quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O novo e a tradição

Longe de Minas e das boas tradições mineiras, a presidente Dilma Rousseff segue a rotina que revela o mais profundo ensinamento de seu estado natal: trabalhar em silêncio! Em seu primeiro mês de governo, constatamos a mudança de foco na gestão presidencial, passando da origem das greves barulhentas para o anonimato das ações e planos clandestinos. Na condução de seu país, cada presidente revela a sua origem, sua formação, desde a Velha República até os dias de hoje.

Em Dilma Rousseff duas escolas políticas se encontram. A boa convivência mineira e o determinismo sulista. Uma a temperança; outra, tempestuosa. É, verdadeiramente, uma boa fusão. Nos dois casos, encontramos o nacionalismo em Artur Bernardes e Getúlio Vargas. Identificamos traços em seu discurso dessa conduta política.

Gerente, com modos de exigente, muito se espera da presidente, sob o olhar atento de toda a nação, com a fria análise de uma visão feminina. É preciso arrumar a casa, colocar as contas em dia, programar as viagens, levar os meninos para as escolas, marcar o médico, cuidar do jardim, limpar o quintal, conferir a faxina, separar o lixo, economizar na conta de água, luz e telefone, chamar o bombeiro e cuidar do futuro do país. Ser uma grande mãe, depois de decaídos pais.

O povo brasileiro quer sempre abraçar, agradecer, festejar. A presidente não pode errar, pois pesa sobre ela o preconceito esquecido no congelador, depois de uma generosidade imensa, que precisa ser correspondida. Lula quebrou o ranço que se nutria contra os que não foram ungidos, contra os que emergiram nos duros processos democráticos. Dilma terá que consolidar isso, pois seu sucesso é a consagração de um processo inédito no Brasil republicano.

A soberania de um país é uma postura que vem de dentro para fora. Primeiro a soberania da gestão, dos cargos públicos, da política financeira, dos investimentos sociais, da relação entre os poderes, do determinismo político, da mentalidade de governo e da visão de um país e de mundo. Depois, a independência nas escolhas internas e externas, da autodeterminação encarnada.

Até bem pouco tempo, essa conduta era impensável para o Brasil, o que foi fruto de anos e anos de controle externo, espoliações e submissão. Iniciamos um processo austero, mais condizente com nossa grandeza frente ao mundo, construindo uma respeitosa relação com o resto do planeta. Isso tudo reflete em nossa economia, na credibilidade internacional, no credenciamento de uma nação que progride e se desenvolve e, principalmente, na valorização de seu povo.

Atentos e serenos, acompanhamos os primeiros dias de um novo governo. Nos bastidores, as velhas disputas não por cargos, mas sim por comissões, como um problema que precisa ser enfrentado e extinguido, dentro de uma antiga prática que conhecemos como fisiologismo. O Brasil não suporta mais isso. É preciso interromper esses processos viciosos, que fazem nosso país e nossa política menores e piores.

O novo não é apenas pelo começo. Só por isso, seria mais seguro a continuidade. Ele é mais por uma nova postura, um novo olhar, uma nova mentalidade. E é esse novo que se assenta sobre a imagem da primeira presidenta eleita do Brasil. É esse novo que mais de 190 milhões de almas brasileiras esperam.

Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor
www.petroniogoncalves.blogspot.com

fonte: pravda.ru

Seja o primeiro a comentar!

Postar um comentário

Não serão aceitos comentários Anônimos (as)
Comentar somente sobre o assunto
Não faça publicidade (Spam)
Respeitar as opiniões
Palavras de baixo calão nem pense
Comentários sem Perfil não será publicado
Quer Parceria não será por aqui.(Contato no Blog)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Software do Dia: Completo e Grátis

Giveaway of the Day
PageRank

  ©LAMBARITÁLIA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo