Astrônomo do Vaticano volta a falar sobre vida alienígena
Por Cesar Baima/O Globo
Quase 15 anos depois, porém, ouviu outro chamado, desta vez de Deus. Assim, logo depois que obteve seu diploma de astrônomo da Universidade de Córdoba, na Argentina, em 1985, ingressou na ordem dos jesuítas, recebendo novo diploma em filosofia antes de seguir para Roma, onde foi ordenado.
Em 2006 os dois caminhos se encontraram e Funes foi apontado diretor do Observatório do Vaticano pelo Papa Bento XVI. Homem de fé e de ciência, ele defende o diálogo como forma de superar os conflitos. Para ele, o Big Bang e o Gênesis não são contraditórios, e sim caminhos diferentes da eterna busca humana pelo conhecimento e pela verdade. Até a possibilidade de existência de vida extraterrestre já é aceita pela Igreja. "Não vejo contradição entre fé e ciência, pois a verdade é uma só", disse ele, que está no Rio para participar do workshop The Evolving Universe [O Universo em Evolução], evento promovido pela PUC-Rio e pela Fundação Planetário.
Sendo, ao mesmo tempo, cientista e padre, como o senhor equilibra questões de ciência e fé? Não vejo contradição entre fé e ciência, pois a verdade é uma só. Creio que as duas ajudam e apóiam uma a outra. Claro que cada uma tem sua própria linguagem, método e perspectiva, mas podemos aprender da diversidade entre as duas. Houve conflitos no passado e provavelmente teremos conflitos no futuro, mas podemos superar esses conflitos com o diálogo.
O senhor certamente já ouviu questionamentos do tipo: "a Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, quando então ele teria criado o universo?". Como isso influencia o diálogo? É preciso estarmos atentos à linguagem, ao contexto e às culturas. A Bíblia não é um livro de ciência. Então, se estamos procurando uma explicação científica para o início do universo, não vamos achar na Bíblia. A Bíblia é um livro que foi escrito entre 2.000 e 3.000 anos atrás e seus autores não tinham o conhecimento científico que temos hoje. O livro do Gênesis não diz como Deus criou o universo, o que havia no seu começo, se era matéria escura, energia escura, átomos. Esse não é o escopo e o objetivo da Bíblia. Os autores da Bíblia foram inspirados por Deus para comunicar uma mensagem religiosa e não uma mensagem científica.
O senhor concorda que o Big Bang é a melhor explicação para a origem do universo? O que sente quando dizem que ele não precisou da ação de Deus para acontecer? A teoria do Big Bang é a melhor explicação científica que temos hoje para sua origem. Temos várias evidências de que o universo tem cerca de 14 bilhões de anos e, com os dados que temos, é, sim, a melhor explicação disponível. Deus, para nós cristãos, não é a energia escura, a gravidade ou qualquer outra explicação científica de como o universo se fez. Esse não é o Deus cristão. O Deus em que acreditamos é o pai de Jesus, autor da criação, o pai amoroso que toma conta de nós e nos ama tanto que nos enviou seu filho. Claro que se pensarmos Deus como a energia escura, a força da gravidade etc, não precisamos de Deus para explicar a realidade do cosmos.
E quanto aos argumentos de que o universo que vivemos é resultado de um desenho inteligente que seria a prova da existência de Deus? Se entendermos o desenho inteligente como um teoria científica ou um caminho teológico para Deus, não concordo, pois não é boa ciência, nem boa teologia. Segundo a teoria do Big Bang, de forma a termos vida como conhecemos, precisamos que o universo tenha tido uma espécie de sintonia fina. Se diferentes parâmetros físicos, como a massa do elétron, a constante da gravidade, a velocidade da luz, tivessem seus valores mudados, acabaríamos com um universo diferente. Não é possível ter uma prova da existência de Deus do ponto de vista da ciência. Por outro lado, essas explicações científicas são racionais e compatíveis com nossa crença de que Deus é o Criador. Não vejo nenhum conflito real entre a teoria do Big Bang e o que sabemos pela fé. Do ponto de vista da fé, creio que há um propósito para a criação do universo.
A Igreja aceita a possibilidade de existência de vida extraterrestre? Primeiro, deixemos bem claro que não temos provas de que exista vida no universo fora da Terra. Dito isso, há um ramo interdisciplinar de estudo chamado astrobiologia que tem se desenvolvido muito nos últimos 20 anos e que tem como objetivo procurar por vida. Vivemos em um universo com centenas de bilhões de galáxias, cada uma delas formada por centenas de bilhões de estrelas, que por sua vez têm centenas de bilhões de planetas orbitando elas, então é possível que haja vida lá fora no universo. Vamos ver. Não há conflito entre a possibilidade de existência de vida extraterrestre e a doutrina da Igreja. Temos que fazer mais pesquisas, pois até o momento não temos provas da existência de vida fora da Terra. A Igreja encoraja essas pesquisas e não podemos fazer mais que isso...
“Não há conflitos entre ETs e a Igreja”, diz novamente o religioso José Gabriel Funes
Funes: “Se diferentes parâmetros físicos tivessem seus valores mudados, acabaríamos com um universo diferente”. Crédito: wikipedia commons
Inspirado pelo que chama de "época de ouro" da conquista do espaço, que culminou com a chegada do homem à Lua em 1969, José Funes, então com seis anos, decidiu ser astrônomo.
Em 2006 os dois caminhos se encontraram e Funes foi apontado diretor do Observatório do Vaticano pelo Papa Bento XVI. Homem de fé e de ciência, ele defende o diálogo como forma de superar os conflitos. Para ele, o Big Bang e o Gênesis não são contraditórios, e sim caminhos diferentes da eterna busca humana pelo conhecimento e pela verdade. Até a possibilidade de existência de vida extraterrestre já é aceita pela Igreja. "Não vejo contradição entre fé e ciência, pois a verdade é uma só", disse ele, que está no Rio para participar do workshop The Evolving Universe [O Universo em Evolução], evento promovido pela PUC-Rio e pela Fundação Planetário.
Sendo, ao mesmo tempo, cientista e padre, como o senhor equilibra questões de ciência e fé? Não vejo contradição entre fé e ciência, pois a verdade é uma só. Creio que as duas ajudam e apóiam uma a outra. Claro que cada uma tem sua própria linguagem, método e perspectiva, mas podemos aprender da diversidade entre as duas. Houve conflitos no passado e provavelmente teremos conflitos no futuro, mas podemos superar esses conflitos com o diálogo.
O senhor certamente já ouviu questionamentos do tipo: "a Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, quando então ele teria criado o universo?". Como isso influencia o diálogo? É preciso estarmos atentos à linguagem, ao contexto e às culturas. A Bíblia não é um livro de ciência. Então, se estamos procurando uma explicação científica para o início do universo, não vamos achar na Bíblia. A Bíblia é um livro que foi escrito entre 2.000 e 3.000 anos atrás e seus autores não tinham o conhecimento científico que temos hoje. O livro do Gênesis não diz como Deus criou o universo, o que havia no seu começo, se era matéria escura, energia escura, átomos. Esse não é o escopo e o objetivo da Bíblia. Os autores da Bíblia foram inspirados por Deus para comunicar uma mensagem religiosa e não uma mensagem científica.
O senhor concorda que o Big Bang é a melhor explicação para a origem do universo? O que sente quando dizem que ele não precisou da ação de Deus para acontecer? A teoria do Big Bang é a melhor explicação científica que temos hoje para sua origem. Temos várias evidências de que o universo tem cerca de 14 bilhões de anos e, com os dados que temos, é, sim, a melhor explicação disponível. Deus, para nós cristãos, não é a energia escura, a gravidade ou qualquer outra explicação científica de como o universo se fez. Esse não é o Deus cristão. O Deus em que acreditamos é o pai de Jesus, autor da criação, o pai amoroso que toma conta de nós e nos ama tanto que nos enviou seu filho. Claro que se pensarmos Deus como a energia escura, a força da gravidade etc, não precisamos de Deus para explicar a realidade do cosmos.
E quanto aos argumentos de que o universo que vivemos é resultado de um desenho inteligente que seria a prova da existência de Deus? Se entendermos o desenho inteligente como um teoria científica ou um caminho teológico para Deus, não concordo, pois não é boa ciência, nem boa teologia. Segundo a teoria do Big Bang, de forma a termos vida como conhecemos, precisamos que o universo tenha tido uma espécie de sintonia fina. Se diferentes parâmetros físicos, como a massa do elétron, a constante da gravidade, a velocidade da luz, tivessem seus valores mudados, acabaríamos com um universo diferente. Não é possível ter uma prova da existência de Deus do ponto de vista da ciência. Por outro lado, essas explicações científicas são racionais e compatíveis com nossa crença de que Deus é o Criador. Não vejo nenhum conflito real entre a teoria do Big Bang e o que sabemos pela fé. Do ponto de vista da fé, creio que há um propósito para a criação do universo.
A Igreja aceita a possibilidade de existência de vida extraterrestre? Primeiro, deixemos bem claro que não temos provas de que exista vida no universo fora da Terra. Dito isso, há um ramo interdisciplinar de estudo chamado astrobiologia que tem se desenvolvido muito nos últimos 20 anos e que tem como objetivo procurar por vida. Vivemos em um universo com centenas de bilhões de galáxias, cada uma delas formada por centenas de bilhões de estrelas, que por sua vez têm centenas de bilhões de planetas orbitando elas, então é possível que haja vida lá fora no universo. Vamos ver. Não há conflito entre a possibilidade de existência de vida extraterrestre e a doutrina da Igreja. Temos que fazer mais pesquisas, pois até o momento não temos provas da existência de vida fora da Terra. A Igreja encoraja essas pesquisas e não podemos fazer mais que isso...
Agradecimentos a:
Paulo R. Poian.
Coordenação Portal da Ufologia Brasileira
Consultor da Revista UFO Brasil
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