Inflação e deflação



A moeda significa o direito a uma parcela da riqueza nacional. Assim, supondo que houvesse apenas 10 moedas em circulação, quem detivesse uma teria direito a usufruir de 10% de todo patrimônio do país. Se o governo resolvesse fabricar mais dez moedas, sem aumentar a riqueza, o detentor daquela moeda já não teria direito aos 10%, posto ter que repartir o quinhão com as outras dez colocadas no mercado. Neste caso, apuramos uma inflação de 100%.



NO ENTANTO o governo, mercê de impostos, retiradas através de compulsórios, taxas, multas e várias rubricas que cria, a rigor pode eximir de circular a percentagem que lhe aprouver. Supondo que a cada ano o governo retire uma moeda de circulação, incinere, ou a deposite em algum paraíso fiscal, a cada ano a moeda que permanece em circulação comprará cada vez mais. Na velocidade exemplificada, entre 10 e 20% ao ano. Este fenômeno é justamente o contrário da inflação, e leva o nome de deflação.Como a capacidade gerencial das nações tem se restringido apenas a percorrer tal eixo, e como nada no mundo é estático, a humanidade é levada a buscar o equilíbrio neste movimento bipolar.Não são poucos os institutos com vistas às medições, a fim de proporcionar aos meios produtivos os parâmetros necessários aos projetos que implementam. Tudo à tôa, tudo em vão. Os institutos apenas acusam efeitos de ações já acontecidas; suas informações serão sempre obsoletas.Assim como para medir a febre no corpo existe um ponto específico, para identificar a temperatura da moeda é mister colocar o termômetro na cabeceira, isto é, na casa da moeda. No caso do valor do dinheiro, contudo, por sua relação direta com a quantidade de bens produzidos, sua aferição requer o balanço do que se tem. Embora esta foto também se refira a um passado, é através da conjunção que se pode mais ou menos aquilatar em que ponto do eixo nos encontramos, bem como sua direção.Ensina a história que os períodos de inflação são antecedidos pela incidência da deflação. O exemplo mais fulgurante encontramos na horrososa década de 1920 americana, que culminou com o maior desastre econômico que se tem notícia. Para recuperar o paciente, o remédio foi a inflação acelerada, a partir de um programa de gastos governamentais, através do pomposo nome de New Deal. Em nosso meio John tornou-se João, e levou o nome de Estado Novo.Em 1945 a inflação já tinha cumprido o papel, e Tio Sam estava mais sadio do que nunca, nem tanto pela manipulação monetária envolvida, mas pelo usufruto dos despojos proveniente da vitoriosa Guerra.Nesta efeméride nossa participação foi insignificante, de modo que continuamos com a doença impregnada, estendida por quase três gerações.


A interferência do FMIO Fundo Monetário Internacional teve que intervir nas irresponsáveis políticas das republiquetas, tendo em vista o incremento da globalização e do comércio internacional.O Brasil viu sua Casa da Moeda lacrada, impedida de fabricar a moeda sem a correspondência com o que produzia. Os impostos, as taxas, os compulsórios, o enxugamento monetário, e principalmente as taxas de juros aplicados no período inflacionário, contudo, não foram reduzidos, de modo que o expediente refreou de modo abrupto a quantidade de dinheiro em circulação. Ora, como bem sabemos, a moeda tem a função oxigenar a produção; caso haja escassez, é trivial concluir o estrangulamento. A moeda, contudo, por mais escassa, valerá mais, de modo que quem a detém estará, fatalmente, mais rico, justamente na proporção de sua escassez. Eis a razão da deflação contemplar, especialmente, os bancos e as empresas públicas.-A partir dos anos setenta, com o aumento vertiginoso dos preços do petróleo e da primeira manifestação de escassez dos alimentos, o mundo conheceu o fenômeno da estagflação, o misto de inflação com recessão, algo totalmente impensado pelo grande formulador do macête inflacionário. Pretendo amanhã abordar este efeito, fantasma maior do que todos, o qual muitos economistas tem vislumbrado sua silhueta.

fonte: Nav's ALL

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