A missão de Sumner Welles
fonte: wikipedia |
Mas, embora tais incidentes mostrassem a possibilidade de surgir um atrito entre os Estados Unidos e os aliados, não era provável que deles resultasse qualquer ruptura séria. A administração Roosevelt estava interessada pelos aspectos mais amplos do conflito. O presidente se mostrava plenamente cônscio de seu significado para a América e dos perigos inerentes a uma possível derrota dos aliados. Ele estava impaciente por usar de sua influência onde fosse possível em favor de uma oportunidade para a restauração da paz. Mas, como demonstrou em seu discurso de 16 de março, percebeu que era necessária uma base moral para que a paz fosse real e duradoura; e durante esse período parecia haver pouca possibilidade de que a Alemanha aceitasse qualquer ajuste que ao menos se aproximasse dessa condição.
Foi, segundo parece, com a intenção de descobrir se existia mesmo alguma perspectiva que o presidente Roosevelt anunciou, a 9 de fevereiro, a nomeação de Mr. Sumner Welles para a realização de uma tournée de sondagens pelos capitais beligerantes. "Essa visita", disse o comunicado da Casa Branca, "é somente destinada a servir o propósito de esclarecer o presidente e o secretário de Estado a respeito da atual situação da Europa. Mr. Welles não estará, naturalmente, autorizado a fazer propostas ou tomar compromissos em nome do governo dos Estados Unidos."
Essa explicação pareceu simples demais para satisfazer as tendências especuladoras de um grande número de observadores. Mas na busca dos propósitos mais fundos e sutis que se escondessem atrás dessa missão, eles não obtinham ajuda alguma de Mr. Welles. O subsecretário de Estado seguiu o caminho que lhe foi traçado, alto e de lábios cerrados, de uma capital a outra. No decurso de quatro semanas, ele se avistou com os mais altos funcionários de Roma e Berlim, conversou com os líderes dos diversos partidos em Paris e Londres e se encontrou com representantes do governo polonês no exílio. Ao fim dessa excursão, o único esclarecimento que ofereceu foi o comunicado: "Desejo declarar categoricamente que não recebi nenhum plano ou proposta de paz de beligerante algum ou de qualquer outro governo; que não apresentei nenhuma proposta nesse sentido a governos beligerantes ou outros quaisquer; que nem estou trazendo ao presidente quaisquer propostas dessa natureza".
O que, entretanto parecia claro, é que, em suas conversações com Mr. Welles os estadistas europeus haviam insistido em que nenhuma paz seria virtualmente conseguida com vitória. Tanto a Grã-Bretanha como a França insistiram em que a sombra nazista tinha de ser varrida da Europa. Do lado alemão houve declarações ainda mais peremptórias, se é que pudessem ser aceitas as explicações semi-oficiais de Berlim. Von Ribbentrop assinalou a firme intenção alemã de romper o poder da "plutocracia" britânica. Interpretou isto como significando o fim do controle britânico dos mares, a entrega de Gibraltar e do canal de Suez e a exclusão da influência britânica do continente, para que pudesse ser assegurado o domínio alemão em favor de seu "espaço vital". Hitler elaborou essas exigências e acrescentou-lhes a devolução das colônias à Alemanha e o reconhecimento do direito da Alemanha de estabelecer a sua própria Doutrina de Monroe na Europa central e oriental. A isto, o "New York Times" comentou: "A Doutrina de Monroe, segundo essa interpretação, dá-nos o direito de ocupar a Argentina e o Brasil, de fuzilar seus principais cidadãos, fechar-lhes as universidades, estabelecer o seu trabalho obrigatório, arrancar milhares de mulheres e crianças de seus lares e impor nossas idéias à América Latina a ponta de baioneta."
A declaração do presidente Roosevelt, por ocasião da volta de Mr. Welles, revelou o quanto este enviado especial se sentia pouco à vontade ao regressar de suas explorações pela Europa. "Ele não recebeu, nem me trouxe nenhuma proposta de paz, de nenhuma fonte", disse Mr. Roosevelt, acrescentando que a sua informação seria valiosa "mesmo que ela delimite as perspectivas imediatas do estabelecimento de qualquer paz justa, estável e duradoura na Europa." Ao mesmo tempo, um episódio curioso sugeria que Mr. Welles tinha deixado atrás certa soma de descontentamento em, pelo menos, um país europeu. Mal tinha ele chegado em casa quando os nazis publicaram o que era inculcado como uma série de documentos dos arquivos poloneses tendentes a provar que enviados diplomáticos americanos tinham contribuído, com o encorajamento da Polônia e dos aliados, para o atiçamento das disputas que acabaram por conduzir à guerra. Fosse qual fosse o valor histórico que essa publicação pudesse chegar a ter, era difícil ver-se que valor propagandístico poderia ter no momento para a causa nazista, ou de que modo esta tiraria vantagens de tão curiosa manifestação de ressentimento para com a América.
Foi, segundo parece, com a intenção de descobrir se existia mesmo alguma perspectiva que o presidente Roosevelt anunciou, a 9 de fevereiro, a nomeação de Mr. Sumner Welles para a realização de uma tournée de sondagens pelos capitais beligerantes. "Essa visita", disse o comunicado da Casa Branca, "é somente destinada a servir o propósito de esclarecer o presidente e o secretário de Estado a respeito da atual situação da Europa. Mr. Welles não estará, naturalmente, autorizado a fazer propostas ou tomar compromissos em nome do governo dos Estados Unidos."
Essa explicação pareceu simples demais para satisfazer as tendências especuladoras de um grande número de observadores. Mas na busca dos propósitos mais fundos e sutis que se escondessem atrás dessa missão, eles não obtinham ajuda alguma de Mr. Welles. O subsecretário de Estado seguiu o caminho que lhe foi traçado, alto e de lábios cerrados, de uma capital a outra. No decurso de quatro semanas, ele se avistou com os mais altos funcionários de Roma e Berlim, conversou com os líderes dos diversos partidos em Paris e Londres e se encontrou com representantes do governo polonês no exílio. Ao fim dessa excursão, o único esclarecimento que ofereceu foi o comunicado: "Desejo declarar categoricamente que não recebi nenhum plano ou proposta de paz de beligerante algum ou de qualquer outro governo; que não apresentei nenhuma proposta nesse sentido a governos beligerantes ou outros quaisquer; que nem estou trazendo ao presidente quaisquer propostas dessa natureza".
O que, entretanto parecia claro, é que, em suas conversações com Mr. Welles os estadistas europeus haviam insistido em que nenhuma paz seria virtualmente conseguida com vitória. Tanto a Grã-Bretanha como a França insistiram em que a sombra nazista tinha de ser varrida da Europa. Do lado alemão houve declarações ainda mais peremptórias, se é que pudessem ser aceitas as explicações semi-oficiais de Berlim. Von Ribbentrop assinalou a firme intenção alemã de romper o poder da "plutocracia" britânica. Interpretou isto como significando o fim do controle britânico dos mares, a entrega de Gibraltar e do canal de Suez e a exclusão da influência britânica do continente, para que pudesse ser assegurado o domínio alemão em favor de seu "espaço vital". Hitler elaborou essas exigências e acrescentou-lhes a devolução das colônias à Alemanha e o reconhecimento do direito da Alemanha de estabelecer a sua própria Doutrina de Monroe na Europa central e oriental. A isto, o "New York Times" comentou: "A Doutrina de Monroe, segundo essa interpretação, dá-nos o direito de ocupar a Argentina e o Brasil, de fuzilar seus principais cidadãos, fechar-lhes as universidades, estabelecer o seu trabalho obrigatório, arrancar milhares de mulheres e crianças de seus lares e impor nossas idéias à América Latina a ponta de baioneta."
A declaração do presidente Roosevelt, por ocasião da volta de Mr. Welles, revelou o quanto este enviado especial se sentia pouco à vontade ao regressar de suas explorações pela Europa. "Ele não recebeu, nem me trouxe nenhuma proposta de paz, de nenhuma fonte", disse Mr. Roosevelt, acrescentando que a sua informação seria valiosa "mesmo que ela delimite as perspectivas imediatas do estabelecimento de qualquer paz justa, estável e duradoura na Europa." Ao mesmo tempo, um episódio curioso sugeria que Mr. Welles tinha deixado atrás certa soma de descontentamento em, pelo menos, um país europeu. Mal tinha ele chegado em casa quando os nazis publicaram o que era inculcado como uma série de documentos dos arquivos poloneses tendentes a provar que enviados diplomáticos americanos tinham contribuído, com o encorajamento da Polônia e dos aliados, para o atiçamento das disputas que acabaram por conduzir à guerra. Fosse qual fosse o valor histórico que essa publicação pudesse chegar a ter, era difícil ver-se que valor propagandístico poderia ter no momento para a causa nazista, ou de que modo esta tiraria vantagens de tão curiosa manifestação de ressentimento para com a América.
fonte: http://www.2guerra.com.br
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