quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Segunda Guerra Mundial - Ambiente e Origem - Em busca da paz

"Quem quer que acenda a tocha da guerra na Europa nada pode desejar senão o caos".
Adolf Hitler, 21 de maio de 1935

A 30 de janeiro de 1933, Hitler ascendeu ao poder na Alemanha. Essa data marca, tanto quanto o pode fazer uma simples data, o fim do período "após-guerra", na história européia. Durante os catorze anos que se lhe seguiram, os estadistas tiveram seu pensamento subordinado à guerra passada, às suas lições e aos problemas que ela deixou por solucionar. De 1933 em diante, eles se viram forçados a subordinar cada vez mais seu pensamento à próxima guerra, e não à que passara.
 
imagem ilustrativa/arquivo Google
O problema relevante, que as nações tiveram que enfrentar depois de 1918, foi o da criação de um mundo pacífico. A frase "uma guerra para terminar com a guerra" oculta uma profunda emoção nascida da revolta contra a barbárie da guerra, como meio de se solucionar disputas. Mas se uma repetição da pavorosa catástrofe tivesse de ser evitada, as condições capazes de torná-la possível deveriam ser removidas. Particularmente, o direito soberano de toda nação, de perturbar a paz na busca das respectivas finalidades nacionais, era algo que devia ser abolido. A insistência em torno desse direito e a recusa das Grandes Potências em subordinar suas ambições individuais ao bem-estar geral, resultaram na anarquia internacional que produziu a guerra de 1914. A estabilidade da paz, somente poderia ser assegurada pela eliminação da violência e a substituição dos métodos legais nas questões internacionais.

Assim, um dos maiores temas na história do mundo de após-guerra, é o esforço em favor do estabelecimento de um método para a solução pacífica das questões. O Covenant da Liga das Nações asseverou, em seu preâmbulo, ser desejo dos signatários promover a cooperação internacional "aceitando a obrigação de não recorrerem à guerra" e "pelo firme estabelecimento da compreensão do direito internacional, como a verdadeira regra de conduta entre os governos". O Covenant procurou pôr em prática esses princípios pelo assentamento de um modo de agir definitivo, em favor dos acordos pacíficos e pela criação de penalidades, ou "sanções", contra qualquer Estado que violasse essas resoluções. Por meio do Pacto de Paris, ou Pacto Kellog, sessenta e dois Estados concordaram em renunciar à guerra como "instrumento de política nacional" - isto é, como método de efetivar suas exigências ou de satisfazer suas ambições - e prometeram que somente por meios pacíficos procurariam ajustar suas disputas. Em adição a esse acordo geral, tratados específicos de conciliação e não-agressão foram concluídos por muitos Estados com os seus vizinhos. Mesmo assim, a possibilidade da guerra sob certas circunstâncias ainda permaneceu; mas se esses acordos tivessem sido fielmente observados, teriam representado um longo passo em prol da eliminação da guerra no mundo moderno.

Nesses acontecimentos, a República Alemã teve parte louvável. A amargura que se seguiu à guerra, e que achou expressão num conflito contínuo e inútil, entre vitorioso e vencido, começou a atenuar-se pelo ano de 1924. Os aliados reconheceram a necessidade de aceitar a Alemanha como componente normal da sociedade européia das nações. A Alemanha, por sua vez, sob a orientação de Stresmnann, abandonou a atitude de resistência e vingança, em favor de uma política de "reconciliação e realização". O resultado imediato dessa mudança foi o Tratado de Locarno em 1925. A Alemanha trocou mútuas garantias, com a Bélgica e a França, prometendo ambos os lados jamais entrar em guerra um contra o outro, e resolver por meios pacíficos "as questões de qualquer espécie que surgissem entre eles". Os tratados alemães de arbitramento com a Polônia e a Tchecoslováquia formaram parte do mesmo acordo. Em 1926, um tratado de não-agressão foi firmado entre a Alemanha e a Rússia. No mesmo ano, a Alemanha ingressou na Liga das Nações e aceitou as obrigações do Covenant. Em 1928, ela foi um dos signatários originais do Pacto de Paris, e, em 1929, suas relações pacíficas com a Rússia foram reforçadas por um tratado de conciliação entre as duas potências. De tais ações poder-se-ia deduzir que a Alemanha estava pronta para tomar parte ativa, senão dirigente, na causa da paz.

Atrás desses auspiciosos acontecimentos, contudo, outros, menos promissores se estavam processando. Subsistiam muitas das primitivas concepções de pré-guerra. A atitude de desconfiança e receio, legada pela guerra passada, custava a se desvanecer. E, o que não é menos importante, a tentativa de criar um mundo pacífico originou-se da situação estabelecida pelos tratados de 1919. Não há necessidade de se discutir aqui a sabedoria ou justiça dos tratados. É bastante se reconhecer que uma das suas causas fôra o anseio de se proteger contra qualquer novo ataque das potências derrotadas. As nações vitoriosas sentiram que deviam permanecer bastante fortes para jugular qualquer tentativa dessa natureza - ou melhor ainda, que os seus inimigos deviam tomar-se impotentes para repetir a agressão de 1914. Se um sistema de paz permanente pudesse ser estabelecido, essa atividade de desconfiança seria talvez abandonada. Mas até que pudessem confiar na eficácia de um sistema de segurança coletiva, no qual um Estado ameaçado pelos seus vizinhos pudesse contar com a proteção de outros Estados, as nações acharam que deveriam continuar confiando na sua própria superioridade de força.

O resultado foi que a idéia de se resolver disputas por negociações, ao invés da força, teve na prática um êxito muito limitado. As nações vitoriosas mostravam-se relutantes em conceder quaisquer vantagens substanciais das quais seus antigos inimigos se pudessem um dia utilizar contra ela. Isto significou que a Alemanha, por sua vez, se desiludiu de toda a idéia de soluções pacíficas. Stresemann conduziu a sua política com dificuldade, contra um forte elemento nacionalista, que acreditava mais na violência que na conciliação. Quando a política de Stresemann demonstrou ser incapaz de produzir os resultados esperados, e quando, além disso, a Alemanha mergulhou com o resto do mundo na depressão de 1929, o caminho estava aplainado para a derrocada de sua política de moderação e para a volta ao ódio e à violência.
 

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