domingo, 8 de agosto de 2010

As cidades desenhadas

Agora que findou a saga das cidades aqui no obvious - as nossas cidades - talvez se possa falar das cidades dos outros, ou vistas pelos outros. Um dos lugares onde sempre ocuparam especial protagonismo foi no cinema. Lembremo-nos apenas da incontornável Metrópolis, de Fritz Lang. Mas as cidades também fascinaram desde sempre os pintores e desenhadores, da Vista de Delft, de Vermeer, aos desenhos utópicos da arquitectura futurista. Mais recentemente, a Banda Desenhada (Histórias em Quadrinhos) deu-nos algumas das mais poéticas visões de cidades, um imaginário rico e povoado de mundos que apenas existem no papel. Fiquemos com alguns deles...
Em 1970 a primeira aventura de Valérian, o agente espácio-temporal, criação de Mézières e Christin, situava-se num futuro não muito distante: 1986. Chamou-se "A cidade das águas movediças". Por essa altura, um cataclismo nuclear derretera a calote polar árctica e o nível das águas em todo o globo subiu vários metros. Toda a acção desta aventura decorre numa Nova Iorque fantasmagórica, meia submersa e quase totalmente abandonada, com os seus prédios arruinados a emergir do mar como estacas num emaranhado de vegetação tropical e aves esvoaçantes. Ficou a imagem simultaneamente bela e assustadora da a big apple transformada numa mega-Veneza do futuro.
Alguns anos mais tarde (depois do futuro não cumprido de 1986) o mesmo autor, Christin, criou em associação com Enki Bilal uma fábula social intitulada "A cidade que não existia", onde a população de Jadencourt trabalha para construir uma cidade ideal e imaculada, que é assim conservada dentro de uma bolha, posta entre parêntesis para com o mundo.
Mais tarde ainda, o mesmo Bilal imagina sozinho uma outra cidade ainda mais fabulosa. Trata-se de Equador City, cidade do Centro-Leste Africano situada na linha do Equador e caso único na história da climatologia, onde a temperatura estabilizou a 21º C negativos. Este fenómeno é provocado por um tornado glaciar de efeito vertical denominado "chaminé" responsável pela criação de uma zona micro-climática mesmo no centro da cidade, em contraste com o clima quente desértico da restante região. "Frio Equador" passa-se no ano de 2023. As imagens poderosas deste livro e dos dois anteriores que integram a mesma saga deram origem ao filme "Imortal".
Numa das suas aventuras, Lone Sloane, um herói do futuro criado por Philippe Druillet e Jacques Lob, viaja até ao planeta Delirius, que dá o nome à história. O planeta é composto por um único continente que não é mais do que uma imensa cidade contínua com sete milhões de quilómetros quadrados, tumultuosa e fervilhante de infraestruturas dedicadas ao prazer - casinos, recintos de jogos, bordéis... Delirius é o centro da galáxia, uma cidade de dinheiro, violência e corrupção. Tudo pareceria já visto não fossem os extraordinários desenhos do seu autor...
Por fim, não uma história mas uma série obrigatória que, para os apreciadores deste género, dispensa apresentações: "As cidades obscuras", de Schuiten e Peeters. Todos os álbuns desta saga contêm histórias independentes embora haja aventuras diferentes passadas na mesma cidade. Personagens, edifícios, detalhes e diversas alusões subtis passam de umas histórias para as outras. Os ambientes são deliciosamente retro, os argumentos cheios de poesia e os desenhos belíssimos.


Fonte: http://obviousmag.org/

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