O registro do pop - Revista Rolling Stone
O que é cultura pop? Alguns a definem como o conjunto de reações dos consumidores perante produtos, ideias e ideais lançados pela indústria do cinema, música e meios de comunicação. Outros defendem o contrário: é a torrente de interesses oriunda dos grupos sociais que reverbera nos meios. Complexo. O que importa é que em ambos os casos, gerada ou não por ela, a mídia “mastiga” conteúdos e os dissemina visando atingir altos níveis consumo ou proliferação de ideias. E esse movimento indústria-povo é uma definição aceitável para a pergunta do início do parágrafo.
Tão difícil quanto definir o termo é descobrir a origem do movimento. Com a técnica silogística baseada nos argumentos ditos acima, é plausível fundir o início da cultura pop com o da comunicação em massa. Os jornais como os conhecemos hoje adquiriram este formato juntamente com a evolução de técnicas gráficas e do sistema postal – e isso se deu, veja lá, entre o final do século XIX e início do século XX. Tornaram-se os percursores na divulgação da programação cultural e no destaque de personalidades do teatro, da música e do cinema. As primeiras salas de espetáculo lotadas por conta da divulgação não só do trabalho, mas também da vida pessoal dos artistas, podem ser consideradas o suspiro inicial da cultura pop e da revolução da informação.
Um pouco depois, já em 1967, o movimento hippie, o rock’n’roll e a guerra do Vietnã ocupavam as manchetes da imprensa conservadora. Enquanto isso, protestos causavam mudanças no pensamento comum que, aliados ao boom de expressões artísticas nas mais variadas formas, foram o grande alimento para o fortalecimento da cultura pop em escala industrial. Surgia um terreno fértil e ainda carente de publicações que gerou público sedento por um veículo que cobrisse toda essa expressão artística. E, em novembro, lá estava ele, imponente: John Lennon estampava a capa da primeira edição da Rolling Stone. Havia outra maneira de uma magazine causar maior impacto?
Podemos considerar Jann Wenner – estudante da Universidade da Califórnia – e seu mentor Ralph J. Gleason – crítico de jazz do San Francisco Chronicle – os fundadores da revista. Com apenas 20 anos, Wenner arrecadou U$7500 dólares em empréstimos com seus familiares e parentes de sua noiva (com quem logo se casou) para reunir capital suficiente e lançar a primeira edição de forma independente. Assim que publicada em São Francisco, a repercussão foi tamanha que uma editora e vários patrocinadores se dispuseram a apoiar o projeto. Anos mais tarde, a sede foi transferida para Nova Iorque a fim de se aproximar mais ainda das agências publicitárias.
Inicialmente dedicada à contracultura hippie, com o passar do tempo a revista foi se afastando das políticas de edição underground por estas serem demasiado radicais. Começou, então, a adotar um jornalismo mais tradicional, mas movido a atitudes inovadoras. A música, o foco primordial, é um produto artístico decorrente do mundo que a envolve, logo, está intrínseca e completamente relacionada com o que acontece ao seu redor. E a proposta se baseia nisso: abordar um universo de assuntos a partir de seus reflexos musicais. Logo na primeira edição, Wenner deixou isso claro ao publicar a pequena nota: "Não falamos só sobre música, mas sobre as coisas e atitudes que a música envolve".
Hoje podemos ver o resultado: a edição americana é publicada quinzenalmente e exportou a fórmula para 17 países, incluindo o Brasil, desde 2006. Em 1997, Wenner foi incluído no Hall da Fama com o mérito de ter sido o editor mais jovem da história (ainda ocupa o cargo) e em 2004 no Hall da Fama do Rock and Roll pelo seu empreendimento de apoio à cultura do rock. Manter um ideal firme por 43 anos cada vez mais preocupado em não desvirtuar do propósito inicial gerou uma conseqüência indiscutível: a documentação da história da cultura pop.
Sempre contando com fotógrafos e ilustradores competentes que promovem ensaios muito originais (mas ainda comerciais), as capas da Rolling Stone são o registro histórico fotográfico dos grandes destaques do mundo pop das últimas quatro décadas. Confira um acervo de capas que contempla boa parte do período entre a primeira edição e outubro de 1999 clicando aqui.
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