Estados Unidos querem nomes de colaboradores do WikiLeaks
Segundo o próprio WikiLeaks, a intimação foi expedida pelo Tribunal Regional do Estado de Virginia, nos Estados Unidos, e, existe, ainda, a suspeita de que outras companhias de internet também estejam sendo obrigadas a entregar informações sobre suas atividades, com os nomes de usuários, endereços, histórico de conexões, números de telefone e detalhes de pagamento.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
VITORIA/BRASIL - PRAVDA.RU
Depois de usarem suas representações diplomáticas ao redor do mundo e a diplomacia internacional para promover intrigas e espionar governos e autoridades ao redor do planeta, o governo dos Estados Unidos conseguiu na justiça americana uma ordem que exige da rede social Twitter detalhes sobre pessoas envolvidas com o site WikiLeaks, que implodiu a diplomacia mundial, ao divulgar documentos secretos americanos sobre vários governantes, governos e de países.
Segundo o próprio WikiLeaks, a intimação foi expedida pelo Tribunal Regional do Estado de Virginia, nos Estados Unidos, e, existe, ainda, a suspeita de que outras companhias de internet também estejam sendo obrigadas a entregar informações sobre suas atividades, com os nomes de usuários, endereços, histórico de conexões, números de telefone e detalhes de pagamento.
O site do Twitter, em San Francisco, tem três dias para apresentar a sua resposta e inicialmente teria sido instruído a não divulgar o fato de que a liminar tinha sido apresentada nem a existência da investigação. No entanto, o próprio tribunal teria derrubado as restrições, autorizando o Twitter a informar os seus clientes sobre o caso.
No ar já há alguns anos, o Wikileaks só conseguiu prestígio e notoriedade internacional quando passou a divulgar documentos sigilosos da diplomacia americana no mundo, tornando público 77 mil documentos da inteligência americana sobre o Iraque e mais de 250 mil telegramas secretos do Departamento de Estado dos Estados Unidos com os bastidores da diplomacia internacional, com destaque especial para a dos Estados Unidos.
A divulgação desses documentos diplomáticos revelaram o desvio de conduta da diplomacia americana, que se transformou em uma rede internacional de intrigas e espionagens de governantes e governos ao redor do mundo, fato que enfureceu os Estados Unidos e colocou a diplomacia mundial em uma saia-justa.
O WikiLeaks informou que o site Twitter já recebeu intimação judicial americana e acha que o Facebook e o Google também tenham recebido intimações de autoridades norte-americanas. A intimação é para fornecer detalhes sobre a conta do WikiLeaks no Twitter. Os escritórios regionais do Facebook e do Google em Londres, na Inglaterra, ainda não se pronunciaram a respeito.
O WikiLeaks informou que investigadores norte-americanos estiveram na sede do Twitter, em São Francisco, no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, para exigir mensagens privadas diretas, informações de contatos e outros detalhes pessoais de Julian Assange e de outros associados e simpatizantes do portal virtual, incluindo um analista do serviço de inteligência do Exército dos Estados Unidos, suspeito de ter feito a entrega de dados sigilosos ao site e também de uma parlamentar islandesa de alto escalão.
A intimação foi revelada graças a uma ação legal do Twitter, informou o WikiLeaks. O Twitter recusou-se a comentar essa afirmação, dizendo apenas que a sua política é a de notificar os seus usuários, sempre que possível, de pedidos de informação do governo.
Entre os investigados estão o fundador do Wikileaks Julian Assange e a deputada Birgitta Jónsdóttir da Islândia. Os Estados Unidos estudam ainda, entrar, com um processo contra Julian Assange, devido ao vazamento e divulgação de 250 mil documentos diplomáticos considerados secretos.
Acredita-se que o Departamento de Justiça americano pode indiciá-lo por acusações de conspiração para roubar documentos ao lado do militar Bradley Manning, um analista de inteligência do Exército americano.
Manning vai ser julgado por uma Corte Marcial americana e pode ser condenado até 52 anos de prisão, por supostamente ter enviado documentos diplomáticos americanos ao WikiLeaks, além de relatos militares de incidentes no Afeganistão e no Iraque e de um vídeo militar confidencial.
Segundo o documento emitido pelo Tribunal de Virginia, em 14 de dezembro passado, a Promotoria-Geral americana teria apresentado indícios de que as informações sob posse do Twitter são "relevantes e importantes para uma investigação criminal em andamento".
Além dos já citados, a liminar exige informações sobre o hacker holandês Rop Gonggrijp e o programador americano Jacob Appelbaum, que já colaboraram com o Wikileaks. Entre os dados pedidos estão endereços de email, detalhes de pagamento e conexões, além de horários de utilização, endereços IP usados para acessar o Twitter.
Julian Assange criticou a decisão, classificando-a de assédio. "Se o governo do Irã tentasse obter essa informação coercitivamente de jornalistas ou ativistas de países estrangeiros, grupos de direitos humanos de todo o mundo se pronunciariam", disse Assange, segundo quem, a liminar só veio à tona "graças a ação legal do Twitter". Por sua vez, o site americano não confirmou nem desmentiu a informação.
No Brasil, em entrevista publicada em um site brasileiro, o desembargador Fernando Foch de Lemos Arigony da Silva, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, disse que, "Se o Estado quer sigilo, que trate de guardá-lo". Na opinião de Fernando Foch, se o jornalista tem acesso à informação, ainda que esteja sob sigilo, ele pode e deve publicá-la. "Uma das funções do jornalista é publicar o que ainda não foi publicado ou que não deve nem querem que seja publicado. Quem quiser que guarde as suas informações, pois o jornalista está atrás delas. Ele tem que estar, a sociedade precisa que ele esteja", enfatizou o desembargador.
O Wikileaks é um site jornalístico, o seu responsável, Julian Assange, é jornalista, e os Estados Unidos da América se dizem defensores e guardiões das liberdades fundamentais pregadas pela democracia e do pleno estado de direito. Além disso, o direito universal de preservar suas fontes de informações são conquistas consolidadas e intocáveis do jornalista.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU no Brasil. E-mail:- jornalistadobrasil@hotmail.com
fonte: pravda.ru
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