quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Folclore

A riqueza do patrimônio arqueológico e artístico italiano é realmente incalculável. O esplendor de nossas arte erudita com seu sem número de obras primas, realizações dos grandes mestres, cativa todas as atenções deixando em segundo plano as expressões de nossas arte popular, ou seja, as expressões pelas quais o povo revela toda a sua fantasia.

Tais manifestações, presentes não só nos diversos setores do artesanato (alfaias e utensílios de uso doméstico), mas também nos costumes regionais, nos enfeites para as festas tradicionais, na arte sacra popular, na música e nos cantos regionais e nas tradições folclóricas são, sem dúvida nenhuma, uma maneira singular de encarar a realidade e, com o acréscimo da riqueza interior de cada um dos artistas, podem alcançar valores universais expressando todo"um mundo", o mundo dos simples e dos humildes.

Os múltiplos aspectos desta prestigiosa arte popular, dentro de valores tradicionais e de estilos diversos, refletem a alma de nossa "ítala gente dalle molte vite" (gente italiana de muitas vidas).
Na originalidade dos desenhos e nas características combinações de cores dos tecidos e dos tapetes; na pitoresca representação das figuras humanas e de sua história em objetos diversos, do vaso de maiólica à arreta siciliana e ao cabo entalhado do bordão dos pastores; nos inúmeros e variadíssimos objetos de ferro batido e cobre trabalhado, de sobriedade e elegância incomuns; no couro lavrado; na delicadeza e originalidade de rendas, cuja produção está difundida em toda a península; nas cerâmicas de tradição secular; no vidro burilado que tem em Murano seu centro mais famoso, estão presentes a originalidade e o bom gosto dos artesão, cujo espírito arrojado é a continuação daquele espírito, que na Idade Média deu vida às Corporações, com uma evidente antecipação dos valores do homem como operário-artista.

A obra dos primeiros artesãos permanece viva ainda hoje na dignidade e na laboriosidade das antigas "botteghe" (lojas) e escolas de arte.
A história de um povo se identifica com a história de seu folclore e os motivos recorrentes e inconfundíveis de seus usos e de suas cerimônias, são elementos indispensáveis para o seu conhecimento, pois na forma de vida e nos costumes transmitidos ao longo dos séculos, num interminável suceder-se de gerações, é que o povo reencontra a si mesmo e revela suas características mais genuínas. Por isso o mundo fascinante e riquíssimo do folclore italiano desperta o interesse e a admiração de muitos turistas que nele encontram a expressão mais verdadeira e mais bela da vida italiana.
Limitamo-nos a indicar algumas das manifestações mais tradicionais ressalvando, porém, que todas mesmo aquelas menos conhecidas e menos suntuosas, têm sua particular valor e mereceriam ser lembradas.

A REGATA HISTÓRICA EM VENEZAAs origens remontam ao ano 1315, época na qual a República de Veneza estava no auge de seu esplendor. A evolução dos tempos e da cidade não diminuiu a suntuosidade e o caráter desta manifestação, e o espetáculo oferecido no "Canal Grande", para quem o assiste hoje, é o mesmo que foi oferecido a quem o assistia na época da Sereníssima e dos Doges.
Hoje em dia de Regata é realizada no mês de setembro. As embarcações especiais denominadas "gondolini", "mascarole", "caorlino", "mascarete" dirigidas pelos remadores, em sues multicoloridos trajes tradicionais, competem no "Canal Grande" ao longo de um percurso de 7 km., escoltadas pelas "bissone" (grandes gôndolas venezianas de oito remos) suntuosamente decoradas, enquanto as gôndolas, típicas embarcações venezianas, avançam no Canal Grande repletas de convidados e de glória.

A "GIOSTRA DEL SARACINO" EM AREZZOAs origens remontam ao século XII. Corre-se na praça Vasari duas vezes por ano, no primeiro Domingo de julho e de setembro e dela participam as "Rappresentanze" (delegações) dos antigos quatro bairros aretinos. Os Cavaleiros correndo devem golpear o escudo de um automa couraçado armado de flagelo e denominado "Saracino". Pitoresco é o desfile dos cavaleiros, tamburins, trombeteiros, balizas, arqueiros e valetes que escoltam o Capitão. O entusiasmo da multidão à véspera do vencedor é indiscritível.
O PALIO DI SIENAÉ talvez a manifestação folclórica italiana mais conhecida no mundo. Embora desde o século XII se tenha notícia de tais corridas de cavalos em Siena, o Palio, assim como é realizado hoje, só teve a sua origem no século XVII.
Dele participam os 17 bairros (contrade) nos quais se divide a cidade: Aquila (Águia), Bruco (Lagarta), Chiocciola (Caracol), Civetta (Coruja), Drago (Dragão), Giraffa, Istrice (Porco Espinho), Leocornio (Unicornio), Lupa (Loba), Nicchio (Concha de molusco), Oca (Pata) Onda, Selva, Tartuca (Tartaruga) Torre, Valdimontone (Vale de Carneiro).
O Palio, que é um estandarte e possui um valor puramente simbólico, é o emblema da vitória.
Após o desfile histórico pela praça, com o desfraldar das bandeiras, e a exibição dos magníficos trajes tradicionais, a corrida é realizada por 10 cavalos representando 3 bairros, escolhidos por sorteio.
Ganha o cavalo que chegar primeiro, após 3 voltas ao redor da praça, mesmo que o jóquei tenha caído. É um espetáculo de força, amor, destreza, magnífico e solene, muito emocionante. A multidão que dele participa, está pronta para o delírio festivo ou omaior desespero, e após a corrida, felicidade e alegria para quem ganha, zombarias e desespero para quem perde.

A "Torre del Mangia" domina a "Piazza del Campo" e o seu maior sino o "Sunto", chamado assim em honra de Nossa Senhora da Assunção, acompanha com suas badaladas o desfile. A "Torre del Mangia" representa para os seneses o que o Big Ben representa para os londrinos.
O "Palio" é um acontecimento que se repete duas vezes por ano: no dia 2 de julho e no dia 16 de agosto, sempre em honra de N.Senhora. E o que acontece na "Piazza del Campo" nesses dias é preciso vê-lo de perto, porque, como diz Piero Bargellini, "não há escrita que possa descrevê-lo: a febre bairrista deixa cair em delírio os seneses e não somente eles, mas todos os espectadores que, chegados à severa cidade como turistas, se tornam naquele momento seneses, ou seja, loucos, mas daquela loucura que é sinal de vivacidade e juventude".

A FESTA DE SÃO JOÃO EM ROMAA festa de S. João é certamente a mais antiga e característica festa realizada em Roma.
O culto de S. João remonta ao tempo do Cristianismo, mas as origens da manifestação popular são remotíssimas e vêm dos tempos pagãos, quando na primavera era celebrada a festa de Adão, Deus do amor e da juventude, com uma tradição que foi mantida também no Cristianismo: um jovem escolhia uma fovem e lhe pedia para ser sua "comadre". Se acaso ela aceitasse deveria preparar uma cesta de ervas e flores e depois, quando a cesta estivesse pronta, os dois juntos, no dia 24 de junho, dia de S. João, a levariam à Igreja.
Após esta cerimônia, juntamente com os convidades, todos em círculo, bebiam do mesmo copo que passava de boca em boca, e depois banquetes e danças até alta noite.
A festa atual recorda aquela primitiva, porém modificou-se ao longo dos séculos. Hoje a cesta florida não existe mais, mas permanece o hábito de São João: há danças, cantos e música até o alvorecer; comem-se as tradicionais "lumache" (uma variedade de escargot) e bebe-se o ótimo vinho dos "Castelle" para reforçar a alegria reinante. Do antigo mergulho das fontes ficou uma superstição: o banho de orvalho faz bem à saúde.

A FESTA "DI PIEDIGROTTA" EM NÁPOLESUma versão faria remontar a festa, nada menos que aos tempos de Petrônio, que no seu "Satyricon" descreve certas funções pagãs que aconteciam numa zona campestre nas cercanias de uma gruta: em 44 d.C., tais funções teriam sido santificadas com a construção, no lugar onde elas se realizavam, de uma igreja em honra de N. Senhora que foi chamada de "Piedigrotta".
Atualmente, a festa acontece no mês de setembro e dura três dias e três noites: o povo todo vai às ruas e canta, ri, come: o desfile de carros alegóricos se realiza nas ruas principais da cidade, enfeitadas com as mais reluzentes luminárias, as mais lindas flores e repletas de bancas onde se vende de tudo. Na boca da noite não há mais lugar nos restaurantes típicos: é a hora do banquete. Ao alvorecer os clamores e as luzes se apagam com o refrão da última canção para reaparecer com as primeiras estrelas.
Esta festa é um acontecimento turístico, que ultrapassou os confins da Itália, e a canção napolitana, talvez a mais bela e melodiosas das canções, contribuiu para manter viva a lembrança de Nápoles no mundo inteiro.

A MÚSICA POPULARÉ uma expressão artística de inegável valor: está difundida em cada região e contribuiu de forma extraordinária para tornar conhecidos os italianos em todo o mundo.
Uma resenha requereria um estudo por demais complexo. Bastará agora, recordar somente, para uma sumária apresentação territorial, os "canti della montagna" (cantos da montanha), típicos da Itália setentrional: "La montanara"... quem não a conhece?; e os deliciosos "stornelli toscani", zombeteiros e ao mesmo tempo muito expressivos e delicados; os burlescos e descarados "stornelli romani"; a canção napolitana, certamente a mais bela manifestação do sentimento humano, através de suaas variadíssimas melodias que exprimem amor, desilusão, esperança, despeito, alegria, ternura, dor.
Basta saber escolher para achar a canção adequada às emoções do momento. Mas talvez nenhuma seja tão famosa como "O sole mio", que em 1920, nas Olimpíadas da Bélgica, substituiu o Hino Nacional Italiano e foi tocada pela banda belga e cantada por todo o público presente.

A COZINHA ITALIANAPara conhecer a Itália, não é suficiente visitar suas cidades, procurar seus mais sugestivos panoramas, admirar suas ruínas e seus monumentos, percorrer as salas de seus mais famosos museus, caminhar por suas estradas e seus bosques, mergulhar nas águas de seus mares: é indispensável também saborear seus vinhos e seus pratos típicos. A riqueza e a variedade dos usis, costumes e dialetos são facilmente reconhecíveis em nossa península: a cozinha reflete esta riqueza e esta variedade, tanto que no lugar de falar em cozinha nacional, seria mais lógico falar em cozinha regional.
Uma das características da cozinha italiana é, em geral, a "minestra" com massa ou arroz, legumes e verduras cozidos na água ou com carne, temperados nas mais variadas formas; o "minestrone", o "brodo", a "pastasciutta" são primeiros pratos tradicionais; siria impossível imaginar um típico almoço italiano sem incluir nele os gloriosos "spaghetti" ao molho de tomate, ou os saborosos "maccheroni" ao molho de carne, ou os "agnolotti", "ravioli", "tortellini", "cappelletti" ou "gnocchi" servidos de maneiras diferentes, mas sempre bem temperados e em porções abundantes.

As massas e as sopas representam o denominador comum das diversas cozinhas regionais italianas, as quais se diferenciam no restante de maneira extraordinária. Os estrangeiros inventaram o slogan: "Na Itália come-se bem".

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