Terroristas 2.0
Fotografia Paul Fusco - Magnum
Laurie Anderson gostava muito de citar o seu conterrâneo Don DeLillo, escritor, quando este dizia que “os terroristas eram os derradeiros artistas contemporâneos, os únicos ainda verdadeiramente capazes de nos chocar”. A partir desta frase poderia fazer um post sobre a natureza da arte contemporânea, mas neste vou falar um bocadinho sobre o terrorismo que, como a Internet, parece ter entrado numa era 2.0.
A Web 2.0 é uma espécie de revolução marxista da Internet: os operários tomam conta dos meios de produção; os bloguistas revoltam-se contra o quarto poder; o youtube põe em causa a televisão; do espectador passivo espera-se que seja um prolixo produtor de texto, som e imagem; os sistemas mais do que difusores de conteúdos pré-produzidos seriam facilitadores de produção e interligação. Em resumo, na Web 2.0, os loucos tomam conta do asilo. A produção de informação, opinião, seja escrita ou audiovisual, democratiza-se radicalmente. Note-se que isto não é um discurso eufórico, pois creio sinceramente que nem todos estávamos preparados para isto. Mas mais sobre isso noutro post também.
Voltemos então ao terrorismo. Tal como a espionagem, o terrorismo era em tempos resultado de uma organização secreta e minuciosa. Quanto mais secreto e organizado fosse o funcionamento das células terroristas, mais espectacular seria o seu resultado. O financiamento vinha de negócios igualmente ilegais, incluindo a droga e o tráfico de armas e os alvos eram geralmente uma ordem estabelecida, com preferência para os mais ricos, mais poderosos ou apenas mais livres.
Quando esta forma de fazer terrorismo atingia o seu auge, em 11 de Setembro de 2001, também a primeira bolha Internet rebentava e lançavam-se as fundações para a tal web 2.0. Uma coisa nada tem a ver com a outra, aparentemente, mas a simultaneidade de ambos os acontecimentos indicia uma mudança de paradigma. Hoje, todos os especialistas nos dizem que a Al Qaeda é menos uma organização terrorista, mas mais um programa difuso que se materializa numa rede dispersa de pequenas organizações voluntaristas, sem grande hierarquia mas com muita vontade de agir. Cheira-me a 2.0.
O recente massacre de estudantes na Finlândia por um aluno que publicou as suas intenções na Internet leva-me a estender esta lógica ainda um pouco mais longe. Hoje, o terrorista está em potencial em cada um de nós. A raiva, a revolta, a baixa auto-estima, a pressão social, o silêncio, a overdose de comunicação, a multiplicidade ideológica, tudo parece contribuir para levar ao limite alguns adolescentes, desde sempre uma idade delicada. A pura demonstração da violência (e não, não falo da virtual e ficcional, falo da real) no trânsito, na vida familiar, nos exemplos que nos chegam do outro lado do Atlântico, mais não são do que um catalisador para a emergência solitária e terrível (passo a redundância) deste novo terrorista.
Voltemos então ao terrorismo. Tal como a espionagem, o terrorismo era em tempos resultado de uma organização secreta e minuciosa. Quanto mais secreto e organizado fosse o funcionamento das células terroristas, mais espectacular seria o seu resultado. O financiamento vinha de negócios igualmente ilegais, incluindo a droga e o tráfico de armas e os alvos eram geralmente uma ordem estabelecida, com preferência para os mais ricos, mais poderosos ou apenas mais livres.
Quando esta forma de fazer terrorismo atingia o seu auge, em 11 de Setembro de 2001, também a primeira bolha Internet rebentava e lançavam-se as fundações para a tal web 2.0. Uma coisa nada tem a ver com a outra, aparentemente, mas a simultaneidade de ambos os acontecimentos indicia uma mudança de paradigma. Hoje, todos os especialistas nos dizem que a Al Qaeda é menos uma organização terrorista, mas mais um programa difuso que se materializa numa rede dispersa de pequenas organizações voluntaristas, sem grande hierarquia mas com muita vontade de agir. Cheira-me a 2.0.
O recente massacre de estudantes na Finlândia por um aluno que publicou as suas intenções na Internet leva-me a estender esta lógica ainda um pouco mais longe. Hoje, o terrorista está em potencial em cada um de nós. A raiva, a revolta, a baixa auto-estima, a pressão social, o silêncio, a overdose de comunicação, a multiplicidade ideológica, tudo parece contribuir para levar ao limite alguns adolescentes, desde sempre uma idade delicada. A pura demonstração da violência (e não, não falo da virtual e ficcional, falo da real) no trânsito, na vida familiar, nos exemplos que nos chegam do outro lado do Atlântico, mais não são do que um catalisador para a emergência solitária e terrível (passo a redundância) deste novo terrorista.
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