quarta-feira, 9 de abril de 2008

Lambari - MG - 1860 - A estada do Conde D'Eu e da Princesa Isabel.

Os importantes melhoramentos realizados na povoação em todo transcurso da década de 1860, pràticamente foram iniciados em abril de 1865, quando a Câmara Municipal de Campanha transferiu para a Comissão de Obras chefiada pelo engenheiro Henrique Gerber o encargo de decidir sôbre a construção de casas, a marcação dos respectivos terrenos e os adequados alinhamentos nos logradouros públicos. Os trabalhos foram iniciados pelo engenheiro Gerber e terminados pelos engenheiros Honório do Couto e Francisco Lôbo, obedecendo-se ao planejamento elaborado pela comissao de obras. Todos os trabalhos efetuados nessa época podem ser encarados como trabalhos de saneamento e urbanização; trabalhos de proteção às fontes e à água, e trabalhos destinados a melhor aproveitamento da água.

As obras de saneamento e de urbanização destinadas a afastar as nascentes do ribeirão e da estrada que se dirigia para Campanha constaram na retificação do rio Lambari Pequeno (o atual ribeirão Mumbuca). Para tanto se abriu nôvo leito do rio rente a um morro que foi talhado em corte, se construiu nova ponte e um canal de 15 metros de comprimento, obras que foram orçadas respectivamente em 427$900 (43 centavos) e 90$000 (9 centavos). Os trabalhos de proteção às nascentes e à água consistiram na construção de poços de alvenaria para as tr&s nascentes existentes.As nascentes de água gasosa mais próximas da antiga estrada foram reunidas em um único poço de 50 centímetros de diâmetro, destinando-se a uso interno. A outra nascente gasosa foi protegida por um poço de tijolos coberto por uma laje de pedra, destinando-se à água para uso externo, para os banheiros do balneário, cuja construção fôra já iniciada. A fonte Paulínea, situada em ponto mais afastado das nascentes da água gasosa, recebeu, também, um nôvo poço, feito de tijolos, tendo ao redor uma calçada protetora, de mais ou menos quarenta centímetros de largura. Em meio de pequeno jardim foi construído um pavilhão tôsco, de madeira, coberto de telhas, com piso de ladrilhos, tendo lateralmente um gradil de ferro de oitenta centímetros de altura, . destinado a abrigar e defender o poço em que se fundiram as duas nascentes. A circunstância do jardim recém-construido - que foi logo denominado pelos moradores de Praça dos Poços - permanecer à noite sem nenhuma iluminação e os abusos surgidos com a colheita da água, criaram problemas para o agente fiscal, bem assinalados no ofício em que Pedro Freimont remeteu à Câmara Municipal de Campanha, em 12 de março de 1867, onde se lê:

"O artigo 19 do novo regulamento manda que se cobre. 20 réis de cada copo de agua e quarenta réis por garrafa e isto em beneficio do Fiscal ou d'uma pessoa por elle nomeada; a respeito dos copos axo isso impraticaveI. As garrafas devem pagarem por cauza do encommodo que dão para as pessoas que vem beber, como tambem allagão o ladrilho, quebrão vidros, sujão com palhas e pedaços de curtiça. Peço providencias breves a respeito do posso onde se tira agua para beber, nas noites escuras é o couto da immoralidade, como já partissipei a VV.SS. com um officio pedindo um lampião para o mesmo. É indispensavel averem multas para as pessoa que tirarem agua com vazias e não serem de vidros, loças vidradas ou qualquer metal, com quanto seja limpo.2.0 Lavarem qualquer objeto no poço e nas bombas. 3.0 Para qualquer que sem nessessidade tocarem as bombas. 4.0 Prohibiçães que mininos tirem agua no poço e bombas. 5.° Prenderem animaes nas obras. 6.0 Prohibiçães de tropas, boiadas e carros passarem na praça dos possos a não serem os que estiverem em serviço no lugar. 7.0 Todo gado deverá ser recolhido das 5 as 6 horas da tarde..8.0 Prohibiçães de tirar agua no poço para encher barris, potes e taxos".

Os trabalhos destinados ao melhor aproveitamento da água consistiram na construção do estabelecimento balneário, erguido também em meio do pequeno jardim e em frente ao pavilhão de proteção às nascentes. Em 19 de dezembro de 1868, pelo Diretor da Diretoria Geral das Obras Públicas do Govêrno Provincial, foi enviado o seguinte ofício à Câmara Municipal de Campanha: "Logo que ultimarem-se as obras do estabelecimento balneario do Cachambú tem o engenheiro Horta Barbosa de ir tratar da conclusão e conservação do estabelecimento das Aguas Virtuosas do Lambary. Solicito por isso de V. S. toda coadjuvação em bem de que não encontre o dito Engenheiro difficuldades que demorem a realização dos trabalhos de que vae ser encarregado".

As obras do estabelecimento balneário estavam em andamento, quando, em fins de agosto de 1868, chegaram às Águas Virtuosas da Campanha o Conde D' Eu e a Princesa Isabel. Durante dois meses e meio os dias correram tranqüilos para os príncipes imperiais, preenchidos com passeio a cavalo pelas redondezas.Enquanto a Princesa se exercitava no fabrico de queijo pelos sítios e fazendas e se divertia jogando xadrez ora com o esposo, ora com o Visconde de Lages, o Conde D'Eu procurava por em dia a sua correspondência e acompanhava com interêsse os acontecimentos da guerra do Paraguai. Realizando-se por essa época eleições municipais, ao Conde não passaram desapercebidas as manobras partidárias de suborno e de violência e nem a advertência dos liberais para que os correligionários abandonassem o pleito, classificando tudo de ardil de baixa política, já usado na Espanha, achando, ainda, que o gesto dos liberais externava "exhortation á tendances anarchiques". Nas cartas enviadas a seus amigos e parentes encontram-se sempre expressões de grande entusiasmo pelas águas e pela beleza das cercanias das Águas Virtuosas, semeadas de pinheiros. Na carta de 10 de outubro de 1868, dirigida a seu pai, Sua Alteza assim se manifestou: "os arredores daqui são encantadores para excursões a cavalo; os dias são de deliciosa primavera e dificilmente se encontra recanto mais bonito" e termina afirmando que a decantada Floresta Negra, com sua cadeia de montanhas que correm paralelas ao Reno, não é mais pitoresca do que o aprazivel lugar em que se encontra.
Em 15 de novembro de 1868, ap6s dois meses e meio de estada, Suas Altezas partiram das Águas Virtuosas chegando a Caxambu dois dias depois, demorando-se aí poucos dias, pois a 8 de dezembro de 1868 assistiam à Procissão realizada em louvor de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida.

(OBS) Escrito na linguagem da época

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