quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mão-de-obra italiana para o café no Sudeste

Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a região Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isso se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo. Com o fim do tráfico negreiro e o sucesso da colonização italiana no Sul, o Governo Paulista passa a incentivar a imigração italiana com destino aos cafezais. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios donos das fazendas de café tratavam de atrair imigrantes italianos para as suas propriedades. O governo brasileiro pagava a viagem, e o imigrante tinha que se propôr a trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem paga.
Os imigrantes italianos, na maioria, imigravam para o Brasil em famílias e eram chamados de colonos. Os fazendeiros, acostumados a trabalhar com
escravos africanos, passaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados. Todavia, muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos à jornadas de trabalho semelhantes aos dos escravos. Essa situação gerou muitos conflitos entre os imigrantes italianos e os fazendeiros brasileiros, causando rebeliões e revoltas. As notícias de trabalho semi-escravo chegaram à Itália, e o Governo italiano passou a dificultar a imigração para o Brasil.

O sucesso inicial da imigração subsidiada trouxe para o Brasil mais de 1 milhão de italianos até o final do século XIX, e outros 600 mil no século XX. O Brasil tornou-se o destino preferido da imigração italiana.
Após a
abolição da escravatura, em 1888, a imigração italiana se tornou a grande fonte de mão-de-obra no Brasil. Os italianos começaram a se espalhar por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A maioria absoluta teve como destino inicial o campo e o trabalho na agricultura.
Muitos imigrantes italianos, após alguns anos trabalhando nas colheitas de café, conseguiram dinheiro suficiente para comprar suas própias terras e se tornaram fazendeiros. Outros partiram para grandes centros urbanos brasileiros, como
São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.

Os italianos nas cidades brasileiras

As péssimas condições de trabalho no interior do Brasil faziam com que os italianos rapidamente rumassem para os centros urbanos, principalmente São Paulo.No início do século XX, a grande maioria dos operários de São Paulo eram italianos. A maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo - os Matarazzo, os Crespi - constituíram o grupo dos chamados "condes italianos", cuja proeminência só foi ultrapassada com o correr dos anos. Nos centros urbanos brasileiros, os imigrantes italianos foram cruciais para a industrialização das cidades

Regiões de origem

A imigração italiana no Brasil ficou marcada por ter sido em sua maioria oriunda do Norte da Itália, principalmente do Vêneto, seguida pelas regiões Centro-Sul. A preferência do governo brasileiro pelos italianos do norte era evidente: o norte da Itália era, e continua a ser, a região mais desenvolvida. Assim, os imigrantes italianos trariam para o Brasil técnicas já avançadas de industrialização e idéias novas para uma modernização do Brasil. Além disso, havia a visão racista do governo brasileiro em pró de um branqueamento da população brasileira, trazendo maior número de imigrantes do Norte da Itália, por terem a pele mais clara que os italianos do Sul. Em certas regiões do Norte da Itália, praticamente toda a população teve algum parente ou conhecido que imigrou para o Brasil.

Imigração italiana para o Brasil (1876-1920)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Vêneto - 365.710

Campânia - 166.080

Calábria - 113.155

Lombardia - 105.973

Abruzzo-Molise - 93.020

Toscana - 81.056

Emília-Romanha - 59.877

Basilicata - 52.888

Sicilia - 44.390

Piemonte - 40.336

Puglia - 34.833

Marche - 25.074

Lácio - 15.982

Úmbria - 11.818

Ligúria - 9.328

Sardenha - 6.113

O declínio da imigração italiana

As contínuas notícias de trabalho semi-escravo e condições indignas nas fazendas de café do Brasil fizeram com que a imigração de italianos para o Brasil caísse, e se desviasse para os Estados Unidos e Argentina. A imigração italiana no Brasil continuou grande até a década de 1920, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a imigração italiana. Com a Segunda Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil contra a Itália e a contínua recuperação econômica italiana, a vinda de italianos para o Brasil entrou em decadência.

Hoje em dia, quase todos os brasileiros descendentes de italianos falam o português como língua materna. Há ainda uma minoria de 500.000 pessoas que falam o italiano como língua materna, a maioria dos quais usam o dialeto Talian, nas zonas vinícolas do Rio Grande do Sul.
A
língua italiana foi proibida no Brasil na década de 1930, pelo presidente Getúlio Vargas, após declarar guerra contra a Itália. Qualquer manifestação da cultura italiana no Brasil era crime. Isso contribuiu bastante para que o idioma italiano fosse pouco desenvolvido entre os descendentes de italianos.

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