Great Eastern - um navio colossal da era vitoriana
25 de Março de 1852, Isambard Kingdom Brunel, engenheiro britânico, faz no seu diário um esboço daquele que viria a tornar-se um dos maiores navios já construídos. Podia ler-se: "180m x 20m x 9.1m", o que por si só corresponderia a um volume seis vezes superior ao de qualquer navio a flutuar na época. Não cumpriu as suas especificações, simplesmente excedeu-as.
O Great Eastern, como fora baptizado – ou "grande bebé", carinhosamente apelidado por Brunel –, viria a ter 211m de comprimento, 25m de largura e 18m de altura, pesando umas massivas 18,915 toneladas.
Começado a ser construído em 1854 pela firma J. Scott Russell & Co. nas margens do rio Tamisa, em Londres, este colossal navio a vapor era capaz de transportar 4000 passageiros, mais de 400 tripulantes, e todos os bens e combustível necessários para uma volta ao mundo sem necessitar de reabastecer.
Para tal, este monstro de ferro, construído maioritariamente à mão por milhares de trabalhadores, integrava 10 caldeiras alimentadas por um total de 100 fornalhas. A energia produzida movia duas rodas de pás com 17m de diâmetro e uma hélice com 7m de comprimento, juntamente com 1700m2 de velas, distribuídas por seis mastros, permitindo ao Great Eastern viajar a uma velocidade média de 26 Km/h.
Em parte pelas promessas de prosperidade do novo mundo, o interesse no navio foi imediato pois a sua escala colossal tornava-o economicamente viável para se transformar no derradeiro transatlântico vitoriano de luxo.
Quatro anos após o início da sua construção, depois de vários problemas e com a falência da Scott Russell & Co., aquele que era de longe o maior navio já construído até à data, foi lançado ao rio a 31 de Janeiro de 1858. Nove meses depois, a 9 de Setembro de 1859, findas extensas preparaçoes e acabamentos, o Great Eastern partiu na sua primeira viagem experimental. No entanto, ao entrar no Canal da Mancha, uma explosão causada por uma conduta de exaustão de vapor danificou o navio, adiando para Junho do ano seguinte aquela que seria a sua a primeira travessia do Atlântico.
Entre 1861 e 1863 várias viagens foram feitas rumo à América, mas em 1864 a sua venda foi inevitável. O reduzido número de passageiros e diversos acidentes que foram danificando o navio ditaram este desfecho.
O mundo avançava com o aparecimento de novas tecnologias e o advento do telégrafo veio proporcionar a função que tornou famoso o Great Eastern. Após algumas conversões estruturais passou a utilizar o seu amplo espaço e gigantesca capacidade de carga para estender cabos telegráficos pelo atlântico, deixando assim para trás o transporte civil. Entre 1866 e 1878, lançou ao mar mais de 48.000Km de cabos, pluralizando a rede telegráfica e ligando o mundo.
Após esta carreira inesperada bem sucedida, o Great Eastern foi novamente transformado, mas as tentativas para o devolver às viagens comerciais falharam. Foi usado com fins expositivos, sala de espectáculos, ginásio, outdoor gigante, etc., antes de ser definitivamente vendido como sucata em 1888.
Depois de demasiados acidentes e demasiados problemas financeiros, aquele que foi a obra-prima de um visionário e o maior dos navios da época vitoriana, chegou a um fim decadente e humilhante.
Dele, como de tantas outras construções desaparecidas no tempo, resta uma história, uma magnificência incomparável e um contributo silencioso para a história das comunicações.
Fonte: http://obviousmag.org/
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