A fome em Preto e Branco
Sebastião Salgado é mineiro da cidade de Aimorés, nascido em 1944, obteve graduação e diploma de mestre em universidades brasileiras e posteriormente se tornou Doutor em Economia em Paris. Sua decisão pela fotografia, especificamente pelo fotojornalismo, surgiu após uma viagem à África em 1971, que fez com uma câmera emprestada por sua esposa. Desde então Salgado largou sua formação para se dedicar ao exercício da fotografia enquanto denúncia social, mostrando através das imagens tecnicamente bem feitas, as mazelas vividas pelos países esquecidos.
Sua esposa Lélia Wanick Salgado é responsável pelo planejamento, edição e projeto gráfico de seus livros, e como é citado no site “Ela é a base e o coração de todas as atividades inerentes ao trabalho do fotógrafo”. Juntos eles coordenam desde 1994 a Amazonas Images, agência localizada em Paris e devotada apenas ao trabalho do fotógrafo.
Sebastião já expôs pelo mundo 14 projetos e assinou 18 livros, tendo eles sido traduzidos para mais de 5 idiomas. Além disso foi autor de alguns curtas metragens instigados pela mesma temática central. Seus trabalhos se estendem pela África e América, onde ele retrata, além da fome, trabalhadores, crianças e animais.
Há uma série de discussões acerca da plasticidade das fotos de Salgado, se há ou não denúncia, ou se deve ser considerado apenas uma imagem bem construída. Muitos olhares transitam sobre seu trabalho – predominantemente preto e branco – analisando apenas o conteúdo estético e se indagando da profundidade ali presente. Há também os que tropeçam pelo conteúdo, tornando a imagem mero objeto de decoração.
Fato é que Sebastião é reconhecido mundialmente como um dos melhores fotojornalistas da atualidade. Creio que não apenas pelo o quê fotografa, mas sim por fazer da forma que o faz, pela habilidade da captura sensível e por exercer sobre nós o fascínio e o deslumbre da imagem bonita; mas derrubando-nos logo em seguida pelo que mostra, pela vida miserável que retrata.
Para os que ficam na primeira análise: sentimos, pois, suas fotografias – e acredito que tantas outras no mundo – necessitam de um olhar atento, de serem olhadas uma, duas, três vezes, ou o quanto for necessário, desnudando-as e digerindo cada grão. Nunca será completo o decifre, mas sempre proveitoso – ainda mais se tratando se Sebastião Salgado –, acreditem. Para além de seu trabalho há que se enxergar o mundo.
Como adendo vale dizer que desde 1998 até então Salgado e sua esposa se dedicam militantemente à pesquisa e proteção do meio-ambiente e assuntos relacionados à Mata Atlântica, criando em 1999 o Instituto Terra, dedicado à proteção de florestas, bem como o desenvolvimento sustentável e a conscientização da sociedade.
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