quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Economia de guerra

ilustração/Arq.Google
"As Finanças", disse Sir John Simon ao apresentar o orçamento de guerra da Grã-Bretanha, "são a quarta arma de defesa, não menos importante que as outras três, e se as finanças falharem, o pilar que sustenta todos os nossos esforços de guerra, ruirá". Mas as finanças nesta guerra significam algo muito mais que o simples equilíbrio entre as despesas e as receitas do governo. Com todos os beligerantes, mesmo durante o período mais calmo da guerra, gastando somas equivalentes a menos de metade de suas rendas nacionais, as fontes de empréstimos e impostos tinham que ser consideradas; e isto significava, em última análise, um cuidado extraordinário com as próprias fontes de renda nacional.

Um resultado foi a completa mudança de atitude quanto à questão dos gastos individuais. Em tempo de paz era natural que os cidadãos fossem encorajados a comprar quanta coisa lhes fosse possível. Quanto mais eles comprassem, maior seria o encorajamento dos esforços de produção; e esse caminho, sentia-se, conduzia à prosperidade nacional. Mas em tempo de guerra, todas as energias produtivas da nação eram necessárias à condução da guerra. Quanto mais o cidadão médio exigia para si próprio, menos ficaria para os propósitos de guerra. Por outro lado, quanto mais suas exigências fossem reduzidas ao estritamente essencial, tanto maiores seriam os recursos à disposição do Estado.

Um dos modos de restringir s consumo individual era o racionamento. Isto foi introduzido na Alemanha para certo número de artigos de primeira necessidade a 27 de agosto, e depois regulamentado em setembro. Os aliados foram mais vagarosos para adotar restrições obrigatórias. Mas a 8 de janeiro a Inglaterra introduziu cartões de racionamento para a manteiga, açúcar, toucinho e presunto, e a carne foi acrescida à lista em março. Sir John Simon explicou essas medidas como destinadas deliberadamente a reduzir o consumo dos gêneros; e as medidas tomadas em fevereiro para o controle do algodão e da lã foram dirigidas para idêntico fim. As restrições francesas, introduzidas a 1o de março, tomaram a forma não de cartões de racionamento, mas da proibição de certos alimentos em determinados dias - nenhuma carne na segunda-feira, por exemplo, e nada de farináceos na terça-feira. O álcool ficou proibido por três dias da semana, mas o vinho foi deixado à vontade dos consumidores gauleses.

Um segundo método consistia na elevação dos preços - ou, alternativamente, na redução dos salários. Todos os governos beligerantes reconheceram as dificuldades com que esbarrava esta última medida; mas todos se empenharam em evitar qualquer séria elevação de salários, enquanto deixavam que os preços tomassem um rumo ascendente. No caso de certos gêneros de primeira necessidade ainda não racionados, percebeu-se que estes tinham que ser limitados; e em fevereiro o governo britânico apresentou um plano de subsídio alimentar ao custo de 58.000.000 de libras por ano para ser aplicado ao trigo e ao leite, da mesma forma que aos gêneros racionados como carne e toucinho, cujos preços se elevavam acima do desejável. Mas a elevação de preços de muitos artigos foi deixada à vontade; e nos países beligerantes - como também, na verdade, nas nações neutras da Europa - o custo da vida subiu durante esse período entre vinte e trinta por cento.

A par desses acontecimentos manifestava-se um esforço, não somente para aumentar a produção da agricultura e indústria nacionais, como também - e particularmente no caso da Grã-Bretanha - para dar um estímulo especial às indústrias de exportação. As compras britânicas no exterior - sempre grandes, aumentaram substancialmente como resultado das exigências bélicas. As importações de 105.000.000 libras em janeiro ultrapassavam mais que duas vezes e meia as exportações, e excederam as importações de janeiro de 1939 em perto de 30.000.000 de libras. As importações de fevereiro baixaram a menos de 96.000.000 libras, mas as exportações também baixaram até 40.000.000 de libras. Isto envolvia não somente um problema de balança comercial, mas também um de câmbio estrangeiro. Algum alívio poderia ser esperado de planos como o da expansão da agricultura doméstica para dois milhões de acres; e o problema do câmbio poderia tornar-se menos agudo por meio de compras dentro do Império, onde as aquisições extensivas de produtos como lã, cobre e madeira já tinham sido resolvidas. Mas era aparente que sério esforço ainda tinha que ser feito para equilibrar a balança.

Nos círculos comerciais da Grã-Bretanha ergueu-se em conseqüência a exigência pela criação de um Ministério da Economia, cuja tarefa seria a coordenação e direção de todas as atividades econômicas da nação - a tarefa mesma que estava sendo cumprida pelo Conselho Econômico de Goering na Alemanha. Essa proposta foi rejeitada por Mr. Chamberlain, que receava que "esse ministro de altos poderes poderia fazer mais mal do que bem" e o qual pensava no "que é que o primeiro ministro iria fazer depois que esse cavalheiro desse ordens a todos os departamentos." Mas a 1o de fevereiro ele anunciou a criação de um Conselho de Exportação, chefiada por Sir Andrew Rae Duncan, cuja tarefa seria encorajar o comércio exportador da Grã-Bretanha e diminuir a diferença entre exportações e importações pelo incremento das exportações em cerca de cinqüenta por cento.
 
 

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