terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os anos da crise - do Empire State Building a Pablo Picasso

Depois do crash de 1929, a arquitetura e as artes em geral tiveram um grande impulso no mundo ocidental. O Empire State Building, o Pavilhão Suiço e a Casa Modernista de São Paulo são exemplos da vontade de recuperação, mas não são os únicos. No cinema, na literatura e na pintura, também muitos foram os artistas de talento que se destacaram na década de 30. 

Chrysler Building

As crises são cíclicas no nosso sistema económico - diz quem sabe do assunto e eu acredito - mas não trazem só instabilidade e desequilíbrio aos países que afetam. São também um motivo de renovação e, por vezes, de inspiração para o mundo artístico. "Nunca desperdice uma boa crise" disse Hillary Clinton em 2009, aquando do abalo financeiro que atingiu a maioria dos países ocidentais. Apesar das interpretações de oportunismo que esta frase pode acarretar, não é uma ideia sem pés nem cabeça. Afinal de contas, depois do crash da bolsa de Wall Street em 1929 foram feitas obras artísticas e arquitectónicas que se tornaram um marco.
Por um lado, nos Estados Unidos, as políticas keynesianas de incentivo às obras públicas tornaram possível que vários edifícios emblemáticos fossem construidos. Inaugurados com apenas 11 meses de diferença, o Chrysler e o Empire State Building, dois representantes da Art Decó, tornaram-se os edifícios mais altos de Nova Iorque e do mundo.
O primeiro foi idealizado por William Van Alen para a marca automobilística Chrysler. Apesar de o projeto ter começado antes da crise de 1929, o abalo financeiro não travou nem atrasou a sua construção, que durou cerca de dois anos (1928-1930). Já o Empire State Building, inaugurado no ano seguinte, em 1931, viria a roubar-lhe o título de "edifício mais alto do mundo", e manteve-o durante 40 anos. Com 102 andares, o Empire State Building foi criado pelo arquiteto Gregory Johnson para albergar escritórios de empresas e significou uma mudança de rumo em relação à crise de 1929.

Waterfall House

Contudo, não foram apenas os EUA a fazer um esforço de recuperação no início dos anos 30. O Pavilhão Suiço do arquiteto Le Corbusier premiou os estudantes da cidade de Paris com um edifício que prima pela funcionalidade. Inaugurado em 1933, a construção alberga áreas comuns e quartos para os alunos. No Brasil, o conceito de funcionalidade dos arquitetos modernos também teve a sua influência: prova disso são a Casa Modernista, o Edifício Altino Arantes e o Edifício Martinelli, em São Paulo, e o Edifício Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
Nesta década muitos foram os artistas europeus que rumaram ao Estados Unidos, essa Terra Prometida, para aí desenvolverem a sua carreira. Por exemplo, Charles Chaplin obteve sucesso com Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936). Com humor e crítica, Chaplin soube ironizar as ansiedades da Grande Depressão mostrando, sem palavras, aquilo que os americanos sentiam.

 City Lights
Modern Times

Por outro lado, a corrente artística do realismo social conheceu nesta década o seu apogeu em solo americano. Expressando as dificuldades desta década, centra-se em imagens que mostram a pobreza, o esforço e as injustiças sociais e raciais, transmitindo um protesto através de cenas satíricas do heroismo da "classe operária". Thomas Hart Benton foi um destes artistas, destacando-se pelos seus murais em Nova Iorque. Já a fotógrafa Dorothea Lange percorreu o país com a sua camâra fotográfica, guardando a memória de momentos de desespero. "Migrant Mother" (1936) tornou-se um ícone da Grande Depressão, representado os que mais sofreram durante este período: as mulheres e as crianças.

Indiana Mural. Thomas Hart Benton
Migrant Mother. Dorothea Lange, 1936.

Do lado europeu, as tensões entre comunismo e fascismo adensaram-se, fazendo com que muitos artistas expressassem as suas ansiedades em telas ou em papel. No auge da Guerra Civil Espanhola, Pablo Picasso pintava a sua obra-prima Guernica, tela de protesto que representa o bombardeio na pequena cidade.
Nas letras, autores como Aldous Huxley, John Steinbeck e Ernest Emingway eram imortalizados pela crítica rispída à sociedade em que viviam. Em Admirável Mundo Novo, os valores religiosos e da família não existem e todos as dramas existenciais dos cidadãos são resolvidos por uma droga calmante sem efeitos colaterais, a soma. Vinhas da Ira relata a história de uma família pobre durante a Grande Depressão que se vê obrigada a abandonar as terras que ocupava há décadas.
Exemplos, entre outros, de como a arte pode ajudar também a compreender e a lidar com os momentos difíceis.

Le Pavillon Suisse

Fontes das imagens: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.



fonte: http://obviousmag.org/

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