A ocupação da Dinamarca
Quando cruzaram a fronteira dinamarquesa em Flensburg, as tropas alemães transpuseram o que era quase a última fronteira não-fortificada da Europa. A Dinamarca, mais ainda do que seus vizinhos escandinavos, sentia-se compelida, em virtude de seu tamanho e posição estratégica, a depender mais da boa fé internacional do que de força armada para a sua possível defesa. Nação de menos de quatro milhões de habitantes, cuja única fronteira terrestre confinava com o Reich alemão, havia muito ela tinha reconhecido que não poderia oferecer resistência eficaz a uma invasão; e mesmo suas recentes confiscações para a defesa aérea eram mais um gesto significando o desejo de manter sua independência do que uma garantia real contra a conquista. Como o seu premier tinha dito na irradiação do Ano Novo: "O povo dinamarquês só tem um caminho a seguir. Temos de prosseguir no caminho da neutralidade e confiar no valor das promessas e acordos que conosco foram firmados."
O principal desses acordos era o pacto de não-agressão com a Alemanha. Em abril de 1939, em resultado da mensagem do presidente Roosevelt pedindo penhores de paz, Hitler tinha convocado os pequenos vizinhos da Alemanha para perguntar se eles se sentiam ameaçados, e oferecera-lhes a conclusão de tratados que pretensamente removeriam quaisquer receios que porventura alimentassem. Nem a Suécia, nem a Noruega tinham aceito a oferta, em vista dos exemplos de quão perigoso era para um país pequeno aceitar qualquer garantia alemã. A Dinamarca, entretanto, julgou que não podia; de modo algum, arriscar-se a ofender sua despótica vizinha; e a 31 de maio firmou com a Alemanha um tratado por meio do qual ambas prometiam que "em nenhuma circunstância recorreriam à guerra ou a qualquer outra forma de violência uma contra a outra."
Era essa uma garantia débil bastante, em vista dos antecedentes da Alemanha; contudo, era a única garantia que a Dinamarca possuía. Ela não tinha aliança e não recebera garantia alguma de qualquer outra nação. Com os restantes neutros ocidentais, durante anos tinha depositado suas esperanças na Liga das Nações e na perspectiva de um desarmamento geral; e quando tudo isso ruiu, somente lhe restou a esperança de que, num novo conflito, não oferecesse nem ofensas, nem tentações a qualquer facção que lhe pudesse pôr em perigo a neutralidade. Estava ela ligada com frouxos laços de cooperação econômica e política ao Grupo de Oslo, que consistia nas nações escandinavas e nos Países Baixos; mas esses Estados tinham evitado toda a idéia de aliança militar, por consentimento mútuo. Quando, em março, a Finlândia obteve da Suécia e da Noruega a promessa de que um pacto de assistência mútua se seguiria à sua paz com a Rússia, a Dinamarca foi deixada fora desse projeto, como sendo mais um passivo do que um ativo; e o próprio projeto desfez-se quando a Rússia lhe interpôs o veto decisivo. Em resultado, os Estados escandinavos todos ficaram sozinhos e isolados diante da nova acometida alemã.
A força que a Dinamarca poderia opor a tal acometida era insignificante. Em teoria, ela podia colocar cerca de 150.000 homens em pé de guerra; mas a maioria desses homens era deficientemente treinada, e os efetivos de paz disponíveis não passavam de 11.000 homens. Dificilmente, portanto, poderia causar surpresa o não ter o invasor encontrado resistência real alguma. As forças que se lançaram ao assalto em meia dúzia de pontos, por terra e mar, eram calculadas na ocasião em cerca de 40.000 a 50.000 homens. Apenas a Guarda Real, em Copenhague ofereceu breve resistência, que foi prontamente dominada. Pelas quatro horas da tarde, o país estava sob controle alemão.
Esse controle, de acordo com o governo alemão, não era o de um conquistador, mas sim de um protetor. Numa nota aos governos dos países invadidos, o Reich alegou que as medidas aliadas de bloqueio constituíam "um golpe destruidor na concepção de neutralidade". O Reich estava de posse de provas de que a Inglaterra e a França estavam planejando a invasão dos países nórdicos, e era claro que esses países não poderiam oferecer resistência eficaz. A Alemanha interviera portanto "para proteger a paz do norte contra todo o ataque anglo-francês e obter a sua garantia definitiva." Em vista desse altruísmo sem exemplos, a Alemanha esperava que os países em questão compreendessem seus motivos e não lhe oferecessem oposição. "Toda a resistência", - advertiu-lhes a Alemanha, - "teria de ser e seria quebrada por todos os meios disponíveis pelas forças armadas alemães que aqui aportaram, e levaria portanto a uma efusão de sangue absolutamente inútil."
Em face dessa perspectiva, a Dinamarca não tinha outro recurso senão ceder. Depois de conferenciar com o seu gabinete, o rei Cristiano deu à publicidade uma proclamação, também assinada pelo primeiro ministro, aceitando a situação sob protesto. A população foi solicitado evitar a resistência afim de se salvar o país dos desastres da guerra. Numa sessão especial do Parlamento, à tarde, o primeiro ministro fez uma declaração em que disse: "A Alemanha assegurou-nos que não tinha intenção alguma de violar a independência e integridade territorial da Dinamarca... Nosso povo sem dúvida perceberá a necessidade da atitude do governo... Só a Dinamarca, nada senão a Dinamarca importa agora."
Mas se o reino dinamarquês se mostrou, assim, uma presa fácil, com a Noruega a coisa foi muito diferente.
O principal desses acordos era o pacto de não-agressão com a Alemanha. Em abril de 1939, em resultado da mensagem do presidente Roosevelt pedindo penhores de paz, Hitler tinha convocado os pequenos vizinhos da Alemanha para perguntar se eles se sentiam ameaçados, e oferecera-lhes a conclusão de tratados que pretensamente removeriam quaisquer receios que porventura alimentassem. Nem a Suécia, nem a Noruega tinham aceito a oferta, em vista dos exemplos de quão perigoso era para um país pequeno aceitar qualquer garantia alemã. A Dinamarca, entretanto, julgou que não podia; de modo algum, arriscar-se a ofender sua despótica vizinha; e a 31 de maio firmou com a Alemanha um tratado por meio do qual ambas prometiam que "em nenhuma circunstância recorreriam à guerra ou a qualquer outra forma de violência uma contra a outra."
Era essa uma garantia débil bastante, em vista dos antecedentes da Alemanha; contudo, era a única garantia que a Dinamarca possuía. Ela não tinha aliança e não recebera garantia alguma de qualquer outra nação. Com os restantes neutros ocidentais, durante anos tinha depositado suas esperanças na Liga das Nações e na perspectiva de um desarmamento geral; e quando tudo isso ruiu, somente lhe restou a esperança de que, num novo conflito, não oferecesse nem ofensas, nem tentações a qualquer facção que lhe pudesse pôr em perigo a neutralidade. Estava ela ligada com frouxos laços de cooperação econômica e política ao Grupo de Oslo, que consistia nas nações escandinavas e nos Países Baixos; mas esses Estados tinham evitado toda a idéia de aliança militar, por consentimento mútuo. Quando, em março, a Finlândia obteve da Suécia e da Noruega a promessa de que um pacto de assistência mútua se seguiria à sua paz com a Rússia, a Dinamarca foi deixada fora desse projeto, como sendo mais um passivo do que um ativo; e o próprio projeto desfez-se quando a Rússia lhe interpôs o veto decisivo. Em resultado, os Estados escandinavos todos ficaram sozinhos e isolados diante da nova acometida alemã.
A força que a Dinamarca poderia opor a tal acometida era insignificante. Em teoria, ela podia colocar cerca de 150.000 homens em pé de guerra; mas a maioria desses homens era deficientemente treinada, e os efetivos de paz disponíveis não passavam de 11.000 homens. Dificilmente, portanto, poderia causar surpresa o não ter o invasor encontrado resistência real alguma. As forças que se lançaram ao assalto em meia dúzia de pontos, por terra e mar, eram calculadas na ocasião em cerca de 40.000 a 50.000 homens. Apenas a Guarda Real, em Copenhague ofereceu breve resistência, que foi prontamente dominada. Pelas quatro horas da tarde, o país estava sob controle alemão.
Esse controle, de acordo com o governo alemão, não era o de um conquistador, mas sim de um protetor. Numa nota aos governos dos países invadidos, o Reich alegou que as medidas aliadas de bloqueio constituíam "um golpe destruidor na concepção de neutralidade". O Reich estava de posse de provas de que a Inglaterra e a França estavam planejando a invasão dos países nórdicos, e era claro que esses países não poderiam oferecer resistência eficaz. A Alemanha interviera portanto "para proteger a paz do norte contra todo o ataque anglo-francês e obter a sua garantia definitiva." Em vista desse altruísmo sem exemplos, a Alemanha esperava que os países em questão compreendessem seus motivos e não lhe oferecessem oposição. "Toda a resistência", - advertiu-lhes a Alemanha, - "teria de ser e seria quebrada por todos os meios disponíveis pelas forças armadas alemães que aqui aportaram, e levaria portanto a uma efusão de sangue absolutamente inútil."
Em face dessa perspectiva, a Dinamarca não tinha outro recurso senão ceder. Depois de conferenciar com o seu gabinete, o rei Cristiano deu à publicidade uma proclamação, também assinada pelo primeiro ministro, aceitando a situação sob protesto. A população foi solicitado evitar a resistência afim de se salvar o país dos desastres da guerra. Numa sessão especial do Parlamento, à tarde, o primeiro ministro fez uma declaração em que disse: "A Alemanha assegurou-nos que não tinha intenção alguma de violar a independência e integridade territorial da Dinamarca... Nosso povo sem dúvida perceberá a necessidade da atitude do governo... Só a Dinamarca, nada senão a Dinamarca importa agora."
Mas se o reino dinamarquês se mostrou, assim, uma presa fácil, com a Noruega a coisa foi muito diferente.
fonte: http://www.2guerra.com.br
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