segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ouro Preto comemora 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade

Cidade foi a primeira no Brasil a receber o título da Unesco.   Segundo prefeito, o patrimônio simbólico imaterial também é singularíssimo.

Humberto Trajano ,Do G1 MG

Igreja de São Francisco de Assis (Foto: Humberto Trajano\G1 MG)

Ouro Preto, na região central de Minas, comemora, neste domingo, 5 de setembro, 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade. O título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris, em 1980.

De acordo com o prefeito da cidade, Ângelo Oswaldo, “a decisão de apresentar a candidatura de Ouro Preto foi de Aloísio Magalhães, na época secretário de Cultura do Ministério da Educação e Cultura. ”A cidade histórica foi a primeira no Brasil a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Hoje são 18 títulos no país, entre eles: Olinda (PE), o centro histórico de Salvador e Brasília", diz.


Segundo Oswaldo, Brasília é o “primeiro bem do séc. XX inscrito na lista do patrimônio", com os autores vivos Lúcio Costa e Oscar Niemayer. Em Minas Gerais, três cidades possuem o título da Unesco: Ouro Preto; Congonhas – com o Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinho; e Diamantina.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ressalta a importância do ciclo do ouro no século XVIII para o florescimento da civilização brasileira. O instituto explica ainda que a singularidade do patrimônio arquitetônico e artístico e o elevado estado de conservação fizeram com que Ouro Preto fosse acolhida sem ressalvas pela Unesco.

Para o escritor e diretor do Museu da Inconfidência Rui Mourão, “Ouro Preto chegou a patrimônio por causa da mineração no século XVIII. A mineração atraiu para Minas quase toda a população do país. As cidades históricas brasileiras não têm a monumentalidade de Ouro Preto. A riqueza do ouro é que produziu tudo aqui.” O diretor ainda defende uma divisão para a história brasileira, segundo ele: o século XVII foi nordestino – por causa da cana de açúcar –, o século XVIII foi mineiro, o século XIX foi carioca e o século XX foi paulista.

Os bandeirantes que vieram de São Paulo contribuíram muito com a construção de Ouro Preto, assim como os portugueses e os negros, explica Mourão. O escritor ressalta a contribuição dos negros. Ele conta que Ouro Preto surgiu por acaso. As pessoas chegavam à região por causa da mineração e se estabeleciam. Dois arraiais se destacaram: o de Nossa Senhora do Pilar e o de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias.
De acordo com Rui Mourão, não havia comunicação entre os aglomerados. Posteriormente, a famosa Rua Direita interligou a região. Segundo a prefeitura, Ouro Preto nasceu a partir do arraial do Padre Faria – fundado pelo bandeirante Antônio Dias de Oliveira, pelo Padre João de Faria Fialho e pelo Coronel Tomás Lopes de Camargo e um irmão dele, por volta de 1698. Em 1711, com a junção de vários arraiais, estabeleceu-se a cidade de Vila Rica. Quando a capitania de Minas Gerais foi criada, Vila Rica foi escolhida a capital, em 1720.

A história do Brasil está latente em Ouro Preto, tanto que a cidade também foi a primeira a receber o título de Monumento Nacional. O prefeito Ângelo Oswaldo conta que, em 1933, o então presidente Getúlio Vargas declarou, por meio de decreto, Ouro Preto como Patrimônio Nacional. O tombamento pelo Iphan veio em 1938. Rui Mourão acredita que o tombamento e o título conferido por Getúlio foram fundamentais para a preservação de Ouro Preto. “Se não fosse ele, a cidade teria se descaracterizado”, diz Mourão. Ele classifica Ouro Preto como “o maior patrimônio e mais bem conservado e cuidado que existe no Brasil.” Já o título concedido pela Unesco, Mourão avalia como uma consagração, uma confirmação da Importância de Ouro Preto. "O título de Patrimônio Universal da Humanidade ajudou a consolidar prestígio internacional da cidade", destacou o escritor.
Apesar do tombamento e das construções históricas, a cidade não parou no tempo. O diretor do Museu da Inconfidência acredita que “Ouro Preto não é uma cidade do interior, mas uma cidade metropolitana. A mentalidade aqui não é provinciana de maneira nenhuma”. Ele credita essa característica aos estrangeiros que visitam a cidade e transmitem coisas boas à população.

As pessoas que passaram e que vivem em Ouro Preto também são importantes na consolidação do Patrimônio Universal da Humanidade. Ângelo Oswaldo destaca dois nomes: Aleijadinho e Tiradentes.

O primeiro, Antonio Francisco Lisboa, nasceu e morreu em Ouro Preto (1738-1814). Segundo o prefeito, Aleijadinho é o patrono da arte do Brasil. Foi o primeiro artista brasileiro a exprimir um estilo próprio, “a primeira expressão brasileira de arte”. Já o alferes Joaquim José da Silva Xavier articulou em Ouro Preto nos anos de 1787, 88 e 89 a conspiração conhecida como Inconfidência Mineira – primeiro movimento significativo pela independência do Brasil. O prefeito explica que os dois grandes símbolos do Brasil – o patrono das artes e o patrono cívico da nação brasileira - são referências da história de Ouro Preto. “Isso faz com que a cidade também tenha, além do patrimônio material, o patrimônio simbólico imaterial singularíssimo”, concluiu Oswaldo.

Várias pessoas ilustres fizeram história em Ouro Preto. Nomes importantes passaram pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), uma das mais tradicionais do país: o ex-presidente Getúlio Vargas, o aviador Alberto Santos Dumont, o cantor e compositor João Bosco, o pai da siderurgia Amaro Lanari, o político e historiador João Pandiá Calógeras, Eliezer Batista, ex-presidente da Cia. Vale do Rio Doce, Joaquim Candido da Costa Sena, que foi presidente da província de Minas Gerais, entre muitos outros.

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