Quando a ciência se torna uma profissão de fé
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Não é exagero dizer que céticos constituem uma autêntica religião
Crença na descrença. Somente o científico seria um conhecimento verdadeiro e real. Crédito: readthespirit
Considerando que eles fazem uma fórmula doutrinária em torno das crenças positivistas e os cientificistas as compartilham, aderindo e praticando as concepções ligadas a elas. As mesmas, propriamente as religiosas, são sempre comuns à determinada coletividade, além dos indivíduos que a compõem se sentirem ligados uns aos outros pelos simples fato de terem uma fé comum e traduzem essas concepções em práticas idênticas.
Antes que rechacem tal assertiva, acentuo o lado consensual de suas crenças e práticas, as quais se articulam e se unem em torno de uma mesma comunidade moral, que em outro contexto seria chamada de igreja.
Os positivistas, curiosamente, também tiveram suas manifestações religiosas, com apóstolos, ereção de templos etc. Em sua obra Sistema de Política Positiva [1851-1854], Auguste Comte preconiza a "Religião da Humanidade", cuja liturgia baseia-se no catolicismo romano, estabelecida em O Catecismo Positivista [1852], fazendo da doutrina algo indubitavelmente religioso, com credo na ciência.
O positivismo passa a propor, dessa forma, a reforma da sociedade baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenômenos e sua previsibilidade científica, com a conseqüente passagem do poder político para os sábios.
Em 1881, Miguel Lemos e Teixeira Mendes fundaram no Bairro da Glória, zona sul do Rio de Janeiro, a Igreja Positivista do Brasil, congregando homens influentes da época. Na igreja positivista, hoje reduzida a um pequeno número de seguidores, não há um culto a um deus onipotente, mas à humanidade, entidade coletiva formada pelos seres humanos que contribuíram para o progresso da civilização.
Nas laterais da grande nave, em estilo católico romano, no lugar de imagens de santos há bustos de filósofos, cientistas e artistas, adorados como grandes expressões do pensamento humano. Os positivistas religiosos adotam como Bíblia o "Catecismo Positivista" de Comte e apesar de não acreditarem na eternidade da alma, cultuam os mortos pelo legado que deixaram. "Os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos", é outra máxima de Comte [Decadente, Igreja Positivista faz 120 anos, em Folha de S. Paulo, 13 de maio de 2001].
Autodivinização da ciência
Ontologicamente falando, os céticos realizam uma autodivinização da ciência, conferindo-lhe as características de uma autêntica religião laica [Que assegura aos cidadãos os mesmos direitos e deveres, independentemente da opção individual no quadro de uma religião ou ideologia]. A ciência é encarada como uma não-crença eficaz, uma revelação parcial do oculto, promessa de revelação aceita e legitimada.
Se os crentes possuem forte crença religiosa e acreditam que somente uma renovação religiosa possa salvar a humanidade, os céticos, por sua vez, possuem forte crença na ciência e acreditam que somente uma renovação científica possa salvar a civilização do obscurantismo. Em sua adoração máxima, embora não admitam, experimentam o "numinoso" de forma muito semelhante aos adeptos das religiões teológicas.
Crêem ceticamente, num comportamento que poderíamos chamar de "crença na descrença" e que exprime um conflituoso jogo de racionalidades distintas. Assim é, de forma clara e assumida, uma crença em alguma "coisa", mas que precisa de comprovação científica, uma crença cética. Assim, admitem crer somente naquilo que julgam não ser uma crença ou apenas pensar ceticamente.
Acreditam, mas acreditam desacreditando, ceticamente, ou crendo que um dia tudo poderá ser explicado à luz da ciência. Paradoxalmente, no entanto, não admitem outros tipos de crenças que não seja a antecipação de um conhecimento que conduza à terra prometida da ciência...
Leia matéria exclusiva e completa no Portal da Ufologia Brasileira, link: http://www.ufo.com.br/noticias/quando-a-ciencia-se-torna-uma-profissao-de-fe
Leia também:
Análise do pedestal sob o discurso do ceticismo radical : http://www.ufo.com.br/noticias/analise-do-pedestal-sob-o-discurso-do-ceticismo-radical
Antes que rechacem tal assertiva, acentuo o lado consensual de suas crenças e práticas, as quais se articulam e se unem em torno de uma mesma comunidade moral, que em outro contexto seria chamada de igreja.
Os positivistas, curiosamente, também tiveram suas manifestações religiosas, com apóstolos, ereção de templos etc. Em sua obra Sistema de Política Positiva [1851-1854], Auguste Comte preconiza a "Religião da Humanidade", cuja liturgia baseia-se no catolicismo romano, estabelecida em O Catecismo Positivista [1852], fazendo da doutrina algo indubitavelmente religioso, com credo na ciência.
O positivismo passa a propor, dessa forma, a reforma da sociedade baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenômenos e sua previsibilidade científica, com a conseqüente passagem do poder político para os sábios.
Em 1881, Miguel Lemos e Teixeira Mendes fundaram no Bairro da Glória, zona sul do Rio de Janeiro, a Igreja Positivista do Brasil, congregando homens influentes da época. Na igreja positivista, hoje reduzida a um pequeno número de seguidores, não há um culto a um deus onipotente, mas à humanidade, entidade coletiva formada pelos seres humanos que contribuíram para o progresso da civilização.
Nas laterais da grande nave, em estilo católico romano, no lugar de imagens de santos há bustos de filósofos, cientistas e artistas, adorados como grandes expressões do pensamento humano. Os positivistas religiosos adotam como Bíblia o "Catecismo Positivista" de Comte e apesar de não acreditarem na eternidade da alma, cultuam os mortos pelo legado que deixaram. "Os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos", é outra máxima de Comte [Decadente, Igreja Positivista faz 120 anos, em Folha de S. Paulo, 13 de maio de 2001].
Autodivinização da ciência
Ontologicamente falando, os céticos realizam uma autodivinização da ciência, conferindo-lhe as características de uma autêntica religião laica [Que assegura aos cidadãos os mesmos direitos e deveres, independentemente da opção individual no quadro de uma religião ou ideologia]. A ciência é encarada como uma não-crença eficaz, uma revelação parcial do oculto, promessa de revelação aceita e legitimada.
Se os crentes possuem forte crença religiosa e acreditam que somente uma renovação religiosa possa salvar a humanidade, os céticos, por sua vez, possuem forte crença na ciência e acreditam que somente uma renovação científica possa salvar a civilização do obscurantismo. Em sua adoração máxima, embora não admitam, experimentam o "numinoso" de forma muito semelhante aos adeptos das religiões teológicas.
Crêem ceticamente, num comportamento que poderíamos chamar de "crença na descrença" e que exprime um conflituoso jogo de racionalidades distintas. Assim é, de forma clara e assumida, uma crença em alguma "coisa", mas que precisa de comprovação científica, uma crença cética. Assim, admitem crer somente naquilo que julgam não ser uma crença ou apenas pensar ceticamente.
Acreditam, mas acreditam desacreditando, ceticamente, ou crendo que um dia tudo poderá ser explicado à luz da ciência. Paradoxalmente, no entanto, não admitem outros tipos de crenças que não seja a antecipação de um conhecimento que conduza à terra prometida da ciência...
Leia matéria exclusiva e completa no Portal da Ufologia Brasileira, link: http://www.ufo.com.br/noticias/quando-a-ciencia-se-torna-uma-profissao-de-fe
Leia também:
Análise do pedestal sob o discurso do ceticismo radical : http://www.ufo.com.br/noticias/analise-do-pedestal-sob-o-discurso-do-ceticismo-radical
Agradecimentos a:
Paulo R. Poian.
Coordenação Portal da Ufologia Brasileira
Consultor da Revista UFO Brasil
Seja o primeiro a comentar!
Postar um comentário
Não serão aceitos comentários Anônimos (as)
Comentar somente sobre o assunto
Não faça publicidade (Spam)
Respeitar as opiniões
Palavras de baixo calão nem pense
Comentários sem Perfil não será publicado
Quer Parceria não será por aqui.(Contato no Blog)