quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Fotos artísticas das entranhas da Terra

Por Maria Grazia Marilotti - Parecem surgir da paleta de um pintor ou da inspiração criativa de um escultor, mas na verdade são imagens feitas por uma câmera fotográfica. Pequenos lagos, partes de paredes com um fio de água, massas de lama que, como em caleidoscópio de cores, tomam forma e corpo nas imagens do projeto fotográfico ''I colori del buio'' (As cores do escuro), assinado por ''Digger's Seltz'', a dupla italiana de apaixonados espeleólogos-fotógrafos.

A "Ilha que não existe", a "África'' com suas geometrias abstratas, ''Preto sépia", com um estilo bizantino à la Klimt, ''O corsário negro'', "O Fantasma Formaggino'', ''Ray Charles", ou a cara simpática do alienígena "ET" de Spielberg, são alguns dos títulos irônicos das milhares de fotos tiradas para o projeto.

Os enquadramentos de Paolo Seregni, arquiteto milanês, e de Luca Cerini, informático de Arezzo, trouxeram a público um verdadeiro museu de arte moderna subterrâneo, mantido no escuro e silencioso útero da Terra. Uma viagem que começa em Valle D'Aosta, com Val d'Ayas, Chuc Servette, para chegar em Varese: Caval Lizza, Valvassera. Um retrato de tons e contornos de um percurso artístico ideal que revela ''cores e formas sedutoras, além de paisagens subaquáticas carregadas de magia e beleza''.

O grande sonho para os dois ''Digger's Seltz", que assim se nomearam por se sentirem "efervescentes", continua sendo a exploração das minas da Sardenha.

Lugares como Argentaria, Su Suergiu, Monteponi, Funtana Raminosa, uma maravilha da arqueologia industrial, ainda estão fora dos limites de Paolo e Luca. São minas ricas de prata e cobre, onde os resíduos destes minerais criam uma infinidade de tons de cores brilhantes. Uma magia, para quem caça imagens inéditas com a câmera, capturadas nos labirintos mais profundos da terra.

Os 'Digger's' tentaram mais de uma vez entrar nas minas da Sardenha. ''Na Argentiera - conta Paolo - fomos expulsos pelo ataque de milhares de mosquitos. Na Guzzurra, foi por causa do ar irrespirável''. Mas a Itália está cheia de antigas galerias que Paolo e Luca querem iluminar com a lanterna, à espera do clique perfeito.

Além das fotos do ambiente - ferramentas antigas, carrinhos, trilhos e estalactites - os dois espeleólogos-arqueólogos documentam a reapropriação da natureza de seus domínios, devolvendo brilho e esplendor àquelas profundezas deturpadas pela mão do homem. Cenas nunca retratadas antes. ''É surpreendente enfiar-se em um buraco negro e descobrir um mundo multicolorido. Nos sentimos como Alice no país das maravilhas", confessa Luca Cerini.

Visitar as minas é uma experiência forte para Paolo e Luca. ''Elimina tensões, toxinas, você sai com as baterias carregadas", garantem. "Nós até encontramos dois idosos, que falaram de filosofia na escuridão da galeria".

É uma aventura. ''É um pouco como uma viagem ao inconsciente - observa Paolo. Nesses espaços escuros e silenciosos você sente a dor e o cansaço dos mineiros que ali trabalharam".

A aventura de Paolo e Luca está só começando. Eles percorreram só algumas das etapas do projeto ambicioso, explorando minas do norte da Itália. Outras ainda estão sendo planejadas. "Nosso objetivo é um sonho, revela Paolo. Ainda falta Bacu Locci no Salto di Quirra, na Sardenha. A cada passo surgem pinturas e esculturas que mudam em um instante. É uma arte em transformação - e por isso também sedutora, o seu aspecto está em constante mutação, como a própria vida'', conclui Paolo.
 
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