sábado, 3 de julho de 2010

Novo Aston Martin Cygnet

Se juntarmos a montanha Aston Clinton (em Buckinghamshire, Inglaterra) e o nome Lionel Martin, temos Aston Martin. Claro que se temos Aston Martin temos, quase instantaneamente, James Bond. O problema surge quando o universo imaginário que foi criado no nosso cérebro do célebre agente secreto britânico – 007, um “macho sedutor” ao volante de autênticos ícones automobilísticos – parece de repente colorir-se de tons um pouco mais efeminados quando nos deparamos com as linhas curvas e suaves do novo Aston Martin Cygnet.
É claro que a adaptação aos paradigmas de cada época faz da mística James Bond um reflexo dos costumes e tecnologias identitatárias de cada uma dessas mesmas épocas. É, porventura, complicado imaginar Daniel Craig ou Pierce Brosnan (ou um próximo “Bond, James Bond”) numa mirabolante missão de espionagem, em perseguições urbanas a alta velocidade, ao volante deste novíssimo e reluzente Cygnet. Complicado, mas possível.
Claro que Bond não terá necessariamente que conduzir esta nova coqueluche da Aston Martin, sem dúvida um reflexo estético dos tempos atuais e um reflexo da adaptação ao espaço de locomoção cada vez mais reduzido das cidades. Mas de que outra forma poderá o “cidadão comum” acordar todos os dias de manhã, na tranquilidade da periferia, e evitar o tráfego caótico de uma metrópole em direção ao topo do edifício onde lhe espera um escritório com vista sobre a cidade? Claro, a voar. As asas a que Alexandre Graham Bell (o inventor do telefone) chamou de Cygnet, no ano de 1898, nas suas tentativas de construir um engenho voador a motor, acabaram despedaçadas no chão.
É verdade que este novo Aston Marin Cygnet não voa, mas desliza facilmente por entre o trânsito e é uma solução inteligente de mobilidade urbana. Se este Aston Martin “de bolso”, como começa a ser alcunhado, acabar despedaçado, sê-lo-á apenas metaforicamente (e não de uma queda dos ares) pois é questionável a viabilidade deste novo modelo quando as semelhanças com o Toyota iQ são demasiadas, exceto no preço. Claro, o Cygnet não é para todas as bolsas, nem para todos os salários, e fica muito melhor numa garagem ao lado de uns quantos desportivos. Por cerca de 80 mil dólares pode-se adquirir este design baseado na tendência “iate de luxo”, exclusivo, e com altos níveis de personalização. O Cygnet é um urbano, um urbano premium.
Ulrich Bez, presidente executivo da Aston Martin, invoca as razões para justificar esta viragem conceptual dos míticos desportivos para um urbano tão iQ. Fácil, o Cygnet colmata a brecha do mercado da Aston no segmento dos modelos compactos, ou seja, é destinado para os clientes que querem um urbano “inteligente, inovador e criativo”, com elevada qualidade. Não tão fácil será, certamente, sustentar uma marca que tem estado, por diversas vezes, próxima da falência – a Aston Martin precisa de se adaptar à presente conjuntura económica e alargar o seu nicho de mercado a outros potenciais compradores, pois, embora não pareça, o mercado de luxo também entra em crise. A satisfação da procura é outro dos fatores apresentados por Bez, ou seja, grande parte dos clientes da marca britânica estão localizados em grandes centros urbano, como Londres, Paris, Roma ou Milão, e querem um carro que se adapte a este life style cosmopolita e, como se pode imaginar, um motor V12 não é o mais aconselhável. E claro, não podia faltar a adequação da marca à emergente eco-sensibilidade, com uma considerável redução das emissões poluentes neste modelo.
A verdade é que esta versão da Aston Martin é efetivamente uma adaptação do Toyota iQ, a versão 1.33 de 98 cavalos. A Aston recebe-os do Japão e faz as modificações – uma espécie de tunning do iQ: redesenha a dianteira, incorpora os novos faróis e a tradicional grelha da marca, as icónicas saídas de ar quente do capot, entre outras adaptações. Mas o ponto forte deste modelo, onde todo o conceito brilha, são, sem dúvida, os interiores. Feitos à mão, são uma rica mistura de couro, alcântara (tecido de alta tecnologia composto por poliéster e poliuterano) e alumínio, típica dos carros desportivos da marca. Assim, se por fora pode, eventualmente, e apesar do seu extraordinário design, passar despercebido, quando o condutor se senta ao volante percebe imediatamente que está prestes a dar à chave num autêntico Aston Martin.
Segundo Bez, a reação a este modelo tem sido “extremamente positiva”: depois da apresentação no Salão Automóvel de Genebra, o Cygnet recebeu vários pedidos de reserva e a marca espera produzir 4 mil unidades por ano.
Será que a Aston Martin está a destruir todo o capital imaginário bondiano com esta nova eco-premium coqueluche? Não o podemos adivinhar. O conceito Aston Martin também depende do utente. E da companhia. Quem puder, pode sempre experimentar: bater a porta, atirar gentilmente a chave ao porteiro do hotel, sentar-se no bar e pedir um vodka-martini. Depois é só esperar para ver um/uma top-model a aproximar-se, sedutoramente, em câmara lenta. Ah! E não esquecer: batido, nunca mexido!
Fonte: http://obviousmag.org/

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