sábado, 12 de junho de 2010

Biochip, a revolução na medicina

Num futuro muito próximo o pediatra poderá dizer aos orgulhosos pais se o seu bebé é portador de qualquer deficiência genética, ou se a criança tem propensão para vir a sofrer de problemas tão vulgares como a gripe, o reumatismo ou mesmo o cancro. Os médicos terão igualmente a possibilidade de diagnosticar precocemente patologias do paciente, ou mesmo prevê-las, e aplicar terapias personalizadas que se ajustarão como uma luva ao perfil molecular do doente.
O protagonista desta verdadeira revolução biomédica é o microarray, biochip, ou chip de ADN, que será dentro em breve tão vulgar como uma radiografia, uma análise de urina ou um TAC.
Antes do biochip a medicina genética era quase artesanal e os avanços faziam-se passo a passo, gene a gene. Hoje, graças a este chip de ADN às ferrramentas bioinformáticas é possível processar milhares de dados em poucos minutos e a um preço cada vez mais reduzido.
O processo é simples: no microarray, que tem o tamanho de um bilhete de autocarro, são depositadas, de forma ordenada, milhares de sondas genéticas, fragmentos de ADN cuja sequência é conhecida, e que são comparados de forma automática com as sequências de fragmentos de ADN do paciente mediante um processo conhecido como genotipagem, e assim estudar a expressão genética (a síntese das proteínas) e os polimorfismos dos nucleótidos (SNPs), que são os elementos isolados de ADN que variam de pessoa para pessoa.
A indústria da biotecnologia está a trabalhar em ritmo acelerado e são muitos os microarrays já concebidos. Por exemplo o CNIO lançou o Oncochip concebido para diagnosticar o cancro e que tem registados 9300 genes presentes nos tumores mais frequentes, a Lacer SA e a Progrenika-Medplant conceberam o Lipochip que diagnostica mesmo antes do aparecimento dos primeiros sintomas a Hipercolesterolémia Familiar, a Agendia comercializa o MammaPrint que analisa o risco de metástases do cancro da mama, a BioDoor Gene Technology criou o BiodoorHCV para o diagnóstico da Hepatite C, a Xeotron idealizou o XeoEx SARS que diagnostica a pneumonia atípica, a Dr. Chip Biotechnology desenvolveu o microarray Dr. Food Kit que detecta nove dos agentes patogénicos mais habituais na comida, e a Affymetrix, está a desenvolver testes de toxicidade que possam demonstrar se um determinado medicamento tem ou não mais efeitos prejudiciais do que benéficos.
Graças aos chips genéticos e à alucinante tecnologia que os envolve, o caminho rumo a uma medicina personalizada, baseada na informação genética, em que as doenças são substituidas pelos doentes, está a tornar-se uma realidade: para cada paciente o medicamento adequado e a dose exacta.
E o único limite para a aplicação dos biochips é já hoje, claramente, a imaginação.
Fonte: http://obviousmag.org/

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