PAC com propostas de grandes obras estruturais é fictício
Ouvir o relato de Almerinda Gonçalves da Silva, moradora do Assentamento Esplanada, localizado na área rural do município de São Gabriel, a 60 quilômetros de Irecê, no sertão da Bahia, é ter a certeza de estar em frente a uma sobrevivente da seca. Com 59 anos, Almerinda não vai mais para a roça com os demais companheiros do assentamento.
Há cinco anos, ela tirou uma das mamas e há três anos o útero, atingidos pelo câncer. A maior luta de Dona Almerinda, como é tratada pelas 20 famílias, é a cotidiana busca por água. “Faço o que posso para conseguir água”, disse ao suspender o pano branco que cobre cada vasilhame que ela espalha pela assentamento para captar a chuva, única forma de conseguir com recursos próprios água em condições de consumo.
Como se não bastasse o câncer que a levou a duas cirurgias, Almerinda precisou recentemente passar por uma nova intervenção médica para a retirada da vesícula. A sucessão de intervenção cirúrgicas aguçou a busca de Almerinda por água. “Os médicos disseram que a causa de tudo isso era a água ruim”, afirmou. Hoje, o seu maior sonho é ser beneficiada com uma cisterna para acumular água da chuva.
Em meio à carência de tudo e o tratamento para o controle do câncer que obriga Almerinda a viajar uma vez a cada seis mês para se consultar em Brasília, a vida da agricultora acaba fazendo diferença paras as 20 famílias do assentamento. “Se não fosse a água de dona Almerinda, acho que a gente já tinha virado pedra”, disse Antônio Barbosa, de 64 anos.
Eventualmente, um caminhão pipa do Exército leva água para os moradores do assentamento que existe há dez anos. Mas a quantidade é insuficiente para atender as famílias por mais de 15 dias. Na semana passada, dia em que a presidenta Dilma Rousseff anunciou, em Irecê, o reajuste para o Programa Bolsa Família, como parte da programação comemorativa do mês da mulher, os moradores do assentamento se queixaram que não viam o caminhão há 45 dias.
De tão salobra, a água do poço artesiano serve apenas para irrigar os canteiros. A pressão, quando a bomba do poço está ligada, é tão forte que chega a vazar pelo mecanismo de registro. Em pouco tempo, os moradores observam que formam-se cristais de sal no registro e entendem que se continuarem a consumir essa água ficarão doentes. “Se isso se forma aqui, vai se acumular dentro da gente também”, diz Antônio Barbosa ao retirar do registro do poço artesiano os resíduos de sal que se acumulam formando uma crosta.
O sal acumulado já provocou pedras renais em quase todos os moradores do assentamento que acabam tendo que beber a água puxada do lençol freático por meio de bombas. “Não dá para cozinhar. Quando o feijão está um pouco mais duro, fica horas fervendo nessa água e não amolece”, contou Almerinda.
O Assentamento Esplanada é formado por 28 casas, 20 delas ocupadas, construídas em volta de um campo, localizado em uma região das mais pobres da Bahia. O solo arenoso é coberto pela vegetação de Caatinga.
O Esplanada ocupa uma área de 27 mil quilômetros quadrados de semiárido, é considerada pelo governo um Território de Cidadania. A principal cidade dessa região é Irecê. A população total do território é de mais de 400 mil habitantes. Desses, 160.241 vivem na área rural, o que corresponde a 40,03% do total. O Índice de Desenvolvimento Humano da região é baixo: 0,61.
A região é formada ainda por 20 municípios menores: Central, Gentio do Ouro, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Xique-Xique, América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Ibipeba, Ibititá, Ipupiara, Irecê, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São Gabriel e Uibaí.
Antes da visita da presidenta Dilma Rousseff, os moradores debateram suas demandas e concluíram que o acesso à água de qualidade é um problema comum a todos. No entanto, as propostas de grandes obras estruturais para levar água à região não conta com tanta simpatia dos moradores que preferem ações mais imediatas. Eles querem uma Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) específico para o sertão.
A referência pelo PAC, lançado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de fazer grandes obras de infraestrutura, é simbólica. Ao contrário do programa original, com visão macro dos principais gargalos do Brasil, o PAC do Sertão defende ações “no varejo”. Os moradores necessitam de um conjunto de obras e ações para acesso à água, incentivos ao cooperativismo, financiamento de dívidas agrícolas, linha de crédito agrícola, investimentos em formação técnica, creches e escolas.
Há cinco anos, ela tirou uma das mamas e há três anos o útero, atingidos pelo câncer. A maior luta de Dona Almerinda, como é tratada pelas 20 famílias, é a cotidiana busca por água. “Faço o que posso para conseguir água”, disse ao suspender o pano branco que cobre cada vasilhame que ela espalha pela assentamento para captar a chuva, única forma de conseguir com recursos próprios água em condições de consumo.
Como se não bastasse o câncer que a levou a duas cirurgias, Almerinda precisou recentemente passar por uma nova intervenção médica para a retirada da vesícula. A sucessão de intervenção cirúrgicas aguçou a busca de Almerinda por água. “Os médicos disseram que a causa de tudo isso era a água ruim”, afirmou. Hoje, o seu maior sonho é ser beneficiada com uma cisterna para acumular água da chuva.
Em meio à carência de tudo e o tratamento para o controle do câncer que obriga Almerinda a viajar uma vez a cada seis mês para se consultar em Brasília, a vida da agricultora acaba fazendo diferença paras as 20 famílias do assentamento. “Se não fosse a água de dona Almerinda, acho que a gente já tinha virado pedra”, disse Antônio Barbosa, de 64 anos.
Eventualmente, um caminhão pipa do Exército leva água para os moradores do assentamento que existe há dez anos. Mas a quantidade é insuficiente para atender as famílias por mais de 15 dias. Na semana passada, dia em que a presidenta Dilma Rousseff anunciou, em Irecê, o reajuste para o Programa Bolsa Família, como parte da programação comemorativa do mês da mulher, os moradores do assentamento se queixaram que não viam o caminhão há 45 dias.
De tão salobra, a água do poço artesiano serve apenas para irrigar os canteiros. A pressão, quando a bomba do poço está ligada, é tão forte que chega a vazar pelo mecanismo de registro. Em pouco tempo, os moradores observam que formam-se cristais de sal no registro e entendem que se continuarem a consumir essa água ficarão doentes. “Se isso se forma aqui, vai se acumular dentro da gente também”, diz Antônio Barbosa ao retirar do registro do poço artesiano os resíduos de sal que se acumulam formando uma crosta.
O sal acumulado já provocou pedras renais em quase todos os moradores do assentamento que acabam tendo que beber a água puxada do lençol freático por meio de bombas. “Não dá para cozinhar. Quando o feijão está um pouco mais duro, fica horas fervendo nessa água e não amolece”, contou Almerinda.
O Assentamento Esplanada é formado por 28 casas, 20 delas ocupadas, construídas em volta de um campo, localizado em uma região das mais pobres da Bahia. O solo arenoso é coberto pela vegetação de Caatinga.
O Esplanada ocupa uma área de 27 mil quilômetros quadrados de semiárido, é considerada pelo governo um Território de Cidadania. A principal cidade dessa região é Irecê. A população total do território é de mais de 400 mil habitantes. Desses, 160.241 vivem na área rural, o que corresponde a 40,03% do total. O Índice de Desenvolvimento Humano da região é baixo: 0,61.
A região é formada ainda por 20 municípios menores: Central, Gentio do Ouro, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Xique-Xique, América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Ibipeba, Ibititá, Ipupiara, Irecê, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São Gabriel e Uibaí.
Antes da visita da presidenta Dilma Rousseff, os moradores debateram suas demandas e concluíram que o acesso à água de qualidade é um problema comum a todos. No entanto, as propostas de grandes obras estruturais para levar água à região não conta com tanta simpatia dos moradores que preferem ações mais imediatas. Eles querem uma Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) específico para o sertão.
A referência pelo PAC, lançado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de fazer grandes obras de infraestrutura, é simbólica. Ao contrário do programa original, com visão macro dos principais gargalos do Brasil, o PAC do Sertão defende ações “no varejo”. Os moradores necessitam de um conjunto de obras e ações para acesso à água, incentivos ao cooperativismo, financiamento de dívidas agrícolas, linha de crédito agrícola, investimentos em formação técnica, creches e escolas.
jornalvarginhahoje
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