quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Scapa e Sylt

ilustração/Arq.google
A atividade era dirigida principalmente contra navios mercantes, e de quando em vez contra os vasos de guerra ocupados no serviço de comboiamento. O esforço máximo dos aviadores alemães contra a frota britânica durante esse período verificou-se com o reide contra Scapa Flow, a 16 de março. Embora Mr. Churchill tivesse anunciado cerca de três semanas antes que Scapa Flow não havia sido usada como base principal desde o afundamento do Royal Oak, ela estava sendo utilizada claramente como importante ancoradouro, e parecia nessa ocasião estar abrigando certo número de grandes navios e outras embarcações menores. Ao escurecer do dia 16 de março, catorze Heinkels se lançaram sobre a base, num reide que durou hora e meia. Algo como cem bombas foram deixadas cair, causando sete baixas entre o pessoal naval e infringindo danos menores num vaso de guerra descrito como não sendo um "navio de primeira classe". O aspecto mais importante da incursão, todavia, consistiu no fato de os alemães terem pela primeira vez atacado objetivos de terra da mesma forma que os navios no porto. Aparentemente com o fim de danificar hangares e campos de pouso, a decolagem dos caças britânicos, os alemães lançaram bombas explosivas e incendiárias nas cercanias desses objetivos, matando um civil e ferindo sete.

A ação provocou imediatas represálias britânicas. A atividade aérea britânica nesse sentido orientou-se para o interceptar dos incursores alemães, tanto por meio de patrulhamentos de costa como por ataques aéreos a bases aeronavais e para o ataque a navios alemães de patrulhamento na costa do Reich. No dia do reide contra Scapa Flow, aviadores britânicos localizaram e bombardearam vários navios de patrulha ao largo de Heligoland. Mas, a 19 de março, nova intensificação de ação se verificou, quando os britânicos efetuaram o maior reide aéreo da história contra as bases aéreas alemãs na ilha de Sylt. Tendo começado logo depois do escurecer e prosseguido com ondas sucessivas de bombardeiros, o reide durou quase sete horas, enquanto o seu desenvolvimento, radiografado pelos aviadores ao Almirantado e comunicado ao primeiro ministro, era relatado, fase por fase, por Mr. Chamberlain na Câmara dos Comuns.

Como no caso do reide contra Scapa Flow, os comunicados britânicos e alemães sobre o reide contra Sylt mostraram ampla divergência. Os aviadores britânicos acreditaram terem destroçado numerosos hangares alemães, obtido impactos em tanques de óleo e depósitos de munição, e danificado seriamente o molhe conhecido como Dique Hindenburgo, a única ligação ferroviária da ilha com o continente. O comunicado alemão admitiu apenas danos de menor importância, e os nazis procuraram provar sua afirmativa com uma excursão cuidadosamente organizada de jornalistas especialmente escolhidos. De qualquer modo, pareceu provável que ambos os reides tinham, até certo ponto, um caráter experimental, e havia dúvidas sobre se os experimentos foram concludentes para qualquer um dos lados beligerantes.

Nenhum dos dois lados, era claro, estava ainda pronto para arriscar-se a um ataque aéreo de plenitude de força. Se ficou certo que os bombardeiros podiam passar, ficou também certo que o faziam arriscando-se consideravelmente a jamais regressar. Se a defesa, não desfrutava, no ar, da preponderância que "afirmava" ter conseguido em terra, era mesmo assim bastante forte para obrigar ao atacante a interromper sua ação. Os próprios reides contra a navegação consistiam em ações rapidíssimas, em que pequenas esquadrilhas ou mesmo aparelhos isolados lançavam suas bombas e se punham imediatamente a salvo; dificilmente 3% dos navios afundados o foram por ataques aéreos. Nem também as esquadrilhas atacantes, via de regra, se empenhavam em batalhas quando alçavam vôo os aviões defensores. As perdas em combate propriamente dito, tanto nesses reides como na frente ocidental, foram desprezíveis. Os aliados pretendiam ter abatido 133 aparelhos (os alemães reconheciam a perda de 85) e danificado outros 26 tão seriamente que era improvável tivessem podido alcançar suas bases. Os alemães afirmaram ter abatido 357 aviões aliados - número que os aliados disseram ser mais que o dobro de suas perdas reais. Mas mesmo aceitando completamente as afirmações de ambos, o comentário do Spectador a 23 de fevereiro continuaria verdadeiro: "A escala da guerra aérea até esta data, e as possibilidades da guerra aérea futura, serão postas nas suas verdadeiras proporções se se notar que em todas essas luta - Mar do Norte, Baía de Heligoland, Frente Ocidental - nenhum dos lados perdeu em aparelhos o equivalente a uma semana, ou meia semana, de produção."

Assim, tanto no mar como no ar, não menos que em terra, as forças armadas hesitavam em empenhar-se fortemente em luta. Ao invés elas tentavam, por meio do bloqueio e dos ataques à navegação, estrangular a vida econômica do adversário. E enquanto cada qual conduzia esta espécie de ofensiva, cada qual também se esforçava por fortalecer e consolidar sua frente interna para os esforços crescentes que se esperavam fossem exigidos pela guerra.
 
 

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