Itália pressiona UE para ajudar em crise migratória
Bruxelas - O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, declarou ontem (24) que a "União Europeia (UE) deve passar das palavras para os atos" e assegurar a ajuda à Itália frente à possibilidade de uma nova onda de imigrações partir, nos próximos dias, principalmente da Líbia para seu país.
"Da Líbia, pode chegar uma onda de imigração de proporções catastróficas", considerou o alto funcionário italiano em Bruxelas, onde se reúne hoje com o Conselho da UE de ministros do Interior para estudar a situação das migrações ilegais.
Maroni afirmou que, diante desta "emergência humanitária, pedimos à Europa que coloque sobre a mesa todas as medidas necessárias para enfrentá-la, porque não podemos ser deixados a sós".
"Fizemos um pedido à UE, logo após a reunião de ontem dos ministros de Interior dos países mediterrâneos [Itália, França, Espanha, Grécia, Chipre e Malta] na qual definimos um documento com uma posição comum", informou o ministro da Itália, que indicou que este tipo de situação "é a primeira vez que ocorre".
Nesse documento, os países pedem ao bloco europeu "desde a constituição de um fundo extraordinário para as emergências humanitárias até a aceitação do princípio do 'burden sharing' [partilha de carga, mecanismo de proteção financeira internacional contra crises de confiança], assim como outras iniciativas que não são mais do que a aplicação do princípio de solidariedade, sobre o qual se baseia a mesma Europa", apontou Maroni.
Na prática, a proposta de partilha de carga equivale ao envio dos possíveis imigrantes ilegais, que podem atracar nos próximos dias na costa Mediterrânea dos países do sul da Europa, para outros países do continente.
"Não somos nós os que falam de um milhão e meio [de possíveis imigrantes ilegais que saiam nos próximos dias dos países do norte da África para a costa sul da Europa], é a Frontex", recordou o titular. A estimativa foi divulgada ontem por fontes da agência da UE encarregada de coordenar a proteção das fronteiras dos países do bloco.
Por sua vez, o ministro sueco de Imigração, Tobias Billstrom, defendeu que a Itália "deve manter uma atitude mais equilibrada" ao enfrentar a situação de emergência migratória "que ainda não ocorreu". Ele recordou que seu país não teve problemas quando, no ano passado, "acolheu 32 mil pedidos de asilo, sendo que temos uma população de apenas nove milhões de pessoas".
As manifestações nos países árabes contra seus governos que já derrubaram dois presidentes -- Ben Ali, na Tunísia, e Hosni Mubarack, no Egito -- e as respostas repressivas das autoridades têm alarmado a comunidade europeia desde o início do mês.
Após 10 de fevereiro, a ilha italiana de Lampedusa, a mais próxima da costa Mediterrânea dos países do Magreb, passou a receber um êxodo principalmente de tunisianos, e calcula-se que o número de imigrantes ilegais do norte da África que chegam à costa italiana já seja de mais de 6.000, de acordo com o último levantamento do Ministério do Interior da Itália.
Da www.ansa.it/www.ansalatina.
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