Faixa de Gaza.
Entre os 750 participantes da iniciativa, há voluntários de diferentes religiões e nacionalidades. Entre os voluntários, figuram mais de vinte parlamentares europeus, um ex-congressista norte-americano, um prêmio Nober da Paz e um sobrevivente do Holocausto, que viajam em diferentes barcos.
Três espanhóis à bordo
Na frota, estão ao menos três espanhóis: uma colaboradora catalana, Laura Arau, o madrilenho, Manuel Tapial e o jornalista da TeleSur, David Segarra.
Os ativistas Manuel Tapial e Laura Arau, da ONG Cultura, Paz e Solidariedade Haydeé-Santa María, viajavam no barco Mavi Marmara, tendo sido convidados pela associação turca IHH, responsável por boa parte da organização da Frota da Liberdade.
No último acesso de Tapial a seu blog, Crônicas de Gaza, pouco antes do ataque de Israel, afirmou que os barcos do Exército israelense estavam pressionando a Frota da Liberdade. “Encontramo-nos a 105 milhas da costa (de Gaza), onde cinco barcos do Exército vão nos cercando. Um deles se encontra relativamento perto do cargueiro com bandeira turca Dafne”, explica.
“Aos cinco barcos, somam-se, ao menos, dois helicópteros de comandos e vários zodiacs. Alerta! Parece que inspecionarão barco a barco!”, acrescenta.
Pouco antes de sua partida, ele falou, em Istambul, com os integrantes espahóis da expedição. Os mesmos se mostraram pessimistas sobre os resultados dessa viagem, pois sabiam que Israel trataria de bloquear o acesso à Gaza. Só não esperavam que o bloqueio fosse efetivado de forma tão violenta.
A rádio pública israelense anunciou nesta segunda-feira, pela manhã, que a censura militar proibiu a difusão de toda informação sobre os mortos e feridos enviados aos hospitais de Israel, em decorrência do assalto à frota integrada por auxílio humanitário para a Faixa de Gaza.
Segundo a televisão privada israelense, a Cadeia 10, dez passageiros da frota morreram em enfrentametos com o comando israelense durante o assalto.
Por outro lado, o porta-voz de uma organização humanitária turca envolvida na campanha, indossou que, ao menos, duas pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas quando os comandos israelenses abordaram um barco turco que constituía parte dessa frota.
A rádio pública acrescentou que dispunha de informações sobre o envio de feridos a um hospital israelense, porém sem dar maiores detalhes.
As autoridades isarelenses ordenaram que vários hospitais se preparassem para receber feridos.
A UE pede uma investigação sobre o ataque israelense
A União Europeia (UE) pediu uma investigação sobre as mortes à bordo dos barcos da ONG que acudiam Gaza com ajuda humanitária.
A ministra de Exteriores da UE, Catherine Ashton, "expressa seu profundo pesar pelas notícias de perdas de vida e violência, e estende seus pêsames às famílias dos mortos e feridos”, leu seu porta-voz.
"Em nome da UE, reclama uma investigação completa sobre as circunstâncias do sucedido e exige a imediata, contínua e incondicional abertura de fronteiras para o envio de ajuda humanitária, comercial e de pessoas para Gaza”.
"Em nome da UE, reclama uma investigação completa sobre as circunstâncias do sucedido e exige a imediata, contínua e incondicional abertura de fronteiras para o envio de ajuda humanitária, comercial e de pessoas para Gaza”.
Palestina condena a ação
A Autoridade Nacional Palestina solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU por conta da ação israelense, segundo o negociador palestino Saëb Erakat. O presidente palestino, Mahmud Abás, decretou três dias de luto nos territórios palestinos.
Num comunicado emitido na cidade cisjordana de Ramala, através da agência oficial palestina Wafa, Abás não anunciou uma interrupção do diálogo indireto de paz que mantém com Israel.
http://www.elperiodico.com/default.asp?idpublicacio_PK=46&idioma=CAS&idtipusrecurs_PK=7&idnoticia_PK=718189
Outras reações
Outras reações
"Me sinto estarrecida pelas notícias que indicam que uma missão de ajuda humanitária foi recebida de forma tão violenta nesta madrugada e que o ataque causou mortos e feridos. Entretanto, a frota se aproximava da costa”, declarou o Alto Comissário da ONU para os direitos humanos Navi Pillayen, numa intervenção hoje, em Genebra, durante a abertura da 14ª sessão do Conselho de DDHH. “A atual situação é dramática, sobretudo para a população da Faixa de Gaza, que precisa de todo o necessário para poder viver uma vida decentes”, concluiu Pillay.
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