quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Governo de guerra na França

ilustração/Arq.google
Também na França, o início da guerra conduziu a uma reorganização do governo. Daladier procurou ampliar as bases de seu ministério com a inclusão de dois líderes socialistas, mas estes não obtiveram a permissão de seu partido em termos aceitáveis por Daladier. O ministério que ele anunciou a 13 de setembro era, portanto, muito semelhante na composição ao que o precedera. A modificação mais notável foi a transferência para o ministério da Justiça de M. Bonnet, que durante a sua gestão no ministério do Exterior estivera por demais ligado à política de apaziguamento. Nem também era este um órgão reduzido, nos moldes do Gabinete de Guerra britânico, se bem que de certa maneira uma significativa concentração de poderes tivesse sido efetuada quando Daladier tomou em mãos as pastas da Guerra e dos Negócios Exteriores, além da chefia do Gabinete.

O parlamento francês governa tradicionalmente o executivo com mãos ciumentas; e um ministério dotado do poder de emitir decretos-leis de tanta autoridade concentrada nas mãos do primeiro ministro iria fazer com que seus atos fossem fiscalizados com cuidados ainda maiores que os habituais.

Os socialistas particularmente poderiam mostrar certa preocupação a respeito da atitude do governo no tocante aos elementos mais radicais da Esquerda. Ao começo da guerra, o governo utilizou todos os recursos de sua autoridade para lançar um golpe contra os comunistas. O partido estava proscrito e seus líderes presos; sua tentativa de se reorganizar num Partido de Operários e Camponeses foi declarada ilegal; os conselhos municipais comunistas foram suprimidos, e 60 dos 73 deputados comunistas à Câmara foram privados de seus assentos. Mas, na verdade, os próprios socialistas se adiantaram em condenar Moscou desde o pacto germânico-soviético. O próprio Parlamento votou a expulsão dos deputados comunistas; e quando, em fevereiro, M. Daladier defendeu sua política ante a Câmara, em sessão secreta, obteve o triunfo quase sem precedentes de um voto unânime de confiança.

Este sucesso, entretanto, mostrou-se temporário. Certa obstinação sobre a condução da guerra tornou-se evidente em março, e foi acentuada à conclusão da paz entre a Finlândia e a Rússia. A 15 de março, depois de dois dias de debates secretos, uma moção de confiança foi obtida no Senado, sem nenhum voto em contrário, mas, de um modo significativo, com certo número de abstenções. A 19 de março houve uma prolongada sessão secreta na Câmara dos Deputados. Ao terminar, uma moção expressando admiração pela Finlândia e confiança em que o governo conduzisse a guerra à vitória foi aprovada por 239 contra 1 voto. Mas as cifras demonstraram que 300 deputados, na maioria socialistas, tinham-se abstido de votar, e indicava crescente precariedade na posição do governo. O resultado foi a renúncia do governo Daladier a 20 de março.

O sucessor de Daladier foi Paul Reynaud, ministro das Finanças. M. Reynaud era conhecido como um homem de energia e decisão um moderado que apoiava os métodos democráticos e as finanças equilibradas. Sua reputação crescera com o trabalho desenvolvido no gabinete Daladier, onde sua política conseguira estabilizar a posição financeira da França e trouxera uma volta de confiança capaz de paralisar a evasão do capital para o exterior. Seu gabinete, em que Daladier permaneceu na qualidade de Ministro da Guerra e o próprio M. Reynaud assumiu a direção da política estrangeira, ficou marcado por dois feitos especiais. Criou um grupo central de nove ministros para agir como Gabinete de Guerra, e ampliou as bases do governo com a inclusão de três socialistas no ministério. Além disso, um Comitê de Guerra, consistente dos ministros da defesa e dos chefes dos serviços combatentes, e um Comitê Econômico Inter-Ministerial, cuja função era coordenar a atividade econômica, foram criados no interesse de uma direção central mais eficaz.

O novo ministério foi recebido de maneira algo duvidosa. Seu primeiro voto de confiança foi obtido pela contagem de 268 contra 156, mas a abstenção de 111 membros deixou-o com uma maioria real de apenas um voto. Havia várias razões para isto. O gabinete dos nove, que M. Reynaud descreveu como "bastante para a deliberação, mas não para a ação", era considerado por muita gente como sendo ainda grande demais. A inclusão dos ministros socialistas foi vista com maus olhos pelos conservadores; e os radical-socialistas, o partido de Daladier, exibia certos sinais de descontentamento. Embora o novo gabinete tivesse mostrado sinais de força crescente nos dias que se seguiram, no começo de abril seu futuro era ainda duvidoso.
 
 

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