quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O cinema poético de Andrei Tarkovsky

O Cinema de Andrei Tarkovsky é complexo. Andrei Tarkovsky era complexo. Afirmou que “por meio do Cinema era necessário apontar os problemas mais complexos do mundo”. E ele, de fato, situou os problemas do mundo em seus trabalhos. Era um existencialista, queria conhecer a fundo a consciência do Homem. Assistir a um filme de Tarkovsky é como dialogar com a filosofia. Intimista, detalhista, racional. Entretanto, este excesso de racionalismo é, por vezes, compensado por uma dose de fantasia, o que deixa seus filmes ainda mais intrigantes.
Nascido em 1932, filho do poeta russo Arseni Tarkovsky, estudou música e pintura quando jovem, evidenciando que herdara a veia artística do pai. Formou-se em Geologia, mas abandonou a profissão por amor ao Cinema. Começou sua carreira com o renomado “Andrey Rublev” (1966), sobre a vida do pintor russo de ícones religiosos. Considerado por muitos críticos sua obra-prima, o filme trata sobre fé e espiritualidade. Logo após veio Solaris (1972), uma profunda análise existencial que mistura ficção científica e filosofia. Em 1974 lançou “O espelho”, quase um diário de memórias do diretor, com uma narrativa amparada nas poesias do próprio pai, o que confere um ar romântico ao enredo. É neste filme que Tarkovsky atiça todos os sentidos com uma originalidade surpreendente para a época. Em 1979 lançou “Stalker”, também com traços autobiográficos, e venceu o “Prêmio da Crítica do Festival de Cannes”, em 1980. “Stalker” trata, com maestria, as relações entre os indivíduos.

A sede pelo autoconhecimento levou o cineasta a produzir uma obra que pode ser considerada uma das mais pessoais de todo o Cinema, uma obra quase que inteiramente autobiográfica, a qual buscava conceitos absolutos como a Verdade, o Amor, a Liberdade, a Consciência.
Por ser inspirador foi chamado de “Dostoievski do Cinema”. E pelo mesmo motivo foi alvo de uma extrema censura, sendo profissionalmente muito prejudicado na URSS, o que o levou a abandonar seu país. Porém, seus trabalhos continuaram com a mesma temática e em 1983 lançou “Nostalgia”, com o qual regressa à infância em uma verdadeira odisséia de lembranças. Seu último filme foi "O Sacrifício", de 1986, permeando temas como determinação e esperança, levando quatro prêmios em Cannes. À época, o cineasta já estava combatendo um cancêr de pulmão que o levou à morte naquele mesmo ano.
O cineasta exige de seu público certa introspecção, por serem seus temas sempre enigmáticos e apoiados em correntes filosóficas. Certamente que não agrada a muitos que buscam na arte apenas um entretenimento leve, como tantos outros filmes que são assistidos e esquecidos na manhã seguinte. Mas o Cinema de Tarkovsky não pode ser esquecido. Seus filmes são poesias em película.
Durante seus anos de trabalho com as câmeras escreveu o livro “Esculpir o Tempo”, um conjunto de reflexões sobre o Cinema. Um verdadeiro elogio à sétima arte, no qual compara o trabalho do diretor ao de um escultor que, "guiado pela visão interior de sua futura obra, elimina tudo o que não faz parte dela".
O Cinema europeu sempre rendeu excelentes estórias. O Cinema de Tarkovsky rendeu excelentes percepções. E muitos se renderam à sensibilidade com a qual ele enxergava a complexidade do mundo.
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Fonte das imagens: 1.

Fonte: http://obviousmag.org/

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