A cobertura com radares no espaço aéreo brasileiro
Compreenda como funciona o gerenciamento de tráfego aéreo
Cobertura radar no Brasil. Crédito: Comando da Aeronautica/DECEA |
Em um aeroporto, o controle de tráfego aéreo é realizado pela torre de controle. A partir dela são monitorados desde pousos e decolagens até a circulação no solo de veículos e pessoas nas áreas de manobras e movimentação, num raio de alcance de 10 km.
Os controladores de tráfego aéreo são os profissionais que fornecem indicações e autorizações de vôo, a partir de dados obtidos por radares e dos equipamentos de auxílio à navegação, dos dados meteorológicos e do tratamento dessas informações.
As indicações podem estar relacionadas à rota, altitude ou velocidade propostas pelo operador da aeronave, dentre outros itens. A torre de controle reúne os profissionais e equipamentos responsáveis pela zona de tráfego do aeródromo, que é o espaço que inclui e circunda um aeroporto.
Nesse órgão, o trabalho está dividido em posições operacionais, tais como controle de solo, autorização de plano de vôo e torre. Para o controle das aeronaves que estão decolando ou pousando em uma área de raio equivalente a 100 Km, incluindo várias torres, o monitoramento é feito pelos Centros de Controle de Aproximação.
Já os Centros de Controle de Área são responsáveis por regiões maiores, que formam poligonais, dividindo o país em cinco grandes áreas. Essas regiões de controle têm tamanhos e características diversas, e a troca de informações entre os órgãos de controle para transferir as aeronaves entre cada uma dessas regiões é fundamental para o funcionamento do sistema.
Centrais de controle - Existem no Brasil quatro grandes centros de controle ou Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta), que interagem para vigiar e controlar a circulação aérea geral. Em 1973, foi criado em Brasília o Cindacta I para gerenciar os vôos na capital federal, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
Com o crescimento do tráfego aéreo, foram implantados posteriormente o Cindacta 2 (Curitiba), Cindacta 3 (Recife) e Cindacta 4 (Manaus). Toda essa divisão do espaço aéreo e as respectivas atribuições de responsabilidade são feitas e divulgadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB).
A legislação brasileira, bem como os procedimentos adotados, usam como referência as normas e recomendações da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). "O Brasil faz parte do grupo 01 da OACI desde a sua fundação, em 1944, o que significa que o país participa ativamente da proposição de novas regras para a aviação mundial", explicou o major-brigadeiro-do-ar Ramon Borges Cardoso, vice-diretor do Decea.
De forma geral, o controle do tráfego aéreo depende de um conjunto de sistemas interligados. O sistema de auxílios à navegação aérea e pouso é constituído de vários equipamentos instalados ao longo das rotas e nos aeroportos. Já o sistema de meteorologia é constituído por receptores de imagem de satélite, sensores receptores de temperatura, pressão e umidade do ar atmosférico superior e de superfície.
O sistema de processamento de dados, por sua vez, é uma operação estendida dos radares e gera informações que são processadas e transformadas da forma digital para a forma alfanumérica, a fim de que possam ser apresentadas ao Centro de Controle de Tráfego Aéreo e de Defesa Aérea. Os computadores realizam, entre outras tarefas, o processamento dos planos de vôo, tratamento de radar, tratamento de defesa aérea e visualização de radar.
O sistema de telecomunicações do controle de espaço aéreo é composto por equipamentos de comunicação via rádio, satélite, fibras óticas, equipamentos de telefonia, roteadores, redes de computadores e canais de comunicação alugados de concessionárias de telecomunicações.
Segundo a FAB, essa rede está estruturada para ser "redundante" e diminuir a possibilidade de problemas ou falhas. "A comunicação é o elemento fundamental para um controle aéreo eficiente", disse o major brigadeiro Ramon, "seja ela por dados ou por voz, como no VHF".
A rede de comunicação divide-se em comunicações móveis para interligar controladores e pilotos, e fixas entre controladores, mas abrangendo também órgãos de outros países, para troca de informações operacionais. O Serviço Móvel Aeronáutico (SMA) possui aproximadamente 4.400 estações de comunicação-rádio distribuídas pelo território nacional, que operam em diferentes faixas de freqüência.
Já o Serviço Fixo Aeronáutico (SFA) é realizado por meio de redes de comunicação por telefonia e possui ramais telefônicos que permitem comunicações operacionais imediatas, em alguns casos. As redes internacionais que integram o sistema fazem parte da Rede de Telecomunicações Fixas Aeronáuticas (AFTN) e é fundamental para a troca de mensagens operacionais sobre condições meteorológicas, condições de operação de aeródromos, ou coordenação de tráfego entre centros de controle.
Gestão do espaço aéreo - O controle do espaço aéreo do país é um sistema integrado gerido pela Aeronáutica. Segundo informações da FAB, na década de 70, quando foram implantados os primeiros radares, o país não dispunha de recursos para montar dois sistemas de aviação, um civil e outro militar.
Optou-se na ocasião por um sistema integrado de informações e diferenciado de funções, ou seja, apesar de haver uma parte civil, a estrutura é toda militar e os controladores civis devem respeitar as normas estabelecidas pelo comando da aeronáutica, sem direito a greves, por exemplo. No entanto, em virtude da crise aérea brasileira discute-se a possibilidade de essa função ser dividida entre o comando da aeronáutica e um órgão civil.
Para o major brigadeiro Ramon, dividir o controle aéreo entre órgãos militares e civis é mais dispendioso e opõe-se a um movimento internacional de tornar todo o controle militar. Apesar deste ponto de vista, a questão divide opiniões na medida em que, no final de 2006, em virtude da crise aérea brasileira, foi entregue ao presidente Lula uma proposta de desmilitarização do controle aéreo.
A proposta de mudança desse setor no país ainda inclui a reformulação das carreiras e remunerações relacionadas ao controle do espaço aéreo, além da revisão das normas que tratam das destinações das tarifas aeronáuticas e aeroportuárias pagas pelas empresas e passageiros...
Agradecimentos a:
Paulo R. Poian.
Consultor da Revista UFO Brasil
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