terça-feira, 28 de setembro de 2010

Especialista alerta para número de acidentes domésticos com idosos


Na passagem do Dia Nacional do Idoso, 27 de setembro, um alerta sobre o número de acidentes envolvendo quedas na terceira idade, que são problema de saúde pública. As quedas e as consequentes lesões causam impacto social em países em que ocorre expressivo envelhecimento populacional, como é o caso do Brasil. 

Segundo o IBGE, o número de idosos no Brasil, passou de 14,8 milhões em 1999 para 21,7 milhões em 2009, o que equivale a mais de 11% da população. A expectativa de vida atingiu 77 anos para as mulheres e 69,3 anos para os homens. 

No Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, de janeiro a agosto deste ano, foram atendidas 6.583 pessoas com idade acima de 60 anos. Desse total, 2.024 (em torno de 30%), foram relativas a quedas. Na faixa etária de 60 a 69 anos foram 862 casos e acima de 70 anos 1.162.  Em 2009 foram 1.308 atendimentos por queda na faixa etária de 60 a 69 anos. Já a partir dos 70 anos foram 1.781 atendimentos.

A queda é o mais sério e freqüente trauma que ocorre com os idosos e a principal causa de morte acidental de pessoas acima de 65 anos. Além disso, 30% dos idosos com mais de duas quedas anuais, que sofrem alguma lesão, apresentam redução da mobilidade, da independência e aumento do risco de morte. Quase metade destas mortes associam-se a fratura de fêmur. Após a hospitalização, algumas complicações também podem culminar em morte, como pneumonia, infarto do miocárdio e embolia pulmonar.

De acordo com um estudo do Conselho Regional de Medicina, 55% dos idosos acima de 85 anos sofrem quedas e 30% caem pelo menos uma vez por ano. As quedas respondem por 70% das mortes acidentais  em pessoas  acima de 75 anos e é a sexta causa de óbito em pacientes com mais de 65 anos.

A médica Vânia Tanure, que trabalha a quase 30 anos no Hospital João XXIII, explica que a ocorrência de queda é maior em mulheres do que homens, por vários motivos: idade mais avançada, frequência menor de atividades externas e de movimentação e  maior uso de psicotrópicos, entre outras causas. A maioria dos idosos cai da própria altura (tombo) e 70% das quedas ocorrem em casa.

De acordo com a clínica geral Vânia Tanure, as quedas estão relacionadas a problemas com ambiente, tais como: piso escorregadio, relatado como maior causa de queda; objetos no chão, queda da cama e problemas com degrau, entre outros.

Ela assinala que a prevenção passa pelo conhecimento dos fatores de risco, como a história prévia das quedas. “Uma ou mais quedas no ano anterior aumentam o risco de novas quedas no ano seguinte”, explica. O consumo de medicamentos é outro fator risco. Entre eles, Vânia Tanure destaca as drogas psicotrópicas, como ansiolíticos, indutores do sono e antidepressivos, e as de uso cardiológico. Ela afirma que “o consumo de quatro ou mais medicamentos simultaneamente também aumenta os riscos. Essas drogas podem diminuir as funções motoras, causar fraqueza muscular, fadiga e vertigem”, alerta.

De acordo com a médica, a queda com frequência do idoso pode sinalizar, ainda, algo de errado com a saúde dele, podendo indicar a eminência de uma doença ainda não diagnosticada como hipertensão, diabetes, Parkson, artrose, artrites, osteoporose. O estado psicológico também influencia. O medo de cair novamente após um tombo está relacionado a novos episódios de quedas e também o estado depressivo. Segundo Vânia Tanure, o risco aumenta, ainda, em decorrência de deficiência nutricional, declínio cognitivo (demências e sequelas de acidentes vasculares cerebrais) e deficiência visual.

Quanto aos fatores externos, destacam-se a iluminação inadequada, superfícies escorregadias, tapetes soltos ou com dobras, degraus altos ou estreitos e obstáculos no caminho. Também contribuem para as quedas, a ausência de corrimãos em corredores e banheiros, prateleiras excessivamente baixas ou elevadas, roupas e sapatos inadequados e via pública mal conservada com buracos ou irregularidades.

Vânia Tanure chama atenção para a necessidade de avaliação médica periódica e a adoção de um programa de exercício físico, respeitando as limitações de cada idoso, para melhorar a força muscular e o equilíbrio.

Dados

A população no mundo está ficando cada vez mais velha e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por volta de 2.025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no planeta. O Brasil, que já foi celebrado como o país dos jovens, tem hoje cerca de 13,5 milhões de idosos, que representam 8% de sua população. Em 20 anos, o País será o sexto no mundo com o maior número de pessoas idosas.

O avanço da medicina e a melhora na qualidade de vida são as principais razões dessa elevação da expectativa de vida em todo o mundo.

jornalvarginhahoje

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