Lambari - MG - Origem das àguas
A origem das águas minerais, segundo a maioria dos hidrologistas, obedece às mesmas leis que regem a procedência das águas comuns teluricas, de origem geológica e ígnea, pela combustão do 'hidrogênio e oxigênio nas profundezas do solo, pela temperatura e o percurso feito em determinadas regiões onde o sub-solo possúi ,.elementos mineralizadores mais acentuados, afloram depois à superfície, carregadas dos, mesmos com os seus característicos medicinais.Por isso, sendo a bacia hidrológica de Lambarí, rica de sais alcalinos terrestres, tais como a cal, a soda, a magnésia, a potassa, os óxidos de ferro, alumínio, etc., quando em contacto com a água produzem um gás que a caracteriza, o ácido carbônico, e brota rica, como nenhuma, de seus princípios minerais, curativos como adiante descreveremos.
Ação terapêutica:
A ação curativa das águas virtuosas de Lambarí, faz-se, não so pela totalidade de seus sais, solubilizados, como também pelas suas constantes qualidades físicas, a radioatividade. A riqueza de sua composiçao química levando em sua feição sais alcalinos e mineralizantes introduz no organismo, quando ingerida, elementos curativos que atuam de tal maneira que surpreendem o doente e o próprio "Médico.Nossas águas fluídificam a bílis alcalinizando-a, atuam nas congestões hepáticas, nas cirroses; agem rapidamente no aparêlho renal produzindo abundante diurese; removem cálculos renais e vesicais;têm aplicação nas litieses hepáticas, nas pielites, cistites e uretrites.Dão apetite, pois promovem. o aumento do suco gástrico através do gás carbônico que possuem em apreciável quantidade.O seu poder de evitar ou alterar a anafilaxia, anulando as toxinas, foi sobejamente demonstrado pelo sábio Dr. Vital BrasiL
Este luminar da ciência médica brasileira, após imunizar com água da Fonte nº 1 pequenos animais de laboratórios, injetava nêles fortes doses de veneno ofídico, sem que nada. sofressem.Quanto ao seu poder anagotóxico, isto é, atenuador da ,ação das substâncias tóxicas, que possuem nossas águas, levaram os médicos a aplicarem-na como anti-alérgica, por via hipodérmica, na cura de eczemas. e. úlceras por vezes rebeldes ao tratamento de, bismutados e arsenicais.Também se faz uso das águas em banhos; elas atuam prodigiosamente na hipertensão arterial fazendo-a baixar rapidamente, e com criteriosa terapêutica estabiliza-a.
Nossas águas têm acentuado poder agocítico, isto é: intensifícador da proliferação celular, por isso obtem-se ótimos resultados;usando-as em duchas nas leucorréias, ulcerações e vulvo-vaginite.
Quanto à aplicação em banhos de imersão, denominados hidro carbo-gasosos, tem segura indicação nos casos de insuficiência cárdio circulatórias. Os banhos são vaso-dilatadores, hipotensivos e cardiotônicos. Cumpre-nos aqui, por um dever de honestidade profissional, declarar que a prática dos banhos atualmente deixa a desejar, uma vez que anexo às fontes não temos um estabelecimento balneário a altura dos nossos merecimentos. A instalação rudimentar do que existe, com o aquecimento da água _ em recipiente improvisado, o seu transporte da fonte para o aparêlho aquecedor e dêste para a banheira, forçosamente empobrece a água de sua riqueza em gáses raros de 15 % pelo menos, o que breve, parece, poderemos aproveitar todo o potencial curativo destas águas, aplicadas assim externamente em banho quando possuirmos o estabelecimento modêlo de que nos fala o Govêrno através de seu Plano de Recuperação Econômica e Financeira do Estado, ao qual fizemos referências linhas atrás. Entretanto, devemos salientar que mesmo assim se tem conseguido bôas curas, o que atestam as observações de mais de um médico crenólogo residente na cidade.
Contra-indicações:
Seria falhar Íragorosamente, se em nosso modesto trabalho, não fizessemos referências às contra-indicações de nossas águas, o nosso amor a verdade obriga-nos a citar as mesmas. Baseado em observações colhidas pelos nossos médicos crenologistas, e divulgadas, anotemos as seguintes:
a) Tuberculose em qualquer grau;
b) Úlceras gástricas;
c) Cancerosos em geral;
d) Asistolias;
e) Insuficiências aórticas;
f) Aneurismas.
Prescrição das águas
o uso das nossas águas não deve ser feito sem se ouvir a opinião abalisadados médicos, mormente os locais. Estes crenólogos ·armazenam grande dose de observações quanto a ação das águas, ·curativas sempre, mas quando criteriosamente prescritas. A rebeldia de muitos aquáticos que negligenciam a prática da consulta prévia " é causa determinante dos dissabores de muitos e do não aproveitamento de outros que se persuadem, imprudentemente, de que vir a uma estância hidro-mineral é para beber muita água". Outro ponto importante que precisamos ferir, é o da permanência. Há muita controvérsia quanto ao período de cura, para os que aqui apartam, "Visando tão somente refazer a saúde; só após se entregarem aos cuidados médicos é que poderão determinar o seu tempo de terapêutica. Nem 7 nem 21 dias; sendo preciso mais, ou menos, o facultativo é que determina. Fóra disso, o clínico, se não fôr necessário mais no período agudo, também deve ser ouvido para informar sôbre o uso ou não permanente das águas. Dizer-se que elas podem ser usadas como uma água simplesmente potável seria revelar crassa ignorância quanto aos conhecimentos de crenologiá ou é uma água-remédio ou é água. comum; por isso o hidro-climatismo-terapêutico é uma ciência, e a hidrofagia (o hábito de ingerir água) cousa muitíssimo diferente. Uma água de consumo ou potável deve ser límpida, sem côr, sem cheiro e de um sabor particular, que se não define, mas é agradáveL.. "o sabor agradável da água de bebida deve ser fraco ou nulo, sem denunciar algum excesso, salino ou picante". As nossas águas são portanto diferentes destas, são águas minerais, e, como tal, consideradas de "um gôsto especial, usadas em regime ou como remédio"!
Somos dos que pensam que a "balela" dos 21 dias de permanencia em uma estância hidro-mineral, como suficientes para uma cura. se originou da falta que sentia o país de uma cadeira de crenologia em nossas Faculdades de Medicina, o que hoje não mais aconteceria, pois já contamos com esta cátedra em nossas universidades. Aquela ausência fazia com que nossos clínicos fossem se abeberando em mestres franceses. Se na França há esta escola, é causa de suas águas, ricas' em bicarbonato de sódio, pois que a. Vichi tem cêrca de 6 gramas dêsse sal por litro; ora, uma carga dêste elemento alcalino introdusida no organismo determinará uma alcalinização exagerada e consequente irritação gástrica.
Por outro lado, olhar-se para o hábito, ou melhor diremos para o mistério dos 7 dias ou 7 anos, que até hoje permanece insolúvel para a humanidade, em que a natureza se modificá; sempre, de 7 em 7, ainda assim não está certo, porque a ciência hoje, e mesmo a prática desmente isso. Concluindo, damos a palavra aos médicos, tornando a repetir: a êles é' que 'compete decidir o tempo suficiente de uma permanência para cura!
As indicações terapêuticas aqui descritas, foram computadas, conferidas e achadas conforme pelo prefaciador dêste trabalho; não se diga pois que o autor, embora farmacêutico conhecedor das diferentes posologias dos elementos curativos inorgânicos, invadira Seára alheia; 'referem-se 'às"indicações, . às' fontes' nº 1 (fortemente gasosa), nº 2 (menos gasosa, porém o gás está mais dissolvido na água), nº 3 (magnesiana) (*).
Lambarí possui ainda mais duas fontes, a nº 5 (Paulina) chama-da ferruginosa, é uma linfa, transparente,incolor, inodora. de sabor picante e ligeiramente "styptico", e também gasosa. Tanto esta como a nº 6 não estão captadas. A nº 6 (Maria) é também uma água límpida, transparente e incolor, de sabor picante e cheiro pouco pronunciado de ácido suIfídrico, pelo repouso apresenta depósito avermelhado (hidrato de ferro).
A abundância de água mineral em nossa cidade ainda não foi igualada;basta dizer que só a fonte nº 1 tem uma vasão de 150.000 cento e cinquenta mil)" litros em 24 horas, isto tanto no inverno como no verão, o que equivale a dizer que a estação chuvosa não influe de maneira alguma na fonte, sua captação perfeita não sofre infiltrações de águas adjacentes. O mesmo se pode dizer quanto as outras fontes. Não obstante esta fartura de água, Lambati exporta anualmente 2.400.000 garrafas, mas pode expottar, depois de convenientemente aparelhada, 73.000. 000 de litros ou sejam 146.000.000 de garrafas. Assim sendo, exportamos apenas 17% de nossa capacidade exportável. As possibilidades de consumo são grandes, e, maiores serão, se o preço se tonar mais acessível. Não se devendo desprezar os mercados sulamericanos, mórmente o da Argentina, que de água mineral é paupérrima, bastando dizer que a Única água existente, a de "Vila Vicanzio", é vendida a 1 pês0 a garrafa (cêrca de 3 cruzeiros nossos).
Antes de terminarmos êste capitunlo desejamos frizar que o uso das águas, longe da fonte, é sobremodo saudável por' se tratar de uma água mineral bôa, que, sem dúvida, beneficia o organismo que a ingerir. Mas, todo o seu poder curativo só é encontrado e aproveitado, quando ingerida na própria: fonte, porque a sua radiôatividade só está nas fontes; fóra delas, não existe, perde-se "em cinco dias quando muito, após o engarrafamento. Não se ignora mais, no mundo médico moderno, o poder curativo dêste agente, talvez mesmo o principal fator terapêutica das águas minerais radioativas. Por isso, uma estação de cura só é possível fazer-se no local das fontes das águas.
Já vai longe o tempo em que o Dr. Theodureto Nascimento, antigo Inspetor das Águas Minerais do Estado de Minas, em relatório ao Govêrno, clamava pela criação de uma "Cadeira de Termo climatologia" em nossa Faculdade de Medicina, hoje uma realidade.
Os nossos médicos modernos não ignoram tudo que se relaciona com a hidrologia e o "climatismo", por isso é ainda com pezar que vemos médicos brasileiros indicarem a seus clientes curas, hídricas com águas estrangeiras, quando temos no país, mormente em Lambari, fontes que rivalisam com as estrangeiras e lhes levam a palma em muitos pontos de vista. Um apêlo, pois, aos Srs. médicos: Mandem-nos seus clientes quando vejam em nossas águas seguras
-indicações para os seus males, que não se arrependerão, pois quem vem a Lambarí e bebe suas águas, gosa de seu clima e convive com sua gente fica um "fan" de nossa cidade, é tal o ambiente que o forasteiro mesmo que não queira se torna cativo.
REGIMENS ALIMENTARES
Não podiamos deixar de, neste capítulo, fazer referências a questão de alimentação. Uma grande parte de veranistas vêm a estância fazer uma verdadeira "cura de engorda", sendo certo também que há os que vêm para emagrecer!Aquêles são os depauperados, desmineralisados, e êstes os pletáricos, obêsos.
Os médicos vêm-se, às vezes, em apuros, quando são obrigados a assistir os seus clientes com uma alimentação especial dietética - e esbarram de encontro à ineficiência das cosinhas. Há necessidade de ter bons cosinheiros, diplomados nesta questão de regimens alimentares. A cosinha dietética não está mais no período do empirismo do século passado; hoje é uma ciência positiva e os alimentos ocupam, na vida humana, o papel primordial; a evolução social, médica e mesmo familiar, deu-nos conhecimentos nescessários para encararmos a alimentação como uma necessidade, biológica-social.Felizmente, em Lambarí há bons cosinheiros, que se prestam a confeccionar pratos dietéticos dentro dos rigores científicos, compondo os regimens ditados pelos médicos, com critério.O celeiro da cidade é bem nutrido; há abundância de carnes, leite sadio, frutas variadas, peixe, ovos, aves; e caças, por vezes.
(OBS) Escrito na linguagem da época
Seja o primeiro a comentar!
Postar um comentário
Não serão aceitos comentários Anônimos (as)
Comentar somente sobre o assunto
Não faça publicidade (Spam)
Respeitar as opiniões
Palavras de baixo calão nem pense
Comentários sem Perfil não será publicado
Quer Parceria não será por aqui.(Contato no Blog)