O governo irlandês admitiu nesta sexta-feira (13) a vitória do "não" no referendo sobre o novo tratado destinado a reformar a União Européia.
Votaram pelo "não" 53,4% dos eleitores, contra 46,6% pelo "sim".O presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, disse que, apesar do plebiscito, o processo de ratificação do Tratado de Lisboa deve continuar.
Em comentário sobre a vitória do "não" no referendo da Irlanda sobre o Tratado de Lisboa, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, declarou que "não se pode agora nem mesmo imaginar recomeçar do zero". "Também não se pode pensar que a decisão de pouco mais da metade dos eleitores de um país que representa menos de 1% da população da UE possa impedir o indispensável, e agora urgente, processo de reforma", acrescentou. Para Napolitano, "se não for ultrapassada a regra da unanimidade para a ratificação de tratados, a União Européia está condenada à paralisação e à dissolução".
"As forças políticas e os governos de tradição européia têm a responsabilidade histórica, perante às futuras gerações, de empenhar-se para afastar semelhante risco, para preservar o patrimônio de 50 anos de inestimáveis conquistas", acrescentou. "É hora de fazer uma escolha corajosa por parte daqueles que querem dar um desenvolvimento coerente à construção européia, deixando de fora quem, apesar dos compromissos solenemente combinados, ameaça bloqueá-la", concluiu Napolitano.
Já o chanceler italiano, Franco Frattini, declarou que "a estrada da integração européia não pode ser interrompida". "Devemos retomar a estrada da integração européia, trabalhando juntos, evitando acelerações unilaterais, que não ajudam nem o progresso da Europa nem o objetivo de um forte relançamento de nossa ação comum", disse Frattini.
Mulher passa em frente a pichação contrária ao Tratado de Lisboa em rua de Dublin, capital da Irlanda (Foto: AFP)
O objetivo do Tratado de Lisboa era facilitar o processo decisório dentro do bloco, instituindo novos mecanismos de defesa e relações exteriores, além de um mandato de longo prazo para um presidente do Conselho Europeu. Entidades de agricultores e empresários, sindicatos e os três maiores partidos da Irlanda davam apoio ao tratado. No dia de votação, casas de apostas ainda indicavam um amplo favoritismo do "sim".
Graças à prosperidade que experimentou como membro da UE, a Irlanda é um dos países mais "eurófilos", segundo as pesquisas. Mas adversários do Tratado de Lisboa dizem que a nova ordenação política tiraria poder dos pequenos países e acabaria com a histórica neutralidade irlandesa ao concentrar em Bruxelas novos poderes de defesa e diplomacia. Não é a primeira vez que o eleitorado irlandês passa uma rasteira na UE. Em 2001, a vitória do "não" ao Tratado de Nice quase impediu a ampliação do bloco para o Leste. O governo repetiu o referendo, e o "sim" prevaleceu. Desta vez, porém, o governo diz que não cogita repetir a votação.
Na semana que vem, uma cúpula da UE em Bruxelas deve reafirmar seu compromisso com o tratado e pedir à Irlanda que indique como pretende proceder. Já houve ratificação ao tratado em 14 Parlamentos nacionais.
Com informações de Jonathan Saul e Peter Graff, da Reuters, em Dublin, e da Ansa
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