quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pacientes de hanseníase lutam contra preconceito

Em 2009, o adolescente Edilson Oliveira, 15 anos, percebeu manchas brancas na pele. Acreditando se tratar de micoses, usou pomadas, mas as manchas aumentaram. Ao procurar o serviço de saúde do distrito de Barra do Cuieté, no município de Conselheiro Pena, no Leste do Estado, foi surpreendido com o diagnóstico. “Era hanseníase. O médico disse que seria preciso tratar para que a doença não ficasse grave e para que não fosse transmitida a outras pessoas”, contou ele. 

A história do adolescente não é isolada. Nos últimos quatro anos foram diagnosticados 8.624 novos casos de hanseníase em Minas Gerais, sendo 416 em menores de 15 anos. Cerca de 10% do total foram diagnosticados tardiamente, já com a apresentação de deformidade. 

Minas Gerais é considerado um estado endêmico para a doença, com algumas áreas onde o risco de adoecer é maior: Leste do Estado, na divisa com o Espírito Santo e Sul da Bahia, envolvendo três regionais de saúde; a região que faz divisa com Goiás, no Triangulo Mineiro; a região da divisa com Goiás e o Distrito Federal e a região de Pirapora, no Norte de Minas. 

Cura sem preconceito

Para o adolescente, o pior da doença é lidar com o preconceito. “Não gosto quando as pessoas descobrem que eu tenho hanseníase, porque elas se afastam com medo de serem contaminadas”, conta.

O preconceito em relação à doença está relacionado à crença histórica de que ela não tem cura e de que os doentes devem ser afastados do convívio social. Porém, hanseníase tem cura. O tratamento dura de 6 a 12 meses, dependendo do quadro de saúde do paciente. Todos eles, mesmo os que apresentam formas contagiantes, deixam de transmiti-la assim que iniciam o tratamento.

Além disso, a doença não é transmitida com aperto de mão, com abraço ou compartilhando utensílios, como copos, talheres ou pratos. Ela é contraída somente de uma pessoa infectada que não esteja fazendo tratamento e que elimine os bacilos de Hansen pelas vias respiratórias.

“A pessoa em tratamento de hanseníase pode e deve realizar suas atividades normalmente junto de sua família, dos colegas de trabalho ou da escola, sem sofrer separação ou rejeição. O tratamento é feito em ambulatório e o portador deve continuar, com exceção dos casos mais complicados, que são encaminhados para os serviços de referência”, explicou Ana Regina Coelho, referência técnica em dermatologia sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Qualquer que seja a forma da doença, a cura acontece utilizando-se medicamentos que provocam a morte dos bacilos de Hansen. Entretanto, caso o tratamento seja tardio ou inadequado, a pessoa pode ter sequelas (deformidades), mesmo já estando curada. Por isso, uma vez identificada, é importante que o tratamento seja realizado imediatamente.

A doença

Os sinais da hanseníase são manchas claras ou vermelhas ou áreas de pele com alteração de sensibilidade. As manchas podem ocorrer em qualquer parte do corpo e não desaparecem com uso de pomadas ou cremes. A doença é infecciosa e atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos.

Segundo Ana Regina Coelho, é comum que a pessoa com a doença não perceba a diferença de sensação entre algo quente ou frio, ou se algum objeto pontiagudo toca a região afetada.

“A hanseníase é uma doença curável, cujos medicamentos estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). É importante que todas as pessoas com manchas brancas ou vermelhas ou áreas dormentes no corpo procurem o serviço de saúde”, explica Ana Regina.

Políticas públicas

O Estado tem investido em capacitações da rede de assistência, no controle e monitoramento dos dados, procurando estimular o diagnóstico precoce da hanseníase, o tratamento adequado da doença e de suas complicações.

A doença está incluída nas atividades da atenção primária ou básica e faz parte das atividades de rotina das Equipes de Saúde da Família (ESF). Agentes Comunitários de Saúde (ACS) recebem treinamento para fazer o diagnóstico e o tratamento da grande maioria dos casos. São eles os responsáveis por informar e orientar as pessoas da comunidade em que atuam. Além disso, realiza a vigilância dos familiares dos casos diagnosticados, população de maior risco para desenvolver a doença.

O tratamento da doença é gratuito, disponibilizado na rede pública de saúde durando, geralmente, de 6 a 12 meses. Uma vez identificado e feito o diagnóstico de hanseníase, a medicação é prescrita e o paciente a recebe gratuitamente na Unidade Básica de Saúde (UBS) do município. Para os casos evoluídos da doença, Minas Gerais oferece serviços de referência de complexidades diversas distribuídos em todo o Estado.

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