As aquisições da Alemanha
Nestas operações, intensamente criticadas, foi engajada apenas uma pequena parte das forças adversárias de cada lado. Não se considerava, aliás, a Noruega como um alvo que justificasse o risco de maiores perdas. Hitler podia arriscar navios de guerra, que lhe eram de pequena utilidade em qualquer parte, mas o Almirantado se recusou a enfrentar quaisquer aventuras sérias com a armada britânica. A expedição aliada à Noruega meridional, constante de 12.000 homens, formava menos que uma simples divisão; e embora os alemães tivessem mandado oito ou dez divisões, esta continuava sendo uma pequena porção das duzentas divisões que, ao que se calculava, o Reich tinha em armas. Importante como era a posse da Noruega, sob numerosos aspectos, nenhum dos lados estava desejoso, contudo, de jogar alto a ponto de enfraquecer seriamente a sua posição no caso de um movimento do inimigo nos Bálcãs, no Mediterrâneo ou nos Países Baixos.
Havia contudo definitivas conseqüências econômicas e estratégicas que representavam um ganho real para a Alemanha e perda nítida para os aliados. O espólio imediato obtido pelos nazistas era em si substancial. Metade das reservas de ouro dos bancos centrais de Oslo e Copenhague, somando cerca de 75.000.000 de dólares, juntamente com quantidade ignorada de valores estrangeiros, caiu em mãos alemães. No porto livre de Copenhague, os armazéns foram completamente atulhados de artigos importados, desde os gêneros alimentícios até peças de motor. Somente na Dinamarca foram encontradas de 300.000 a 500.000 toneladas de óleo e petróleo. Estes eram manás que a economia estritamente racionada do Reich tinha todas as razões para bem receber.
Os recursos naturais da Noruega e Dinamarca eram de maior importância ainda. A Dinamarca era rico país agricultor e produtor de laticínios, no qual um terço da população vivia exclusivamente do cultivo da terra. Uma nação como a Alemanha, que ficou sem manteiga afim de fabricar canhões, podia bem receber a aquisição do maior exportador de manteiga do mundo, e também um dos maiores produtores de toucinho. Tanto a Dinamarca como a Noruega eram grandes exportadoras de peixe, e os produtos florestais e minerais da Noruega eram importantes para propósitos bélicos. Um aspecto complementar dessas aquisições era o de que elas privavam os aliados, particularmente a Grã-Bretanha, de suprimentos que até então recebiam. A Grã-Bretanha absorvia metade das exportações dinamarquesas e mais que uma quarta parte das da Noruega. Ela estava agora sem o seu maior fornecedor de manteiga, toucinho e ovos. Com a conquista da Noruega, ela perdia o grosso de seu abastecimento normal de madeira e mais de noventa por cento de sua polpa de madeira - materiais importantes na manufatura de aviões e na provisão de celulose para explosivos, como também ao fabrico de papel para jornais. Da Noruega também vinham ligas de ferro e produtos de acetileno, importantes para o preparo de aço e construções navais. Tais produtos, agora à disposição da Alemanha, teriam de ser substituídos pelos aliados por abastecimentos de fontes menos adequadas.
Havia, é verdade, outras considerações que até certo ponto perturbavam esse equilíbrio. Para começar, a Dinamarca tinha uma balança comercial favorável com a Inglaterra, enquanto da Alemanha comprava mais do que lhe vendia. Isto significava que a Dinamarca obtinha fundos da Grã-Bretanha e os empregava na Alemanha, obtendo assim uma certa soma de câmbio estrangeiro que não mais estaria à disposição do Reich. Também, embora a nova conquista pudesse facilitar a situação alimentar no Reich, essa vantagem poderia, a certos respeitos, ser temporária. Nenhum país bastava a si mesmo em matéria de gêneros alimentícios. A Noruega em particular, com apenas três por cento de suas terras aráveis, dependia de importações de cereais; e a Dinamarca era uma produtora especializada para o mercado mundial e dependia a muitos aspectos de abastecimentos de fora. Isto era particularmente verdadeiro no caso dos adubos e forragens, ambos os quais provinham de além-mar; e estes, particularmente as forragens concentradas como a torta oleosa, eram justamente os de que a Alemanha carecia. Isto queria dizer que, embora a Dinamarca fosse uma abastecedora por curto prazo de gêneros alimentícios, surgia a possibilidade de que a carência de forragens conduziria no inverno a uma considerável matança de gado; e, entrementes, o problema de abastecer a Noruega de gêneros alimentícios devia ser resolvido pela Alemanha. Mas essas eram dificuldades que podiam ser facilmente exageradas. A Alemanha tinha mostrado, no caso de outras conquistas suas, que podia lidar com essa espécie de situação, reduzindo o padrão de vida dos povos que mantivesse submissos; e a imediata instituição de um racionamento rígido na Dinamarca mostrou a determinação de conservar essa nova conquista por métodos semelhantes.
Um fator importante, contudo, escapava-lhe em grande parte ao controle. Esse era a navegação dinamarquesa. Era um fator particularmente importante no caso da Noruega, cuja navegação de quatro e meio milhões de toneladas era a quarta frota mercante do mundo em tamanho, ligeiramente superior à frota alemã. Considerável parte dessa frota, incluindo cerca de cinqüenta por cento dos 272 navios-tanques noruegueses, já estava fretada pelo governo britânico. Somente pequena porção dessa frota estava em portos noruegueses quando se verificou a invasão, e aos navios em alto mar foi ordenado pelo rádio arribassem a portos neutros ou aliados. Por meio de disposições subseqüentes, um comitê norueguês com sede em Londres tomou sob controle unificado essa frota agindo em colaboração com o controle naval anglo-francês estabelecido logo no começo da guerra. A navegação dinamarquesa, entretanto, era um problema mais complicado. O governo norueguês podia agir com os aliados; mas o governo dinamarquês estava sob proteção alemã e não podia adotar uma atitude hostil ao Reich. Isto significava que a navegação dinamarquesa, do ponto de vista aliado, era tecnicamente de um caráter inimigo. Ao mesmo tempo, os aliados não tinham desejo algum de tratar a Dinamarca como uma potência hostil, e tinham todas as razões para adquirir e não destruir os navios dinamarqueses. Ao invés de os apreender ou afundar, os aliados se ofereceram para arrendá-los, sob a condição de serem transferidos para a bandeira britânica ou francesa e de que a renda correspondente não passasse para a Alemanha. Essas condições, entretanto, mostraram-se de difícil aceitação, e durante abril e maio a maior parte dos 700 navios pertencentes à Dinamarca, dois terços dos quais em portos neutros ou aliados, permaneceram imóveis. Um comitê dinamarquês de navegação, organizado pelo ministro da Dinamarca nos Estados Unidos, negociava com os aliados; e a 23 de maio foi firmado um acordo permitindo aos navios deixarem os portos neutros com qualquer destino, a exceção da Alemanha e países sob seu controle. Mas isto acabou por ser apenas uma concessão temporária, e o destino final dos navios que continuavam a ostentar o pavilhão dinamarquês parecia ser provavelmente sua apreensão pelos aliados.
Sob o aspecto estratégico, a conquista da Noruega meridional, em particular, significava uma vantagem bem definida para a Alemanha. Os portos noruegueses se prestavam admiravelmente à atividade submarina. As bases aéreas norueguesas diminuíam para a metade a antiga distância pelo ar à Inglaterra setentrional, especialmente à base naval de Scapa Flow. A Alemanha estava, pelo menos potencialmente, numa posição muito mais favorável para martelar as principais rotas marítimas britânicas, incluindo as rotas norte e oeste das Ilhas Britânicas, e para obrigar as forças navais de bloqueio que antes patrulhavam a área entre a Escócia e a Noruega a estender suas atividades por um raio muito maior. A importância da nova situação foi demonstrada a 17 de abril com o informe de que a Grã-Bretanha estava colocando minas ao longo de sua costa ocidental, principalmente para proteger o estuário do Clyde. A ameaça ainda era mais potencial do que imediata, pois que o êxito dos submarinos contra a navegação mercante continuava em declínio, e parecia que as bases aéreas norueguesas ainda não estavam sendo utilizadas para reides de longa distância. Mas a Alemanha, apesar de tudo, estendeu grandemente o alcance de seu poder ofensivo contra o flanco oriental britânico.
Do ponto de vista negativo, havia também vantagens reais para a Alemanha. Mesmo que não tivesse usado essas novas posições como bases para ação agressiva, a ocupação removera o receio de que pudessem ser tomadas e utilizadas contra ela pelo inimigo. O controle da Dinamarca e da Noruega era uma proteção para a frente setentrional da Alemanha, cuja importância ficou grandemente aumentada. porque significava também o controle sobre o Báltico. E tinha a outra e positiva vantagem de quase automaticamente significar o controle da Suécia.
A invasão da Noruega alarmara naturalmente a Suécia, receosa pela própria segurança. E, por mais irônico que pareça, foi o veto russo ao proposto pacto escandinavo de defesa que livrou a Suécia da obrigação de entrar na guerra em favor da Noruega. Mas havia sempre a perspectiva de que, se as forças alemães fossem mal sucedidas, os nazistas exigissem passagem através da Suécia para homens e abastecimentos. A Suécia rejeitara de antemão qualquer idéia dessa natureza e alegara firmemente a intenção de defender sua neutralidade contra qualquer violação. Apoiou esta alegação com ataques a aviões que lhe sobrevoaram o território e com protestos enérgicos junto ao Reich contra tais atos. Uma troca de cartas entre o rei Gustavo e Hitler parece ter levado a Alemanha a dar garantias; mas o fato decisivo foi o êxito da consolidação do controle alemão na Noruega. Isto significava, com efeito, que a Suécia caíra irremediavelmente na órbita alemã, tanto política, como economicamente; e o começo de negociações comerciais com a Alemanha em fins de abril indicava o fato da Suécia ter percebido que, com a Alemanha controlando a entrada do Báltico, o acesso sueco ao mundo exterior era dependente da boa vontade alemã.
Significava também que os recursos da Suécia estavam mais completamente do que nunca à disposição da Alemanha, e especialmente que a Alemanha tinha agora garantido um fornecimento contínuo de minério de ferro sueco. Isto era de importância capital, pois que das importações alemães de minério de ferro no total de 24.000.000 de toneladas em 1938 quase 11.000.000 de toneladas provinham da Suécia, e a sua alta qualidade tornava-a indispensável à indústria alemã de armamentos. Normalmente, o grosso dessa importação seguia o caminho de Narvik, e esse porto no momento não mais era utilizável. Mas as importações alemães por essa rota vinham mostrando forte declínio desde o início do ano; e com a abertura da rota do Báltico acreditava-se que Lulea e outros portos suecos, embora mais limitados em capacidade que o de Narvik, podiam encarregar-se do grosso das exportações necessárias. Por outro lado, os aliados estavam agora grandemente privados do acesso ao minério sueco. A Grã-Bretanha, em fevereiro, recebera, em realidade, mais minério de Narvik que o recebido pela Alemanha. Os dois milhões de toneladas de minério que ela normalmente importava da Noruega e Suécia representavam apenas uma terça parte de suas importações, mas sua alta qualidade tornavam-no de grande importância, e a indústria britânica de aço estava provavelmente destinada a enfrentar certa dificuldade antes de poder conseguir uma fonte substituta de abastecimentos.
Havia contudo definitivas conseqüências econômicas e estratégicas que representavam um ganho real para a Alemanha e perda nítida para os aliados. O espólio imediato obtido pelos nazistas era em si substancial. Metade das reservas de ouro dos bancos centrais de Oslo e Copenhague, somando cerca de 75.000.000 de dólares, juntamente com quantidade ignorada de valores estrangeiros, caiu em mãos alemães. No porto livre de Copenhague, os armazéns foram completamente atulhados de artigos importados, desde os gêneros alimentícios até peças de motor. Somente na Dinamarca foram encontradas de 300.000 a 500.000 toneladas de óleo e petróleo. Estes eram manás que a economia estritamente racionada do Reich tinha todas as razões para bem receber.
Os recursos naturais da Noruega e Dinamarca eram de maior importância ainda. A Dinamarca era rico país agricultor e produtor de laticínios, no qual um terço da população vivia exclusivamente do cultivo da terra. Uma nação como a Alemanha, que ficou sem manteiga afim de fabricar canhões, podia bem receber a aquisição do maior exportador de manteiga do mundo, e também um dos maiores produtores de toucinho. Tanto a Dinamarca como a Noruega eram grandes exportadoras de peixe, e os produtos florestais e minerais da Noruega eram importantes para propósitos bélicos. Um aspecto complementar dessas aquisições era o de que elas privavam os aliados, particularmente a Grã-Bretanha, de suprimentos que até então recebiam. A Grã-Bretanha absorvia metade das exportações dinamarquesas e mais que uma quarta parte das da Noruega. Ela estava agora sem o seu maior fornecedor de manteiga, toucinho e ovos. Com a conquista da Noruega, ela perdia o grosso de seu abastecimento normal de madeira e mais de noventa por cento de sua polpa de madeira - materiais importantes na manufatura de aviões e na provisão de celulose para explosivos, como também ao fabrico de papel para jornais. Da Noruega também vinham ligas de ferro e produtos de acetileno, importantes para o preparo de aço e construções navais. Tais produtos, agora à disposição da Alemanha, teriam de ser substituídos pelos aliados por abastecimentos de fontes menos adequadas.
Havia, é verdade, outras considerações que até certo ponto perturbavam esse equilíbrio. Para começar, a Dinamarca tinha uma balança comercial favorável com a Inglaterra, enquanto da Alemanha comprava mais do que lhe vendia. Isto significava que a Dinamarca obtinha fundos da Grã-Bretanha e os empregava na Alemanha, obtendo assim uma certa soma de câmbio estrangeiro que não mais estaria à disposição do Reich. Também, embora a nova conquista pudesse facilitar a situação alimentar no Reich, essa vantagem poderia, a certos respeitos, ser temporária. Nenhum país bastava a si mesmo em matéria de gêneros alimentícios. A Noruega em particular, com apenas três por cento de suas terras aráveis, dependia de importações de cereais; e a Dinamarca era uma produtora especializada para o mercado mundial e dependia a muitos aspectos de abastecimentos de fora. Isto era particularmente verdadeiro no caso dos adubos e forragens, ambos os quais provinham de além-mar; e estes, particularmente as forragens concentradas como a torta oleosa, eram justamente os de que a Alemanha carecia. Isto queria dizer que, embora a Dinamarca fosse uma abastecedora por curto prazo de gêneros alimentícios, surgia a possibilidade de que a carência de forragens conduziria no inverno a uma considerável matança de gado; e, entrementes, o problema de abastecer a Noruega de gêneros alimentícios devia ser resolvido pela Alemanha. Mas essas eram dificuldades que podiam ser facilmente exageradas. A Alemanha tinha mostrado, no caso de outras conquistas suas, que podia lidar com essa espécie de situação, reduzindo o padrão de vida dos povos que mantivesse submissos; e a imediata instituição de um racionamento rígido na Dinamarca mostrou a determinação de conservar essa nova conquista por métodos semelhantes.
Um fator importante, contudo, escapava-lhe em grande parte ao controle. Esse era a navegação dinamarquesa. Era um fator particularmente importante no caso da Noruega, cuja navegação de quatro e meio milhões de toneladas era a quarta frota mercante do mundo em tamanho, ligeiramente superior à frota alemã. Considerável parte dessa frota, incluindo cerca de cinqüenta por cento dos 272 navios-tanques noruegueses, já estava fretada pelo governo britânico. Somente pequena porção dessa frota estava em portos noruegueses quando se verificou a invasão, e aos navios em alto mar foi ordenado pelo rádio arribassem a portos neutros ou aliados. Por meio de disposições subseqüentes, um comitê norueguês com sede em Londres tomou sob controle unificado essa frota agindo em colaboração com o controle naval anglo-francês estabelecido logo no começo da guerra. A navegação dinamarquesa, entretanto, era um problema mais complicado. O governo norueguês podia agir com os aliados; mas o governo dinamarquês estava sob proteção alemã e não podia adotar uma atitude hostil ao Reich. Isto significava que a navegação dinamarquesa, do ponto de vista aliado, era tecnicamente de um caráter inimigo. Ao mesmo tempo, os aliados não tinham desejo algum de tratar a Dinamarca como uma potência hostil, e tinham todas as razões para adquirir e não destruir os navios dinamarqueses. Ao invés de os apreender ou afundar, os aliados se ofereceram para arrendá-los, sob a condição de serem transferidos para a bandeira britânica ou francesa e de que a renda correspondente não passasse para a Alemanha. Essas condições, entretanto, mostraram-se de difícil aceitação, e durante abril e maio a maior parte dos 700 navios pertencentes à Dinamarca, dois terços dos quais em portos neutros ou aliados, permaneceram imóveis. Um comitê dinamarquês de navegação, organizado pelo ministro da Dinamarca nos Estados Unidos, negociava com os aliados; e a 23 de maio foi firmado um acordo permitindo aos navios deixarem os portos neutros com qualquer destino, a exceção da Alemanha e países sob seu controle. Mas isto acabou por ser apenas uma concessão temporária, e o destino final dos navios que continuavam a ostentar o pavilhão dinamarquês parecia ser provavelmente sua apreensão pelos aliados.
Sob o aspecto estratégico, a conquista da Noruega meridional, em particular, significava uma vantagem bem definida para a Alemanha. Os portos noruegueses se prestavam admiravelmente à atividade submarina. As bases aéreas norueguesas diminuíam para a metade a antiga distância pelo ar à Inglaterra setentrional, especialmente à base naval de Scapa Flow. A Alemanha estava, pelo menos potencialmente, numa posição muito mais favorável para martelar as principais rotas marítimas britânicas, incluindo as rotas norte e oeste das Ilhas Britânicas, e para obrigar as forças navais de bloqueio que antes patrulhavam a área entre a Escócia e a Noruega a estender suas atividades por um raio muito maior. A importância da nova situação foi demonstrada a 17 de abril com o informe de que a Grã-Bretanha estava colocando minas ao longo de sua costa ocidental, principalmente para proteger o estuário do Clyde. A ameaça ainda era mais potencial do que imediata, pois que o êxito dos submarinos contra a navegação mercante continuava em declínio, e parecia que as bases aéreas norueguesas ainda não estavam sendo utilizadas para reides de longa distância. Mas a Alemanha, apesar de tudo, estendeu grandemente o alcance de seu poder ofensivo contra o flanco oriental britânico.
Do ponto de vista negativo, havia também vantagens reais para a Alemanha. Mesmo que não tivesse usado essas novas posições como bases para ação agressiva, a ocupação removera o receio de que pudessem ser tomadas e utilizadas contra ela pelo inimigo. O controle da Dinamarca e da Noruega era uma proteção para a frente setentrional da Alemanha, cuja importância ficou grandemente aumentada. porque significava também o controle sobre o Báltico. E tinha a outra e positiva vantagem de quase automaticamente significar o controle da Suécia.
A invasão da Noruega alarmara naturalmente a Suécia, receosa pela própria segurança. E, por mais irônico que pareça, foi o veto russo ao proposto pacto escandinavo de defesa que livrou a Suécia da obrigação de entrar na guerra em favor da Noruega. Mas havia sempre a perspectiva de que, se as forças alemães fossem mal sucedidas, os nazistas exigissem passagem através da Suécia para homens e abastecimentos. A Suécia rejeitara de antemão qualquer idéia dessa natureza e alegara firmemente a intenção de defender sua neutralidade contra qualquer violação. Apoiou esta alegação com ataques a aviões que lhe sobrevoaram o território e com protestos enérgicos junto ao Reich contra tais atos. Uma troca de cartas entre o rei Gustavo e Hitler parece ter levado a Alemanha a dar garantias; mas o fato decisivo foi o êxito da consolidação do controle alemão na Noruega. Isto significava, com efeito, que a Suécia caíra irremediavelmente na órbita alemã, tanto política, como economicamente; e o começo de negociações comerciais com a Alemanha em fins de abril indicava o fato da Suécia ter percebido que, com a Alemanha controlando a entrada do Báltico, o acesso sueco ao mundo exterior era dependente da boa vontade alemã.
Significava também que os recursos da Suécia estavam mais completamente do que nunca à disposição da Alemanha, e especialmente que a Alemanha tinha agora garantido um fornecimento contínuo de minério de ferro sueco. Isto era de importância capital, pois que das importações alemães de minério de ferro no total de 24.000.000 de toneladas em 1938 quase 11.000.000 de toneladas provinham da Suécia, e a sua alta qualidade tornava-a indispensável à indústria alemã de armamentos. Normalmente, o grosso dessa importação seguia o caminho de Narvik, e esse porto no momento não mais era utilizável. Mas as importações alemães por essa rota vinham mostrando forte declínio desde o início do ano; e com a abertura da rota do Báltico acreditava-se que Lulea e outros portos suecos, embora mais limitados em capacidade que o de Narvik, podiam encarregar-se do grosso das exportações necessárias. Por outro lado, os aliados estavam agora grandemente privados do acesso ao minério sueco. A Grã-Bretanha, em fevereiro, recebera, em realidade, mais minério de Narvik que o recebido pela Alemanha. Os dois milhões de toneladas de minério que ela normalmente importava da Noruega e Suécia representavam apenas uma terça parte de suas importações, mas sua alta qualidade tornavam-no de grande importância, e a indústria britânica de aço estava provavelmente destinada a enfrentar certa dificuldade antes de poder conseguir uma fonte substituta de abastecimentos.
fonte: http://www.2guerra.com.br
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