Basilicata
Única região da Itália a possuir uma dupla denominação, Basilicata, como é oficialmente reconhecida, ou Lucania, como era conhecida antigamente e o nome mais afetivamente ligado aos seus pouco menos de 600 mil habitantes, é um território de menos de 10 mil quilômetros quadrados.
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Banhada a sudeste pelo mar Jonio e a sudoeste pelo Tirreno, salpicada de montanhas em seu interior, a Basilicata conserva a simplicidade das origens. Em todos os aspectos, a começar pela gastronomia, genuinamente marcada pelo seu caráter mediterrâneo e por um vinho muito apreciado, o Aglianico del Vulture.
Um poeta que por lá circulou, sem conter seu entusiasmo, abriu os braços e cantou Basilicata chamando-a de terra mágica e hermética, de luz e argila, de bosques verderjantes, de contrastes que envolvem nosso espírito com o seu misticismo, onde os traços dos ritos pagãos se misturam aos cultos cristãos da antiguidade.
Aliás, por falar em poeta, é em Basilicata, mais precisamente em Venosa, a terra de Horácio, o inconfundível sábio latino. Na Basilicata também nasceram posteriormente outros importantes nomes da poesia italiana como Gazio, Isabella Morra e Luigi Tansillo.
Voltando às expressões de religiosidade: elas assumem uma dimensão quase sufocante em lugares como a abadia da Santíssima Trindade, erigida em Venosa na Idade Média. Ou em Matera, no deslumbrante templo em honra a São Francisco. Ou então nas pequenas capelas, muitas seculares, escondidas em meio aos vales. Ou em monastérios como o de Santo Ângelo, no monte Reparo.
Os afrescos da cripta do pecado original, igualmente em Matera, revelam a arte a serviço da fé.
A Basilicata, na verdade, tem essa peculiaridade: o visitante pode literalmente submergir em uma ou outra de suas riquezas culturais e artísticas, seja do ponto de vista religioso, ou, quem sabe,arquitetônico. Por que ter a sabedoria de percorrer os castelos de Basilicata é revelar uma sensibilidade à altura damagnitude da região.
Repetimos, simples, porém justamente por isso, grandiosa, embora pouco habitada (1% da população italiana) e não muito grande em extensão (menos de 5% do território do estado do Rio Grande do Sul).
Na província de Potenza, se o castelo de Melfi é o mais conhecido, o castelo Lagopesole é o mais belo e misterioso.
Edificado entre 1242 e 1250, ainda conserva o espírito do grande Frederico II. E assim, em várias localidades, se sucedem as obras arquitetônicas, muitas em ruínas, mas ainda assim impressionantes, reveladores da genialidade de seus construtores, desde normandos até aragoneses.Naturalmente, a presença do Império Romano se faz sentir com contundência.
Conhecer a Basilicata é viver a história em diferentes períodos, com testemunhos reveladores de períodos e épocas que, em última análise, apenas emolduram um cenário que talvez possa ser considerado o que de mais importante tem a região: uma natureza pouco violentada, (parte do Parco del Pollino está em seu território); valores, costumes e tradições preservados por um povo discreto, testemunhas de seu tempo, guardiões do passado.
A região esquecida
Historicamente isolada e até esquecida, mas rica em paisagem de beleza secreta, esta terra oferece aspectos que merecem ser descobertos e valorizados.
Pode ser que o nome Basilicata seja derivado daquele antigo administrador bizantino da região, o basilikos, ou tal como dizem outros da Basílica de Acerenza, cujo bispo representava a maior autoridade religiosa.
No passado a Basilicata foi conhecida como Lucania sendo os lucani, o antigo povo de origem Sanitica, que viveu neste território. Esta pequena região é a mais montanhosa do sul da Itália e no passado chegou a ser o símbolo do isolamento e do atraso econômico.
A Basilicata foi também nas décadas de trinta o território em que foram exilados todos aqueles que de uma maneira ou outra recusaram aderir o fascismo.
Um livro muito famoso, “Cristo si è fermato a Eboli”, de Carlo Levi, conta as experiências do autor como exilado político na Lucania e revela ao resto da Itália, os costumes e os ritos de uma civilização agropecuária por muitos lados maravilhosa, mas incrivelmente remota do resto da Itália.
Mas vale a pena lembrar que na pré-história estas terras foram habitadas pelos lucani, que no auge da potencia militar interviram nas guerras saniticas, primeiramente como aliados, posteriormente como inimigos de Roma.
O isolamento que veio logo depois foi provocado pelas dominações estrangeiras, pelas guerras entre casadas, que junto com a malária e escassez de alimentos e terremotos, despovoaram a região. Para testemunhar estas antigas presenças restam as imponentes ruínas de Campomaggiore e Trifoggio.
Além do mais, quando a partir da dominação da dinastia angioina a capital da região foi transferida para Napoli, os senhores feudais locais mudaram-se junto com a capital e acabaram considerando os feudos somente terras de explorações.
Isto tudo explica historicamente como a população local acabou sentido-se repudiada pelo Estado e também explica, do ponto de vista da arquitetura, a pobreza de seus centros urbanos; de fato os centros habitados que não desapareceram ou não viraram minúsculas aldeias foram se refugiando nos cumes das montanhas muitas vezes até hoje de dificílimo acesso, compondo assim a típica estrutura da Idade Média que era um castelo cercado de casinhas paupérrimas.
Mas o fenômeno mais típico e mais interessante das Basilicata são as moradias cavadas nas rochas; além do exemplo mais conhecido dos “Sassi” de Matera, o hábito de viver em grutas foi muito difundido no território de calcário das “Murge”, na fronteira com a Puglia.
A cultura artística lucana foi influenciada pelo românico Lombardo e da Puglia, do barroco de Lecce e enfim do barroco napolitano.
Nos últimos anos o trabalho do Estado para a melhora de economia da Basilicata concretizou-se na construção de grande estradas que percorrem os leitos ceco dos rios Basento, Bradano e Cini que solucionaram o antigo problema de ligação.
Do ponto de vista arquitetônico as intervenções recentes não respeitaram o estilo e a atmosfera dos centros históricos antigos.
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