Crítica do filme "O Vencedor"
Um excelente concorrente ao Oscar
O boxe já deu grandes filmes no cinema, como O Ídolo do Público (1942), de Raoul Walsh, Punhos de Campeão (1948), de Robert Wise, Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese, Menina de Ouro (2004), de Clint Eastwood, e A Luta Pela Esperança (2005), de Ron Howard. Agora temos mais um filme para essa lista: o indicado ao Oscar de Melhor Filme O Vencedor (The Fighter, EUA, 2010), baseado em uma história real. Dicky Eklund (Christian Bale) foi um lutador de boxe mediano, cuja maior façanha foi ter lutado de igual para igual com o lendário Sugar Ray Leonard, que foi até derrubado. Porém, ele cede à tentação do crack e deixa de ser um atleta para tornar-se um viciado. Mesmo assim, incentiva e treina o seu meio-irmão Micky (Mark Wahlberg), que também tenta uma carreira naquele esporte, dirigida pela mãe de ambos, Alice (Melissa Leo). Porém, certa ocasião, de olho no cachê da luta, Dicky e Alice aceitam que o rapaz enfrente um lutador bem mais forte, e leve uma surra. Micky desanima com o acontecido, mas encontra o apoio da nova namorada, Charlene (Amy Adams), para reciclar sua carreira. Aceita ser treinado de forma mais profissional por uma nova equipe, sob a condição deles de que a mãe e o irmão viciado, que vai preso por se envolver em roubo, não participem. A empreitada dá certo. A carreira de Micky dá uma guinada, e ele começa a ganhar suas lutas. Na sua grande chance, ele tem de enfrentar um mexicano invicto, que está de olho no título mundial. Para ter alguma chance com o lutador mais jovem, todavia, ele terá de usar uma estratégia incomum, aprendida com o irmão mais velho.
O Vencedor, cujo título pode indicar erradamente que é um filme como tantos outros do gênero, tem, na verdade, dois protagonistas. Na primeira parte do filme, o principal é Dicky, que, aos poucos, vai transferindo o peso na trama para Micky. O irmão mais velho é um personagem muito interessante, cujo carisma arrasta em torno de si o povo da cidade, os criminosos da prisão, a mãe e as muitas irmãs, que o idolatram. Mas ele é daquelas pessoas que em tudo que toca, dá errado. Aliás, a doentia família em foco aqui é examinada psicologicamente com maestria, de forma meticulosa e isenta pelo diretor David O. Russell, um cineasta bissexto que fez apenas cinco filmes na carreira, todos eles bons ou ótimos.
O ponto forte deste seu novo filme é a necessidade que mostra de entender os seus personagens principais, todos bem humanizados, sem nada de rasteiro. É uma produção diferente de tantos filmes do gênero, que apenas focalizam atletas que superam suas limitações e acabam por vencer, como a saga Rocky, um Lutador. O Vencedor consegue ir muito além disso. Foi indicado com justiça ao Oscar de Melhor Filme, Diretor, Ator Coadjuvante (Christian Bale), Atriz Coadjuvante (Amy Adams e Melissa Leo), dentre outros. A atuação fantástica do elenco justifica essas indicações, sendo que Wahlberg também merecia uma indicação. Não deve ganhar o Oscar principal, que deve ir para O Discurso do Rei ou A Rede Social, mas é um filme do nível de qualquer um deles. E, mesmo não tendo visto todos os filmes indicados, não creio que haverá outro ator que mereça a estatueta de coadjuvante mais do que Christian Bale.
Cotação: ***** (excelente)
jornalvarginhahoje
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