quinta-feira, 25 de março de 2010

Basilicata


( Webcam: Matera (MT), Potenza (PZ) )
Única região da Itália a possuir uma dupla denominação, Basilicata, como é oficialmente reconhecida, ou Lucania, como era conhecida antigamente e o nome mais afetivamente ligado aos seus pouco menos de 600 mil habitantes, é um território de menos de 10 mil quilômetros quadrados.

Localizada na parte meridional da Itália, a terra dos lucani é o lugar onde se encontram os “Sassi” di Matera – pedras de Matera -, que serviam de habitação para povos pré-históricos. Não é por acaso que a Unesco declarou esse tesouro arqueológico, localizado em uma das duas únicas províncias da região, Matera (a outra é Potenza, onde está a Capital, que leva o mesmo nome) como patrimônio da humanidade. Inúmeros sítios identificam os períodos do paleolítico inferior, médio e superior.



Banhada a sudeste pelo mar Jonio e a sudoeste pelo Tirreno, salpicada de montanhas em seu interior, a Basilicata conserva a simplicidade das origens. Em todos os aspectos, a começar pela gastronomia, genuinamente marcada pelo seu caráter mediterrâneo e por um vinho muito apreciado, o Aglianico del Vulture.


Um poeta que por lá circulou, sem conter seu entusiasmo, abriu os braços e cantou Basilicata chamando-a de terra mágica e hermética, de luz e argila, de bosques verderjantes, de contrastes que envolvem nosso espírito com o seu misticismo, onde os traços dos ritos pagãos se misturam aos cultos cristãos da antiguidade.


Aliás, por falar em poeta, é em Basilicata, mais precisamente em Venosa, a terra de Horácio, o inconfundível sábio latino. Na Basilicata também nasceram posteriormente outros importantes nomes da poesia italiana como Gazio, Isabella Morra e Luigi Tansillo.


Voltando às expressões de religiosidade: elas assumem uma dimensão quase sufocante em lugares como a abadia da Santíssima Trindade, erigida em Venosa na Idade Média. Ou em Matera, no deslumbrante templo em honra a São Francisco. Ou então nas pequenas capelas, muitas seculares, escondidas em meio aos vales. Ou em monastérios como o de Santo Ângelo, no monte Reparo.
Os afrescos da cripta do pecado original, igualmente em Matera, revelam a arte a serviço da fé.


A Basilicata, na verdade, tem essa peculiaridade: o visitante pode literalmente submergir em uma ou outra de suas riquezas culturais e artísticas, seja do ponto de vista religioso, ou, quem sabe,arquitetônico. Por que ter a sabedoria de percorrer os castelos de Basilicata é revelar uma sensibilidade à altura damagnitude da região.
Repetimos, simples, porém justamente por isso, grandiosa, embora pouco habitada (1% da população italiana) e não muito grande em extensão (menos de 5% do território do estado do Rio Grande do Sul).
Na província de Potenza, se o castelo de Melfi é o mais conhecido, o castelo Lagopesole é o mais belo e misterioso.


Edificado entre 1242 e 1250, ainda conserva o espírito do grande Frederico II. E assim, em várias localidades, se sucedem as obras arquitetônicas, muitas em ruínas, mas ainda assim impressionantes, reveladores da genialidade de seus construtores, desde normandos até aragoneses.Naturalmente, a presença do Império Romano se faz sentir com contundência.


Conhecer a Basilicata é viver a história em diferentes períodos, com testemunhos reveladores de períodos e épocas que, em última análise, apenas emolduram um cenário que talvez possa ser considerado o que de mais importante tem a região: uma natureza pouco violentada, (parte do Parco del Pollino está em seu território); valores, costumes e tradições preservados por um povo discreto, testemunhas de seu tempo, guardiões do passado.


A região esquecida



Historicamente isolada e até esquecida, mas rica em paisagem de beleza secreta, esta terra oferece aspectos que merecem ser descobertos e valorizados.
Pode ser que o nome Basilicata seja derivado daquele antigo administrador bizantino da região, o basilikos, ou tal como dizem outros da Basílica de Acerenza, cujo bispo representava a maior autoridade religiosa.
No passado a Basilicata foi conhecida como Lucania sendo os lucani, o antigo povo de origem Sanitica, que viveu neste território. Esta pequena região é a mais montanhosa do sul da Itália e no passado chegou a ser o símbolo do isolamento e do atraso econômico.


A Basilicata foi também nas décadas de trinta o território em que foram exilados todos aqueles que de uma maneira ou outra recusaram aderir o fascismo.


Um livro muito famoso, “Cristo si è fermato a Eboli”, de Carlo Levi, conta as experiências do autor como exilado político na Lucania e revela ao resto da Itália, os costumes e os ritos de uma civilização agropecuária por muitos lados maravilhosa, mas incrivelmente remota do resto da Itália.
Mas vale a pena lembrar que na pré-história estas terras foram habitadas pelos lucani, que no auge da potencia militar interviram nas guerras saniticas, primeiramente como aliados, posteriormente como inimigos de Roma.


O isolamento que veio logo depois foi provocado pelas dominações estrangeiras, pelas guerras entre casadas, que junto com a malária e escassez de alimentos e terremotos, despovoaram a região. Para testemunhar estas antigas presenças restam as imponentes ruínas de Campomaggiore e Trifoggio.


Além do mais, quando a partir da dominação da dinastia angioina a capital da região foi transferida para Napoli, os senhores feudais locais mudaram-se junto com a capital e acabaram considerando os feudos somente terras de explorações.


Isto tudo explica historicamente como a população local acabou sentido-se repudiada pelo Estado e também explica, do ponto de vista da arquitetura, a pobreza de seus centros urbanos; de fato os centros habitados que não desapareceram ou não viraram minúsculas aldeias foram se refugiando nos cumes das montanhas muitas vezes até hoje de dificílimo acesso, compondo assim a típica estrutura da Idade Média que era um castelo cercado de casinhas paupérrimas.


Mas o fenômeno mais típico e mais interessante das Basilicata são as moradias cavadas nas rochas; além do exemplo mais conhecido dos “Sassi” de Matera, o hábito de viver em grutas foi muito difundido no território de calcário das “Murge”, na fronteira com a Puglia.
A cultura artística lucana foi influenciada pelo românico Lombardo e da Puglia, do barroco de Lecce e enfim do barroco napolitano.


Nos últimos anos o trabalho do Estado para a melhora de economia da Basilicata concretizou-se na construção de grande estradas que percorrem os leitos ceco dos rios Basento, Bradano e Cini que solucionaram o antigo problema de ligação.


Do ponto de vista arquitetônico as intervenções recentes não respeitaram o estilo e a atmosfera dos centros históricos antigos.

Seja o primeiro a comentar!

Postar um comentário

Não serão aceitos comentários Anônimos (as)
Comentar somente sobre o assunto
Não faça publicidade (Spam)
Respeitar as opiniões
Palavras de baixo calão nem pense
Comentários sem Perfil não será publicado
Quer Parceria não será por aqui.(Contato no Blog)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Software do Dia: Completo e Grátis

Giveaway of the Day
PageRank

  ©LAMBARITÁLIA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo