O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL - Lapa Azul

Antecedentes
O documentário reconstitui o quadro do Brasil da época: um País essencialmente rural, exportador de produtos agrícolas e minerais, carente de recursos de toda ordem, tendo em sua modesta frota de navios mercantes, o principal, senão único meio de contato da Capital Federal, no Rio de Janeiro, com os Estados do Norte e do Nordeste e de comércio com outros Países.
Americanos e alemães disputavam o apoio brasileiro, enquanto o Presidente Getúlio Vargas procura manter o Brasil neutro, tirando dessa neutralidade a maior vantagem possível.

Nossa frota de navios mercantes começou a ser destroçada por submarinos, tanto alemães quanto italianos, particularmente, quando do rompimento das relações diplomáticas com o Eixo, fruto do traiçoeiro ataque japonês à base americana de Pearl Harbour, uma afronta a todos os povos americanos.
Não restava mais dúvidas sobre qual lado apoiar, e o povo foi às ruas em massa, cobrando do governo uma atitude frente às agressões sofridas. Os “protestos enérgicos” da diplomacia brasileira, emitidos quando do ataque aos navios brasileiros, durante a I Guerra Mundial, já não eram suficientes. A Nação viu-se impelida a dar uma resposta altiva e soberana.

O Presidente Getúlio Vargas, acuado por gigantescas manifestações, sabia que a ditadura do Estado Novo não ficaria de pé por muito tempo sem o apoio popular. Foi obrigado a ceder.



A declaração de guerra brasileira, à Alemanha e à Itália, em agosto de 1942, foi uma decisão sobretudo corajosa, já que nos primeiros meses do ano, o Eixo obtinha expressivas vitórias militares em todos os continentes.
No Oriente, com a frota americana do Pacífico destroçada, o Japão era o senhor dos mares, conquistando a China, a Coréia, Cingapura e ameaçando invadir a Austrália. Na África, o “Afrika Corps”, do General Rommel, avançava impetuosamente rumo ao Cairo, ficando prestes a invadir o Oriente Médio, cortando o fornecimento de petróleo para o Ocidente. Na Europa, a França foi humilhada numa Campanha relâmpago da Wermacht. A Inglaterra estava de joelhos, asfixiada pelo bloqueio naval alemão. Sua capital, Londres, era bombardeada dia e noite pela Luftwaffe. Na frente oriental européia, as tropas nazistas cercavam Stalingrado, alcançando os subúrbios de Moscou. Jamais a Democracia e a liberdade no mundo correram tamanho risco.


A Preparação para a Guerra
O Exército Brasileiro da época estava bastante defasado em armamento e equipamentos. A doutrina, ultrapassada, era baseada ainda no modelo francês da I Guerra Mundial. A última experiência bélica nacional vinha da distante Campanha da Tríplice Aliança, há mais de oitenta anos.
Estávamos em franca desvantagem frente aos experimentados exércitos europeus, veteranos da I Guerra Mundial. Além do mais, nosso irrisório parque industrial, sem nenhuma experiência de mobilização, muito pouco oferecia de suporte a um conflito armado.
Havia ainda os simpatizantes do Eixo e os chamados “Quinta-Coluna”, atuando em diversos postos do governo, inclusive nas Forças Armadas. Os “Quinta-Coluna” eram representantes do Movimento Integralista - uma versão cabocla do Fascismo italiano e do Nazismo alemão. A atuação desse grupo fortaleceu-se bastante após a vitória alemã contra franceses e ingleses, na Europa.

Nos Corpos de Tropa houve muitos atropelos provenientes da falta de experiência. Para o “Lapa Azul”, por exemplo, foram convocados muitos soldados das colônias alemãs em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul que mal falavam o português.
Tudo conjurava contra a preparação da FEB para a Guerra, em particular, os baixos índices sanitários da população. Retrato de um Brasil agrário, subdesenvolvido e insalubre.
Mas, acima de tudo, havia o irreprimível sentimento patriótico em se responder com as armas, ao assassínio de quase 1.000 homens, mulheres e crianças, tripulantes e passageiros dos navios mercantes brasileiros, afundados por submarinos do Eixo.



O Embarque
Embora torcendo pela sorte da FEB, o povo não acreditava que o nosso soldado pudesse lutar de igual para igual contra a máquina de guerra nazista. Temia-se um vexame internacional, afinal nossa última experiência de guerra vinha da Campanha da Tríplice Aliança, 80 anos atrás.
Nossos soldados partiram sob o ceticismo de boa parte da população. Era comum ouvir-se nas ruas: “É mais fácil uma cobra fumar que a FEB embarcar”, um dito espirituoso típico do carioca, repetido pelos simpatizantes do Eixo e pessimistas. Para o desapontamento deles, a cobra fumou, e o Brasil embarcou.



Na Itália
A tropa brasileira desembarcou em Nápoles literalmente com a roupa do corpo, sem quaisquer equipamentos ou armamentos. Por falta de material de acampamento, foi obrigada a bivacar na cratera de um vulcão extinto. Nossos soldados vieram a receber até mesmo peças de uniforme e calçados das mãos dos americanos, já que as fardas trazidas do Brasil eram inadequadas ao clima europeu e tinham a coloração idêntica às utilizadas pelos alemães. Os calçados, de má qualidade, desfaziam-se após curto uso. Uma triste lição que não pode ser esquecida.
Os “pracinhas”, denominação carinhosa dada aos expedicionários, superaram deficiências de toda ordem: de adaptação a uma nova doutrina, do emprego de novos armamentos, equipamentos e materiais de toda ordem, até então desconhecidos pela tropa.



O Combate
A frente aliada na Itália foi enfraquecida com a retirada de um numeroso contingente para a invasão da Normandia, restando um efetivo similar às tropas do Eixo. Não foi possível, portanto, completar-se o ciclo de treinamento da FEB para o combate. Ou seja, aprendemos a lutar na marra.
Aprendemos a lutar nas montanhas: teatro de operações para o qual não estávamos preparados. Vimos temperaturas abaixo de –15ºC sob um metro de neve.
Combatemos contra tropas calejadas, possuidoras de cinco anos de experiência em combate. Nem por isso nos intimidamos. Fomos à luta. Vencemos.

O Retorno
Por fim, gloriosos no campo de batalha, de libertadores e defensores da Democracia, os pracinhas passaram a ser vistos como uma verdadeira ameaça. Uma ameaça tanto para a ditadura Vargas quanto para as forças que planejavam, secretamente, o retorno do País a normalidade, visto que o Presidente Getúlio Vargas também era muito querido entre os pracinhas.
A solução encontrada foi dissolver a FEB ainda em território italiano. Um episódio que até hoje revolta nossos veteranos.
A MEMÓRIA DA FEB
Passados sessenta e dois anos do maior conflito da história da humanidade, a trajetória vitoriosa da “Lapa Azul”, e da FEB como um todo, é cada vez mais ignorada pela grande maioria do povo brasileiro.
Segundo uma pesquisa realizada pelo historiador César Campiani Maximiano, da USP, 70% dos estudantes da Universidade de São Paulo, tida como referência nacional na qualidade do Ensino, desconheciam o significado da sigla FEB. Que razões levaram a tal desconhecimento ?

Uma bom caminho para responder a esta pergunta pode ser encontrada nos livros escolares dos nossos filhos. Ao se procurar o tema FEB, encontramos-lo restrito a poucas linhas, quando não é totalmente suprimido.
Muitas razões podem ser apontadas para justificar tal desconhecimento: o baixo nível educacional no Brasil; a propalada falta de memória da nossa gente; reformas curriculares inadequadas; ou mesmo o ranço existente nos meios acadêmicos por tudo que, de alguma forma, remeta, positivamente, ao meio militar, fruto do período autoritário (1964-1985).
As reformas curriculares ocorridas nas décadas de 80 e 90, enfatizaram, claramente, a interpretação sociológica dos fenômenos históricos. As transformações e convulsões da sociedade: revoluções, guerras, conflitos internos e externos, passaram a ser vistos – e ensinados aos alunos da rede pública e privada, como fruto único e exclusivo da “exploração do oprimido pelo opressor”.

Como disse o Historiador Francisco César Alves Ferraz, Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo: “os episódios da História Brasileira que de alguma forma se encaixavam nessa visão limitada foram enfatizados ao extremo. As revoltas internas e movimentos sociais ganharam espaço e projeção na memória escolar. Já as guerras contra países estrangeiros perderam destaque, sendo recontadas segundo os paradigmas da Escola dos Annales e do marxismo.”
Conflitos de reduzida importância histórica foram supervalorizados, enquanto as ações mais importantes da nossa história, cujo desfecho contrário alterariam profundamente o mundo em que vivemos, são desprezados. A memória da FEB, bem como a de outros tantos episódios da História do Brasil, foi omitida ou deturpada.

Dentro desse contexto enquadram-se a Guerra da Tríplice Aliança e Campanha da FEB, na II Guerra Mundial. Qual seria a nossa realidade atual se o ditador Solano Lopez houvesse atingido seu intento, anexando ao território paraguaio parte do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul e Santa Catarina?
O que hoje seria da humanidade se Adolf Hitler, Mussolini e o Império Japonês houvessem vencido a II Guerra Mundial ? Ainda que a participação da FEB não tenha sido determinante para a vitória aliada, ela o foi para a redemocratização no Brasil, derrubando o ditador Getúlio Vargas; quase que, simultaneamente, ao regresso das tropas ao Rio de Janeiro.



Atendendo às novas diretrizes educacionais, os autores e o mercado editorial naturalmente supriram à demanda do meio escolar, adequando-se às novas diretrizes e currículos oficiais. Por isso, em linhas gerais, as publicações escolares de História do Brasil, dos anos 80 em diante, tiveram um viés ideológico nocivo. Milhões de estudantes passaram pelos bancos escolares recebendo um ensino com graves lacunas e vícios.
Um reflexo desse processo foi a formação dos novos gestores educacionais. Moldados segundo os valores da “nova educação” ideologizada, e investidos em cargos de chefia, nos diferentes níveis de hierarquia educacional dos estados e da União, repassaram adiante, exatamente, o que lhes foi ensinado. Fechou-se, assim, o círculo vicioso.
Nos anos 80, a propaganda nazi-fascista, anti-americana, ressurgiu na onda do revisionismo histórico manipulado, desta vez usando uma nova roupagem. Ganhou alguma notoriedade no terreno das artes - mais pela polêmica do que pelo conteúdo -, inspirando obras que viam com desprezo, a relação de amizade e de colaboração entre brasileiros e americanos, forjada nos campos de batalha.



Esse mesmo revisionismo ganhou eco naqueles que enxergavam no culto à memória da FEB uma exaltação indireta do Exército Brasileiro, fruto de ressentimentos ou de interesses suprimidos pelo Movimento Cívico-Militar de 31 de março de 1964.
Na literatura e no cinema, o revisionismo depreciativo da FEB foi explorado por pseudo-pesquisadores, jornalistas travestidos de historiadores e cineastas engajados politicamente. Tais autores pretendiam, indiretamente, solapar o apoio popular ao Regime Militar. Para tanto, investiram contra a memória dos seus patronos e glórias militares passadas, incluindo a Campanha da FEB.


Difícil imaginar uma forma mais vil e covarde de promover-se pessoalmente, do que à custa da difamação daqueles que tombaram lutando pela Pátria. De lucrar, financeiramente, caluniando os que já não podem mais se defender.
Hoje, felizmente, uma nova geração de autores talentosos e capacitados editam livros contando a verdadeira história da FEB. Diferente dos seus congêneres da década de 80, são habilitados na área: Doutores e Mestres em História do Brasil, como César Campiani Maximiano e Francisco César Alves Ferraz. Amparam-se, inclusive, na bibliografia de nossos adversários na guerra. Afinal, quem melhor para avaliar o soldado brasileiro do que seus adversários alemães e italianos ?



Por fim, mais do que o resgate de um momento histórico decisivo na História do Brasil e da Humanidade, a produção do “Lapa Azul” é uma sincera homenagem àqueles que lutaram nas montanhas geladas dos Apeninos italianos; àqueles que perderam a vida nos campos de batalha para que todos nós pudéssemos desfrutar um futuro melhor com liberdade e democracia,
O LEGADO DA FEB
Se por um lado a convocação para a FEB encontrou um Brasil dependente de recursos de toda ordem, sem indústrias de base, um mero exportador de produtos agrícolas, borracha e minerais, pouco tempo mais tarde construímos nossa primeira usina siderúrgica em Volta Redonda, entrando assim, para valer no Séc XX..

Se em nossa viagem para a Europa nos deparamos com um Exército dotado de material e armamento ultrapassado, com uma doutrina também ultrapassada, no retorno dispúnhamos de uma tropa altamente adestrada, dotada dos armamentos mais modernos da época. Mesmo com a desmobilização daninha de todo o seu contigente ainda na Itália Se nos anos 40 a ameaça representada pelo poderio militar de nossos vizinhos argentinos era fictícia ou não, no retorno da FEB ela verdadeiramente deixou de existir.
Na convocação da FEB vimos o deplorável estado de saúde do povo brasileiro, um retrato de um povo doente e sem rede de saúde, dificultando sobremaneira a mas sinalizando uma necessidade urgente das política governamentais



Se o Brasil era visto com indiferença no cenário internacional, ao fim da guerra voltou fortalecido e líder incontestável na América do Sul. Nossa ambição de um assento permemnente não foi possível face a uma incompreensível recusa em participar na ocupação da Itália no Pós-Guerra e, principalmente, ao lamentável falecimento do presidente americano Franklin Delano Roosevelt, principal aliado brasileiro e amigo pessoal de Getúlio Vargas
Na partida e no retorno dos nossos comboios o presidente Getílio Vargas esteve presente, incentivando nossos soldados e garantindo também sua popularidade junto a FEB. Não foi suficiente. Antes mesmo do regresso dos último contingente, o destino do ditador estava selado. Lutamos em defesa da liberdade, da auto-determinação dos povos e pela democracia. Nosso povo não mais viveria sob uma ditadura.



O convívio intenso entre brasileiros e americanos, lutando lado a lado nos campos de batalha, mostrou aos brasileiros que com eles estiveram, do que é capaz uma nação organizada e desenvolvida. A mera observação da capacidade de mobilização, a abundância de recursos e a organização norte-americanas nos fez ver o quanto o Brasil era pobre e atrasado.
Este convívio nos foi extremamente útil 20 anos depois. A admiração pelo poderio econômico e bélico dos Estados Unidos e a confiança na liberal democracia forjou líderes que evitaram um verdadeiro desastre nos rumos da política brasileira.

Muitos dos militares presentes na FEB foram partícipes no Movimento Cívico Militar de 31 de março de 1964, em particular o Capitão Humberto de Alencar Castello Branco, Chefe da 3ª Seção da FEB, futuro presidente do Brasil.
A iniciativa e clarividência de Castello Branco lançaram as bases para o período de maior desenvolvimento da História do Brasil, livrando-nos das garras do marxismo-leninismo, hoje uma doutrina morta e enterrada.
A PRODUÇÃO
Reproduzir o ambiente de um determinado período histórico para um documentário não é exatamente uma tarefa simples. Ainda mais quando se trata de um período distante 63 anos no passado.
A atual facilidade na captação de imagens e sons do mundo moderno não existiam nos anos 40. As câmeras fotográficas eram artigos de luxo, utilizadas por poucos. As filmadoras, por sua vez, eram de posse dos órgãos de propaganda do governo e das classes mais abastadas.
Sendo a película cinematográfica um material orgânico, facilmente degenerável pela umidade, pela temperatura e por fungos, pouco restou do escasso material filmado à época.
Todos os fatores adversos acima citados, somaram-se à incapacidade das nossas instituições em preservar, com eficiência, o seu próprio patrimônio histórico, seja por desconhecimento, incúria, imprudência ou má fé.
Daí transformou-se num desafio enriquecer um documentário com cerca de 1 hora de duração, utilizando vídeos e fotografias, a fim de deixá-lo mais dinâmico e atraente.
Felizmente, o descaso na preservação de tão valioso material não acontece no mundo inteiro. Durante a pesquisa histórica, filmes e vídeos, em quantidade e qualidade muito superiores aos encontrados no Brasil, foram, surpreendentemente encontrados em institutos de preservação da história nos Estados Unidos da América e na Itália. Fotografias raras foram enviadas, graciosamente, por dedicados pesquisadores italianos.
No Brasil, um vasto material iconográfico foi cedido pelo Centro de Comunicação Social do Exército, em Brasília; pelo Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro; pela Fundação Getúlio Vargas e pelas sedes regionais das Associações de Veteranos em Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Petrópolis, São João del Rei e São Bernardo do Campo.

Já nos arquivos pessoais dos veteranos, em especial, no extenso e bem cuidado arquivo da Major Elza Cansação Medeiros, pôde-se obter fotografias inéditas.
Reviver um episódio tão grandioso para a memória nacional exigiu uma pesquisa séria. Significou empreender uma profunda pesquisa na bibliografia do tema e a consulta a profissionais de reconhecida competência.
O auxílio de pesquisadores e historiadores do Brasil e do Exterior. revelou-se essencial na produção do “Lapa Azul”. Pessoas como o pesquisador italiano Giovanni Sulla, e os também italianos Sr. Fábio Gualandi e Mário Pereira, disponibilizaram um farto material iconográfico e documental, além de colaborarem dando entrevistas.
A gravação dessas entrevistas abrilhantou muito a obra. Deu a ela um caráter puro e genuíno, pois exibiu o testemunho de italianos que conviveram com a FEB no passado, somados ao relato imparcial de um pesquisador estrangeiro, livre das nocivas distorções ideológicas que, normalmente, acontecem em nosso País.
No Brasil, vários historiadores brasileiros sensibilizaram-se com o trabalho, colaborando no envio de informações, fotos e arquivos de áudio, alguns deles, verdadeiras jóias. Dentre os colaboradores, destacaram-se o Dr. César Campiani Maximiano e o Sr. Roberto R. Graciani, autênticos guardiães da memória da FEB.

Embora tenha sido uma missão árdua, a busca de material para o documentário acabou transformando-se em objeto de uma verdadeira paixão. Quanto mais imergia-se no universo conturbado dos anos 40, mais crescia o sentimento de brasilidade, revivendo-se o clima de euforia e de patriotismo que marcou a história da FEB,
A produção do “Lapa Azul” envolveu a gravação de imagens no Brasil e na Itália, incluindo mais de 120 horas de entrevistas junto aos remanescentes do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria em Juiz de Fora, Petrópolis, Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo e São João del Rei, ao longo de quase três anos de pesquisa.
Embora os veteranos da FEB possuam idade avançada, em média 86 anos de idade, todos se colocaram à disposição para a gravação das entrevistas. Até mesmo aqueles com precárias condições de saúde e de locomoção o fizeram, num comovente esforço em reviver a memória da FEB.
O roteiro da obra quase que implorava pela gravação de imagens dos Montes Apeninos italianos. Nestas montanhas bateram-se brasileiros, alemães e italianos em 1944-1945. Como fazê-lo ? Como incluir num modestíssimo orçamento a viagem de uma equipe de produção à Itália?
Somente com uma grande dose de criatividade, de conhecimento e de trabalho foi possível resolver a questão. Foi realizado um pedido de dados para a Agência Espacial norte-americana (NASA), que graciosamente respondeu enviando um DVD com informações colhidas por seus satélites; o que permitiu a construção de um modelo digital de todo o território italiano.
Baseado nos dados fornecidos, e com a utilização de modernas ferramentas de modelagem digital do terreno, programas de animação gráfica, estudos de cartografia avançada, técnicas de pós-produção de última geração e inúmeras horas de estudo e experimentação, foi possível reproduzir a “Linha Gótica” e os Montes Apeninos com fidelidade, desenvolvendo-se uma técnica inédita na produção audiovisual brasileira.

Assim, algumas cenas da produção foram habilmente “criadas em laboratório”; depois envelhecidas, digitalmente, para misturarem-se ao contexto, evitando-se a quebra da continuidade visual.
Se por um lado foram muitas as dificuldades encontradas; por outro, muitas pessoas, dentro e fora da equipe de produção, interessaram-se em colaborar.
A equipe de produção do “Lapa Azul” correspondeu plenamente ao esperado: a direção segura da fotografia evidenciou a experiência profissional e o talento inato do professor Mauro Pianta. Já a inspiração da roteirista, Adriana Barata Resende de Pinho, soube destacar os aspectos fundamentais da história. As ilustrações primorosas do desenhista Alessandro Ribeiro Corrêa, mestre no Photoshop e no After Effects, deram flexibilidade ao trabalho de pós-produção, possibilitando a animação individual de cada layer das ilustrações.

Na parte musical, o trabalho de Scoretrack do Estúdio Caraíva, revelou porque ele é referência no Estado de Minas Gerais em seu ramo de atividade. As trilhas compostas pelo músico Fernando Barreto e mixadas por seu irmão, Nilo Barreto, captaram, no tempo certo, toda a carga emocional que a narrativa oferecia.
O Colégio Militar de Juiz de Fora colaborou, decisivamente, na produção do vídeo. Além de ceder o seu auditório para a gravação das entrevistas, diversos dos seus profissionais, civis e militares, trabalharam, intensamente, das mais variadas formas.
Fazer chegar aos jovens, aos alunos do Colégio Militar em especial, a memória da Força Expedicionária Brasileira, foi um dos principais objetivos do Projeto Cultural. Para tanto, foi incentivada a participação dos integrantes do seu Corpo de Alunos.

Um feliz retorno desse incentivo foi verificar a participação e a colaboração espontânea de muitos alunos do Colégio, tanto na elaboração das perguntas aos pracinhas, quanto na realização das entrevistas, no auxílio à produção, na iluminação, e até mesmo na maquiagem.
À Prefeitura de Juiz de Fora, em particular aos integrantes da FUNALFA, a gratidão pela confiança depositada em minha pessoa, possibilitando o aporte da maior parte dos recursos solicitados. Parabéns pela ação de apoio aos produtores e aos artistas da cidade através da Lei Murilo Mendes de Incentivo á Cultura. Que o seu exemplo, único no Brasil, possa ser seguido por outras Prefeituras e pelos Governos Estaduais.

Deixo aqui o reconhecimento à minha esposa Juliane, pelo seu dedicado trabalho como assistente de produção, acompanhando-me nas viagens de pesquisa e entrevistas por Minas Gerais e Rio de Janeiro, inclusive, nos feriados e em períodos de férias.
À minha querida filha Christiane, pelo vivo interesse em ajudar. Embora não possuísse o conhecimento técnico, muniu-se de intuição e perspicácia infantis, acompanhando, atentamente, a edição da obra, surpreendendo-me com inusitadas e oportunas sugestões.
A vocês duas agradeço, acima de tudo, a compreensão da inevitável ausência do esposo e do pai, nesses quase três anos de pesquisa e produção.
A todos os que nos auxiliaram na produção da obra, tornando possível a sua finalização, deixo aqui o meu sincero obrigado.









Meus agradecimentos ao Srº Durval Jrº

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