Existem criminosos de guerra nazistas foragidos?
Quando as forças aliadas invadiram a Alemanha (em inglês) e ficou claro que o país havia perdido a Segunda Guerra Mundial (em inglês), o ditador do Terceiro Reich, Adolf Hitler, e sua noiva se suicidaram em um bunker de Berlim. Outros membros do partido nazista e do exército, no entanto, fugiram da Alemanha. Capturar essas pessoas e levá-las a julgamento se tornou uma prioridade após a guerra.
Os mais importantes líderes nazistas foram capturados e julgados. Em novembro de 1945, no famoso Julgamento de Nuremberg, 22 homens foram julgados, um deles à revelia. Em outubro de 1946, os veredictos foram anunciados: três foram inocentados, os outros 18 foram considerados culpados. Desses dezoito, onze foram sentenciados ao enforcamento e o restante foi sentenciado à prisão.
Hulton Archive/Getty Images
Os réus no julgamento em Nuremberg aguardam seus veredictos. Dezoito foram considerados culpados, onze dos quais foram enforcados.
Mas apesar do resultado do julgamento, os líderes aliados permaneceram cientes de que muitos criminosos de guerra nazistas ainda estavam foragidos. Afinal, foram necessários muitos homens para comandar os campos de concentração, conduzir horríveis experimentos e exterminar milhões de pessoas.
A Argentina foi um dos principais locais para onde fugiram os nazistas que escaparam de Nuremberg. Graças aos procedimentos de imigração negligentes e à administração liderada por Juan Perón (que supostamente ajudou os nazistas a fugirem para a América do Sul), centenas ou talvez milhares de criminosos de guerra nazistas podem ter se instalado por lá. Mas, Perón não foi único líder a ignorar os crimes dos nazistas foragidos.
Como os autores Rory Carroll e Uki Goni afirmaram em um artigo do The Guardian, "Com a Guerra Fria se estabelecendo, a América, a Grã-Bretanha e a União Soviética se apoderaram de cientistas nazistas, então isso é um assunto sem fundo moral, mas as boas vindas de Perón se estenderam a homens com alguns talentos além dos de assassinos em massa" [fonte: Carroll, Goni]. De fato, documentos tornados públicos em 1999 revelam que a CIA estava ativamente engajada em encobrir os paradeiros de ex-criminosos de guerra nazistas, optando por usá-los como agentes e informantes na Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial [fonte: AP (em inglês)].
Mas, apesar da cumplicidade aliada em encobrir alguns criminosos de guerra, a caçada por nazistas foragidos continuou. E ainda continua até hoje. Mas, mais de 60 anos após a guerra, ainda existem nazistas foragidos? Pelo menos um grupo acredita que sim.
Os caçadores de nazistas
Alguns dos peixes grandes que escaparam de Nuremberg foram capturados mais tarde. Um dos líderes mais importantes do partido nazista, Adolf Eichmann, foi seqüestrado em sua casa na Argentina em 1960 por agentes do Mossad, o serviço secreto de inteligência israelense. Ele foi julgado e sentenciado em 1961 e enforcado em 1962 [fonte: O Local da História (em inglês)]. Klaus Barbie, "O Assassino de Lyon", ao qual se atribuem torturas físicas freqüentes nos prisioneiros, incluindo crianças, foi capturado na Bolívia em 1983. Barbie, que trabalhou como um agente para os britânicos e, depois, para os americanos após a Segunda Guerra Mundial, foi considerado culpado e sentenciado à prisão perpétua, onde morreu em 1991 [fonte: Biblioteca Virtual Judaica (em inglês)].
Agora, no século 21, admite-se que a maioria dos criminosos de guerra nazistas que escaparam da justiça já tenha morrido. Afinal, um homem que tinha 35 anos em 1940, estaria com 103 anos em 2008.
Juan Mabromata/AFP/Getty Images
Por causa de Efraim Zuroff, o Simon Wiesenthal Center redobrou seus esforços para encontrar qualquer criminoso de guerra nazista ainda foragido
Efraim Zuroff, o diretor do Simon Wiesenthal Center, acredita que alguns dos criminosos de guerra ainda estejam vivos. O Wiesenthal Center é dedicado a rastrear criminosos de guerra foragidos e a persuadir oficiais locais a acusá-los ou a extraditá-los. Zuroff acredita que existem "pelo menos dezenas" de nazistas ainda foragidos atualmente [fonte: Spiegel (em inglês)]. Já que o tempo está se esgotando, com muitos destes criminosos de guerra nazistas de nível mais baixo entrando em seus 90 anos agora, o Simon Wiesenthal Center lançou a "Operação Última Chance" (Operation Last Chance), um último esforço para levar a julgamento o maior número possível de nazistas encontrados antes que eles morram de velhice.
Caçador de nazistas
¬Simon Wiesenthal se empenhou quando o assunto era caçar nazistas foragidos. Um judeu ucraniano, Wiesenthal e seus entes queridos passaram um tempo em vários campos de concentração. No total, 89 membros de sua família e da família de sua esposa morreram nas mãos dos nazistas. Após a guerra, Wiesenthal dedicou-se a caçar os homens que haviam condenado e assassinado seu povo. Ele encontrou o mais procurado, Adolf Eichmann, assim como várias outras pessoas responsáveis por orquestrarem as matanças de milhões de pessoas durante a guerra [fonte: Biblioteca Virtual Judaica (em inglês)].
Express/Express/Getty Images
Simon Wiesenthal, abril de 1963
Com muitos dos membros comuns do exército nazista chegando aos últimos anos de suas vidas, o Simon Wiesenthal Center lançou a Operação Última Chance (Operation Last Chance) como um último esforço de trazer essas pessoas a julgamento. O Centro aumentou a recompensa padrão de US$ 10 mil por informações que possam levar à captura de criminosos de guerra para US$ 25 mil, e os governos da América Central e da América do Sul que resistiram aos esforços de capturar criminosos de guerra no passado, agora estão cooperando [fonte: Carroll, Goni (em inglês)].
O Centro espera que a pressão descubra um nazista em particular e Zuroff afirma que, se ele for capturado, a última operação terá sido um sucesso [fonte: Carroll, Goni (em inglês)]. Descubra quem é esse criminoso de guerra e suas atrocidades,
Doutor Morte
Se capturados, os nazistas de nível inferior que supostamente ainda estão vivos não enfrentarão acusações individuais como seus superiores enfrentaram. Mesmo assim, eles seriam acusados por crimes contra a humanidade por suas ações como guardas ou oficiais nos campos de concentração que os nazistas mantiveram durante a Segunda Guerra Mundial (em inglês). Entretanto, pelo menos uma pessoa viva enfrentará uma lista de acusações específicas caso seja encontrado. Esse homem é o mais procurado de todos no Simon Wiesenthal Center.
Aribert Heim, médico austríaco que trabalhou nos campos de concentração durante a guerra, possui uma recompensa de US$ 448 mil sobre sua cabeça. Heim, agora com 93 anos (se ainda estiver vivo), ganhou o repugnante apelido de "Doutor Morte" devido a seus experimentos nos campos de Sachsenhausen, Buchenwald e Mauthausen. Foi onde ele realizou cirurgias desnecessárias em prisioneiros, como amputações sem anestesia. Sobreviventes dos campos dizem que Heim apreciava observar os internos, em cujos corações injetava gasolina, água ou veneno, para ver quanto tempo levava para eles morrerem. A carne da cabeça de um homem submetido a tal injeção foi mais tarde fervida e sua caveira era utilizada como peso de papel. Como presente para um comandante do campo, afirma-se que Heim tenha feito coberturas de poltronas com a pele dos internos. No total, acredita-se que Heim tenha matado pessoalmente cerca de 300 pessoas.
Eric Schwab/AFP/Getty Images
Prisioneiros do campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha, em abril de 1945, logo após o campo ter sido libertado pelo exército do General George S. Patton
Heim esteve preso uma vez, logo após a Segunda Guerra Mundial. Todavia, ele foi solto e chegou a praticar a medicina na Alemanha por um tempo. Quando o seu nome surgiu várias vezes em entrevistas com sobreviventes do Holocausto, um mandado de prisão foi emitido contra ele. Ele escapou um dia antes de a polícia aparecer em sua casa, em 1962 [fonte: Reuters (em inglês)]. Aribert Heim quase foi capturado novamente em 2005. A polícia o procurou em toda a Espanha após a denúncia de um homem israelense que disse ter conhecido uma pessoa que se parecia com Heim em Ibiza, na costa da Espanha. As autoridades agora focam sua atenção em San Carlos de Bariloche, um resort de esqui na Argentina.
Embora, na autobiografia de 2007 do soldado israelense Danny Baz, o autor reconte a história de sua participação na captura e no assassinato de Heim em 1982, o Wiesenthal Center ainda acredita que Aribert Heim esteja vivo. Ele rejeitou um relatório da família de Heim que afirmava que ele havia morrido de câncer em 1993. Os investigadores têm boas razões para continuarem procurando Heim.
Uma conta bancária em seu nome, contendo mais de US$ 1 milhão, deveria ser reivindicada por sua família se, de fato, ele estivesse morto. Mas seus herdeiros nunca reclamaram o dinheiro. Seu filho instalou uma linha telefônica no nome de Heim na Dinamarca, em 2005, para onde acredita-se que o doutor tenha fugido após sua quase captura na Espanha [fonte: Fuchs]. Em 2001, um advogado da família arquivou um pedido de Heim para uma restituição de impostos na Alemanha, justificando que o homem estaria vivendo no exterior naquela época [fonte: Carroll, Goni (em inglês)]. E a filha do primeiro casamento de Heim vive perto da fronteira de San Carlos de Bariloche, no Chile.
Todas as provas da existência de Heim são circunstanciais, mas ainda não são suficientes para o Simon Wiesenthal Center. Eles continuarão a caçar Heim e outros nazistas durante a "Operação Última Chance", sem piedade e indiferentes quanto à idade que esses homens possam ter atualmente. "A passagem do tempo não diminui, de maneira alguma, os crimes cometidos por eles", diz Zuroff [fonte: Wiesenthal Center].
Josh Clark. "HowStuffWorks - Ainda existem criminosos de guerra nazistas foragidos?". Publicado em 16 de janeiro de 2008 (atualizado em 15 de julho de 2008) http://pessoas.hsw.uol.com.br/nazistas-espalhados2.htm (12 de fevereiro de 2010)
1 Comentário:
Efraim Zuroff, o fanatico nazista judeu, está caçando ainda "nazistas" alemães que ja passaram de 100 anos de idade! Vai pra o inferno judeu imundo!Vai caçar os comunistas judeus assassinos que mataram na Rússia e Europa do Leste, seu idiota!
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