Lambari - MG - Das águas - Seus exploradores - Origem
Em 1860, o Conselheiro Antonio Saldanha Marinho, então presidente do Estado, mandou iniciar os primeiros trabalhos para aproveitamento das águas, e dêles incumbiu os engenheiros Henrique Gerber, Francisco Lobo Pereira e Honorio Soares Couto, que, preliminarmente, mudaram o leito do rio 'Mombuca, então vizinho das fontes.
A primeira análise das águas, oficialmente feita, deve-se aos Drs. Agostinho José de Souza Lima, José Borges da Costa e Ezequiel Correia dos Santos, executada em 1872. (*) Em 25 de Fevereiro de 1872, o "Monitor Sul Mineiro" divulgou que o Presidente da Província, Dr. Joaquim Pires Machado Portela, "mandou concluir as obras dêste estabelecimento há anos interrompidas, cujo orçamento anda por 15 (quinze) contos de réis, incluindo o ajardinamento e embelezamento da praça junto aos poços".
Até 1880, as propriedades curativas das Águas Virtuosas eram quasi desconhecidas do nosso mundo médico e mesmo do público em geral. O Dr; Eustachio Garção Stockler, a quem todo o lambariense deve prestar grande preito de gratidão, autorizado pela Lel Estadual nO 3.561, de 25 de Julho de 1888, para exploração das águas, obteve o privilégio por 50 anos a começar de 7 de Outubro.de 1882, e a Lei Nº 277, de 14 de Setembro de 1899, autorizou o govêrno a prorrogar a concessão por mais 20 anos. Essa prorrogração foi decretada em 5 de Outubro de 1900. Assim estribado num sólido contrato e por largo tempo o ilustre médico se dedicou com entusiasmo à sua propaganda, difundindo seus conhecimentos sôbre as virtudes curativas das águas e logrando vê-Ias procuradas por razoável número de aquáticos;
Em 1885 êste senhor, competente médico, que, sem favor, deve ser considerado o pioneiro do hidro-climatismo-terapêutico de Lambarí, construiu o estabelecimento hidroterápico e o parque das fontes.Mas. .. não se sabe quais os fados que fizeram Eustaquio Garção Stockler estacionar, pois, por volta de 1894 a exploração das águas, comercialmente, estava com a Companhia União Industrial do Brasil e datam desta época a construção do galpão de engarrafamento, o assentamento das máquinas de gazeificação, a cobertura das fontes, o preparo do parque, as instalações de banheiras e outros serviços.Em 28 de Janeiro de 1895, a "Emprêsa de Aguas Minerais Lambarí, Cambuquira" assinou com o govêrno o contrato para a explora'ção das águas e êste contrato foi modificado por têrmos em 15 de Dezembro de 1900; mas, em princípios. de 1904, esta Emprêsa entrou em liquidação forçada e o Govêrno, autorizado pelo Decreto nº 1.903, de 18 de maio de 1906, assinou a escritura em 19 daquêle mês, encampando os bens e direitos da mesma emprêsa." O Estado adquiriu por essa compra em Aguas Virtuosas:
A) - O Parque, com uma área de 5.530 m2, cercado de gradil de ferro e de madeira, sôbre sapata de alvenaria de tijolos;
B) - O Estabelecimento Balneário, medindo 30 x 12 metros, com dois pavimentos, contendo aparelhos de duchas e de eletricidade; banheiras de ferro esmaltado, alguns instrumentos de observatório metereológico, duas grandes caixas dágua, e a respectiva mobília;
C) - O Cassino, medindo 30 x 11 metros;
D) - As fontes minerais denominadas do Parque, recentemente captadas, da Bomba - Maria e Paulina;
E) - Duas caldeiras verticais;
F) - Dois pulsômetros números 3 e 4;
G) - Três burrinhos para elevar água às caixas do estabelecimento balneário;
H) - Uma linha de bonde de: Om,90 de bitola e 100 metros de trilhos, ligando a fonte do Parque ao Galpão de engarrafamento;
I) - O Galpão de engarrafamento de águas com todos os terrenos e dependências, os terrenos, casas e benfeitorias anexos à fonte do Parque."
A captação das águas, separadamente por nascentes, porém reunidas sob um só pavilhão, foi feita pelo Engenheiro Benjamin Jacob incumbido pelo Dr. Francisco Salles, em seu govêrno, de 1905 a 1906 .Este competente engenheiro executou um trabalho perfeito, terminado a 29/11/905. Em 1907, o químico H. Pellet analizou também as nossas águas (*) e terminou dizendo: "As águas de Lambarí são particularmente puras, no ponto de vista das substâncias minerais". Finalmente em 1916, o Dr. Alfredo Schaeffer, Chefe do Laboratório de Análises do Estado, efetuou o último análise das águas (**) que vem sendo divulgado até nossos dias.De passagem preciso se torna dizer da necessidade de uma retificação dêsses exames, não desmerecendo o trabalho do Dr. Schaeffer nem o do químico francês H. Pellet, nem nos referimos aos exames bateriológicos que mensalmente são feitos na Divisão do Instituto de Higiene, que invariavelmente concluem dizendo "as amostras analisadas apresentam--se em condições higiênicas satisfatórias", mas, porque com aparelhamento moderno e mesmo recursos analíticos atuais, nos permitirão conhecer característicos de rádio-atividades através de seus gases raros e que poderão nos revelar novas virtudes curativas das nossas águas.Em 1909, parece, começou a ralar para Lambarí uma nova aurora, grandes projetos se faziam então: desapropriações para aumentar a proteção das fontes e dotar a cidade de melhoramentos que pudessem torná-Ia digna do nome de estância de hidro-climatismo-terapêutico. O Govêrno, abria pelo Decreto n" 2.546, de 26 de Maio de 1909, o primeiro crédito para início das obras. O Govêrno do Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes, que vinha de criar a Prefeitura Municipal (Decreto n" 2.528, de 12/5/1909), nomeou como seu prefeito n" 1, o Dr. Americo Werneck.
Com o primeiro crédito lançado, que foi de Cr$ 300.000,00 (trezentos contos de réis, na 'época) sucederam-se outros, assim é que até 31 de Dezembro de 1912, o Govêrno já havia empregado em Lambarí Cr$ 2.652.092,60 (dois milhões, seiscentos e cinquenta e dois mil e noventa e dois cruzeiros e sessenta centavos) entregues ao ex-Prefeito Dr. Americo Werneck, parte e o restante, ou sejam Cr$ 450.092,60 ao então prefeito Raul Noronha Sá. "O Govêrno não desejando limitar-se a explorar as águas e sim preparar o local para atrair maior número possível de pessoas que quizessem fazer uso das mesmas, resolve construir obras de grande importância por intermédio dos respectivos prefeitos.
Constavam estas obras de um Cassino, edifício de grandes proporções e bonita arquitetura; um extenso Lago destinado a passeios em gôndolas venesianas; um edifício para leiteria; uma fábrica de gêlo de grande capacidade de produção; um edifício para mercado de flores; abastecimento de água à vila; instalação de luz elétrica; cêrca de 8.000 metros de avenidas novas com 15 e 18 metros de largura; grande extensão de aterros e um novo parque em frente ao Cassino" .Em 16 de Maio de 1912, o Govêrno celebrou com o Dr. Americo Werneck o contrato que foi retificado por escritura pública de 13 de Junho de 1912, para arrendamento da Estância Balneáriâ de Águas Virtuosas, exploração de águas e execução de obras. :Este Engenheiro, após dar início às obras, como a construção do edifício para o Cassino, atêrro e formação do Parque Wenceslau Braz, barragem do rio Mombuca e represamento das águas do rio Lambarizinho. Construindo a barragem ao lado do Mombuca, fez surgir o grande Lago. Desafortunadamente, êste arrendatário, que tinha elaborado um vasto plano de melhoramentos para embelezar a cidade, se viu hostilizado pelo Govêrno, que lhe rescindiu o contrato' em 1 de Julho de 1915. Surgiu com isto a demanda dêste Engenheiro contra o Govêrno, que durou vários anos.Em 1922 "entrou o Estado na posse dos bens incluídos no contrato de 16/5/1912 e os confiou à Secretaria de Agricultura, Indústria, Terras, Viação e Obras Públicas", sendo Secretário na época o Dr. Serapião Daniel de Carvalho, que determinou o prosseguimento das explorações das águas por conta do Estado e até que se arrendasse novamente a estância.
O Sr. Dr. Joaquim "Furtado de Menezes, então Prefeito, superintendeu o serviço, "que foi compensador para os cofres do Estado" . Durante êste período, foram demolidos o velho Cassino,
e o estabelecimento balneário que . o ex-concessionário deixára em ruínas, sendo consertados os parques, a cobertura das fontes, o mercado de flores, a fábrica de gêlo, o grande Lago e o engarrafamento, gastando-se nessas obras considerável soma".
Posteriormente, por contrato de 10 de Junho de 1922, foi a estância arrendada ao Sr. José Gonçalves Saléro, que solicitou e obteve a exclusão do Cassino, com o que se encontrava em seu interior e transferência do contrato ao Sr. Ignacio Gabriel Prata.Este contrato terminou em 9 de Junho de 1924, sendo tacitamente prorrogado enquanto se estudavam as bases de um novo... Finalmente, em 20 de Junho de 1925, foi feito mais um contrato, êste agora com o Sr. Salvador Olivera, que, entre outras obrigações, assumiu as de: "fazer no edifício do Cassino tôdas as reparações necessárias, obedecendo aos planos do Govêrno; fazer a captação da fonte nº 5; construir um estabelecimento balneário de primeira ordem, com todos os aparelhos aconselhados para aplicações das águas e de banhos helioterápicos e hidroterápicos, de gás carbônico;construir e manter um campo de "sport" para todos os jogos e exercícios atualmente usados em estâncias hidro-minerais como diversão para os visitantes, tais como tenis, patinação, piscina de natação, pista de ciclista, diversões para crianças; promover a piscicultura no Lago ; aparelhar o farol, de modo que êle preencha os seus fins; construir uma artística fonte luminosa". Êste contrato chegou aos nossos dias, com as figuras centrais porém de Baldonero Barbará e João Pinheiro Filho; o Govêrno Estadual ao assiná-lo estava crente que havia encontrado a fórmula mágica... de se aliviar dos encargos para com as estâncias, pois os rcspectivos prefeitos não lhe davam descanso, pedindo, no que faziam muito bem, melhoramentos e mais melhoramentos... pois a autonomia administrativa das prefeituras hidro-minerais era, então; um mito aberrativo perante o direito das gentes! Não pensava de outro modo o Sr. Secretá,rio da Pasta da Agricultura, quando em seu relatório apresentado ao Govêrno, após a assinatura do último contrato, assim terminara: "êste ajuste, segundo creio, abriu para a Secretaria uma nova fase em matéria de contratos, pois tem ela agora um modêlo Por onde se poderá guiar com segurança, para não incidir nos erros dos contratos Werneck, Wigg e outros"... Como se enganava ! Por fas e por nefas, os concessionários se mantêm até hoje de posse desta fonte fantástica de renda que é a exploração de uma estância. hidro-mineral, sem atender as justas reclamações do povo, que angustiadamente vem bradando contra o descaso e os desmandos dos mesmos, os quais deixam quase desaparecer no roldão do tempo esta obra prima de arquitetura que é o Cassino, que deixam o mato afogar a linda.avenida ao redor do Lago, que deixam o farol, corroído pela ferrugem, tornar-se imprestável, que deixam a água, em milhares de litros, correr para o rio sem aproveitá-la sequer para banhos de piscina!. .. Mas chega do passado, passemos ao presente, que êste é promissor para Lambarí.No Congresso das Estâncias Hidro- Minerais, realizado em Poçós de Caldas, de 8 a 12 de Janeiro de 1948, em obediência ao "Plano de Recuperação Econômica e Fomento da Produção" elaborado pelo Governador Milton Campos, o Sr. Secretário da Pastá.da Agricultura, Dr. América Renê Giannetti, focalizou os problema das estâncias hidro-minerais, resumindo-os da seguinte maneira com referência a Lambarí:
1) Serviço de readaptação e aparelhamento das fontes;
2) Construção de um pavilhão destinado ao engarrafamento e aquisição de máquinas necessárias para fabricação de rótulos, capsulas, engradados, etc.;
3) Construção de um balneário carbo-gasoso, com capacidade para 24 banheiras, incluindo duas instalações para düchas e outros tratamentos hidro-terápicos, de acôrclo com a natureza das águas;
4) - Remodelação do parque, construção da praça de esportes, inclusive piscina;
5) Instalação de uma fábrica ele garrafas para produção diária de 30.000 garrafas;
6) Capital de movimento e destinado a outros serviços necessários .
Através dêste plano, o Govêrno destina a Lambarí a verba de C~$ 3.000,000,00 (três milhões de cruzeiros), o que é pouco, sem dúvida, mas de muito virá influir na economia local aparelhando-a do necessário a ser uma das melhores estâncias do Sul de Minas.Hoje que as Prefeituras das estâncias gozam de autonomia administrativa, esplêndida conquista de seu povo nos postulados da democracia, que podem e devem bastar-se a si mesmas aliviando o govêrno da tutela que usufruiam, é bem louvável o gesto dêste esplêndido govêrno, que, bem compreendendo o seu papel de dono das riquezas do sub-solo, vem de encontro aos problemas insolúveis pelos defeitos das administrações passadas e chamam a si a solvência dos mesmos, na mais perfeita compreensão ele dirigentes do povo e cônscios de seus deveres administrativos.
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